Foi hoje o último dia do ano e foi tão atribulado... Levantámos cedo pois havia ainda muito a preparar. Fazer as malas de cada um, preparar as comidas e loiças a levar, porque a cubata, desta vez, não tem cozinha. Entre tudo isso e preparar o almoço, o tempo passa a correr sem nos dar segundas hipóteses no caso de esquecermos alguma coisa.
Ao atestar o carro é que vimos o quanto vamos carregados. A suspensão fica mais em baixo do que quando nos sentamos todos. Também é sinal de que precisa de ser trocada mas não será agora, seguramente. Eram já 14h quando saímos de casa felizes da vida: Vamos para a Macaneta!
Claro que antes tínhamos de parar para tomar café. Estacionámos no Marés porque fica já de caminho. O estacionamento não estava muito cheio mas o primeiro lugar que vimos vago foi onde fomos estacionar, mesmo sendo um pouco apertado. Nem reparámos que o carro do nosso lado direito também tinha estacionado pouco antes de nós e queriam sair lá de dentro. A rapariga que estava do nosso lado abriu a porta e viu que tinha pouco espaço por causa do espelho que está de fora. Foi quando o JG disse que podia fechar esse espelho para ela ter mais espaço. Mas ela não percebeu e espremeu-se de tal maneira que saiu aos pulinhos. Mas a descrição do JG foi a melhor de todas... «parecia ela que estava a nascer de novo»!
O caminho, como já sabemos, é atribulado por causa dos buracos da “estrada”. Sendo “estrada” um caminho alternativo, sem outra opção de escolha (sim, eu sei bem o que estou a dizer embora vos pareça contraditório... lembrem-se TIA, não precisa fazer sentido), de areia pisada, alguma solta outra calcada, uma zona seca, outra molhada... Desta vez estava um pouco pior devido às chuvas dos últimos dias. Há mais buracos que o costume, ou seja, há menos estrada direita naqueles buracões todos. Mas, de tal forma, que tivemos de percorrer outro caminho, alternativo sim, mas com buracos na mesma, só que menos fundos... alguns! Aproveitei para tirar fotografias da vista em algumas zonas.
Isto deve ser um ponto de venda de alguma coisa, mas até podia ser um observatório de aves!
As "lagoas" que encontrámos pelo caminho...
Isto deve ser um ponto de venda de alguma coisa, mas até podia ser um observatório de aves!
As "lagoas" que encontrámos pelo caminho...
Pelo caminho, fartamo-nos de rir com algumas das coisas que íamos encontrando. Uma delas foi uma carrinha pintada com muita publicidade a uma empresa que não chegámos a perceber o que fazia. Dizia: "Hospital, Engenharia e Incineração". Ora, que raio de coisa é esta que junta estas três combinações?! Outra foi a “Farmácia BBV”. Esta pertence ao banco espanhol antes da fusão com a “Argentaria”, com certeza. Vimos ainda este autocarro... faz lembrar o que se vê em alguns filmes, o choque que é encontrar coisas destas... e aqui, é tão banal! Afinal eles existem mesmo!
Íamos entretidos pelo caminho com o destino, com os dias de férias, com o nosso relaxamento num futuro tão próximo que nem demos por já ter passado naquele cruzamento onde era suposto virarmos! Só demos por isso quando a sogrinha exclamou «olha essa planície tão linda... é de perder de vista!» Ora, nesta altura, depois de já termos visto mar lá ao fundo, o facto de já não o vermos de novo significava que algo estava muito errado nesta paisagem! Claro que tivemos de voltar para trás. Aqui já estamos muito fora da nossa rota.
Eram 16h quando nos pusemos na fila para o batelão. Ainda nem conseguíamos ver o rio, nem o batelão. É porque temos mais de 30 carros à nossa frente. Significa que existe uma hipótese, não tão remota assim, de passarmos a passagem de ano na fila de espera...
Alternávamos a estadia no carro com o passeio até ao batelão. Havia gente a reclamar da demora, outros com projectos para a construção da ponte como alternativa ao batelão que só leva sete veículos de cada vez. Havia vendedores de paréos, óculos de sol, de cajus (que comprámos), de chapéus de palha, de camisas e camisetes (ou seja, t-shirts). Estes vinham às janelas dos carros insistir nas vendas. Outros, estavam apenas sentados nas bancas à espera que alguém lhes comprasse alguma coisa. A fila andava quase um metro de cada vez e havia sempre muitos carros a passar à frente. O ambiente começou a ficar agitado e as pessoas revoltadas com tanta gente a passar à frente. Que pouca vergonha! Foi de tal forma que alguém chamou a polícia e foram mesmo lá intervir. Mandaram carros embora e tudo. Claro que, depois de se irem embora, a coisa voltou ao mesmo, mas já não com tanta frequência. Nós fomos controlar a entrada no batelão e havia pessoal a boicotar a entrada de carros de chicos-espertos que tentavam passar à frente. Enquanto aqueles ali estiverem acaba-se a mama. Eu estava com cara de má e a comentar em voz alta o quanto aquilo era vergonhoso. Mesmo que alguns passem à frente porque são do Estado, o que já por si acho mal, ao menos que estejam identificados, mas nem isso. É mesmo à cara podre.
