Tuesday, June 30, 2015

Dia 225 - 19 Março - É dia do Pai

Confesso que, de manhã, estive tão entretida que nem me lembrei do dia...
Fui ter ao MT para tomar o pequeno-almoço com as minhas novas amigas: a Cell e a Lauda. Mais tarde a Cell deixou-nos perto da loja onde estivemos ontem para eu "apresentar" a dita à Lauda. Foi por ali que nós ficámos para passarmos a manhã juntas. Fomos à lojinha escondida e a Lauda ficou logo apaixonada pelos artigos. Dali seguimos para outra lojinha (ainda mais miniatura) que sabíamos, à partida, ser muito mais cara e, por isso, seria só para ver os artigos. E de facto era tão cara que até nos fazia corar! O cheiro que passava por ali fez-nos passar pela padaria. Na porta dizia que era "Halál" e expliquei o significado à Lauda, que ainda não sabia. Resumindo a coisa, nunca iremos encontrar ali o belo pão com chouriço!
Dali seguimos para outro local com artigos artesanais à venda e umas mesinhas onde pudemos tomar um chá fresco. Nunca faltou conversa e estivemos sempre bem animadas. Foi já na hora de almoço que o marido da Lauda nos veio "resgatar" deste sol transpirador...

Depois de almoço, em pouco mais de meia hora, o céu começou a escurecer. Encheu-se de núvens bem escuras e carregadas. As 14h40 na verdade pareciam as 17h40 de tão escuro que estava. A seguir as portas começam a bater por causa da ventania que se ouve a girar bem forte, lá fora. Pela janela vejo pessoas a fugir na rua e sei que vem aí chuva. Antes disso ainda vejo alguns relâmpagos e oiço trovões bem fortes que aterrorizam as crianças do infantário das traseiras. Os miúdos gritam a plenos pulmões por cada trovão que dispara. Imagino-os de baba e ranho, de lágrimas bem frescas a escorrerem-lhes pela cara por cada relâmpago que os ilumina pela janela. Foi quando os comecei a ouvir que tudo disparou: Não há energia! Foram só mais 5 minutos e desabou uma chuvada... não é daquelas "molha parvos", não. É mesmo de ensopar no primeiro segundo! São agora 15h30 e a chuva teima em permanecer, mais forte ou mais fraca, é o que se ouve lá fora, só chuva!

Eu, por cá, queixo-me do mesmo... não tenho televisão, internet, ar-condicionado, música, pouca água que nem dá para tomar banho, o telemóvel com pouca bateria, a Gel que, andava a passar a ferro, teve de inventar outras coisas para fazer, a bateria do computador está cheia por acaso... mais do mesmo!

Às 16h já passou tudo, se não fosse a estrada molhada ninguém diria que tinha estado aquela tempestade. Ainda assim, só meia hora depois a energia voltou. Antes que faltasse de novo, refresquei logo a casa, fui tomar um belo banho e pôr o telemóvel a carregar.

Dia do Pai?! Hum... pois... não quero falar sobre isso... sinto falta do meu todos os dias mas está comigo no meu coração, por isso... não, não quero mesmo falar sobre isso hoje. O temporal que esteve lá fora hoje é o meu turbilhão de sentimentos em que vive o meu coração desde aquele dia...

Monday, June 29, 2015

Dia 224 - 18 Março - Moskito

Fui bem cedo ter ao MT tomar o pequeno-almoço com a Cell, o Além Tejo e a restante malta das manhãs! Não me farto de vir aqui a esta hora... e vou ter saudades... um dia...
Quando saímos fomos a uma lojinha muito porreira. Vende malas, sacos, toalhas de praia, bonés, fitas de cabelos e muito mais da marca Moskito. Tem também alguns artigos da marca Pirikito.
Foi perto dessa loja que avistámos esta "ave rara"...


Pouco depois fomos as duas saber em que pé estava a minha papelada... para variar... "ainda"... E está na hora de almoço! Foi cada uma para sua casita tratar das barrigas da família. À tarde há mais!

E houve! Fui ter ao MT para uma reunião por causa da Escolinha Solidária. Juntámos os dois grupos de professores, dos dois dias da semana e partilhámos opiniões e experiências. É óptimo porque há quem tenha já experiência de alguns anos e a maioria está a iniciar-se nestas "andanças".
Foi aqui que nos juntámos, as três: eu, a Cell e a Lauda. Estamos todas com muito tempo disponível e acho que vai crescer aqui uma grande amizade... Demo-nos todas muito bem, desde o início. Mas foi aqui que elas se conheceram melhor e fico muito satisfeita que assim tenha sido.
Ao final do dia a Cell deixou-me em casa.

Por vezes, chego a casa já depois da Gel sair e é quando reparo que algo ficou mal