Ainda consegui tirar aqui umas fotografias a este amiguinho, enquanto avistávamos o nosso destino lá longe...
Achei piada este miúdo a brincar com aquele círculo em metal e um pauzinho. Andava todo feliz, de um lado para o outro. Não precisa de iPods, nem consolas, nem computador... estava feliz! Às vezes é tão fácil e tão simples... porque é que temos de complicar?!
Eram já 18h50 quando chegámos à outra margem. O sol parece já desce. Sentimo-nos como numa luta contra o tempo tipo Cinderela perto da meia noite. Quando chegámos já estava tudo escuro, eram quase 19h20. Fomos para os quartos, seguindo os empregados que nos acompanhavam, guiavam e ajudavam a transportar a bagagem. A lua iluminava um pouco o caminho. Os quartos são maneirinhos mas só amanhã tiro umas fotografias porque está já demasiado escuro e a iluminação não é das melhores. Já não o vejo mas oiço, o mar aqui ao lado a enrolar ondinhas que vêm rebentar ao nosso quintal...
Tomámos banho e fomos para o restaurante às 20h30. Acreditem ou não, somos os únicos clientes, apesar de haver várias mesas postas. E, pior que isso, ainda estão a montar a decoração da mesa de buffet! Está um empregado a “alfinetar” o que parecem ser umas alfaces à volta da mesa. Claro que não são alfaces, são umas tiras de papel encorpado, mas parecem, pela cor e pela forma. A comida ainda nem vê-la e o tempo a caminhar para a meia-noite... somos só nós preocupados com as doze badaladas ou mais ninguém aqui vai passar o ano?! Depois das 5h de viagem é normal que estejamos cheios de fome, mas também é normal que o jantar seja servido às horas de jantar normais... afinal não estamos em Espanha!
Foi precisamente quando começaram a chegar mais clientes que a comida começou a ser exposta e fotografada. Se estão a fotografar é porque está tudo pronto! Ainda estávamos a ver se algum anfitrião dava início à festa quando os que chegaram agora começaram logo a servir-se. Quais vergonhas, vamos mas é atacar. Tirámos um pouco de tudo para podermos provar as mais variadas comidas. Havia desde “Sea Food Linguini”, “Chinese Food Noodles”, chamuças, rissóis, panados de frangos, salada de frango e galinha assada que, pelo tamanho, parecia um peru!
A festa em si tinha apenas pessoas e comida, porque de festa não tinha mais nada. Desculpem-me a franqueza, mas agora vou descrever uma coisa menos boa... O suposto DJ era um puto armado em espertinho que não sabia pôr música de jantar e de socializar. Tem tanto de puto irritante como de incompetência naquela noz chocha. Foi o quanto gostei dele e da atitude. Por isso, nomeei-o, carinhosamente, por Bostinha. O som estava tão alto que não nos ouvíamos à mesa. E era uma mesa redonda de quatro pessoas. A passagem de umas músicas para as outras era uma palhaçada abismal. Chegou a passar do “Waka Waka” da Shakira para música de elevador! E de Anselmo Ralph para Celine Dion... E, quando reclamámos do som demasiado alto, pela terceira vez, ele fez birrinha de criança e só passou música de elevador até à meia noite. Agora imaginem a animação que foi... Claro que tivemos de pedir cafés para não dormirmos antes do culminar da festa mundial. E fomos buscar as cartas ao quarto para ver se o tempo passava mais depressa. Também não havia quem pegasse num microfone e puxasse pela animação. E o espaço é tão bem localizado... O problema é não ser bem aproveitado, mas enfim... Os gerentes são muito boas pessoas, simpatia não falta, mas é preciso um pouco mais para se tornar uma verdadeira animação. Aquele espaço tem muito potencial.
Tivemos de ser nós a puxar por nós mesmos. Quando demos pelas horas já só faltavam 10 minutos para as doze badaladas. A garrafa de champagne chegou em cima da hora. Pegámos nos copos, nas malas e na garrafa e fomos para mais perto do rio. Ali ao lado estavam os do restaurante a preparar o fogo de artifício... achámos mais conveniente, e seguro, ficarmos atrás de um dos carros que ali estavam estacionados. Opção bem prudente já que muitos dos que lançaram caiam e explodiam para o lado ou para onde quer que apontassem. Chegaram mesmo a apagar um pequeno incêndio nos arbustos com a areia que estava no chão... O auge do fogo de artifício foi mesmo a vista maravilhosa na outra margem do rio. Por toda a sua extensão havia fogos de artifício, uns maiores que outros, uns mais duráveis que outros, mas todos lindos de se ver! “Popavam” por todos os lados, de várias cores, uns em círculo, outros em salpicos, e durou bem mais de meia hora.
Dali fomos para os quartos porque o sono já nos rondava há horas. Foi quando falei com a minha mamã. Comemorei com ela duas passagens de ano pela diferença horária. Aqui não temos internet mas as chamadas telefónicas também não são assim tão incomportáveis. Estou longe mas, com uma simples chamada, posso estar mais perto.
Adormecer não foi difícil, nem foi pelo sono, foi pelo embalo do mar como som de fundo...
Adormecer não foi difícil, nem foi pelo sono, foi pelo embalo do mar como som de fundo...
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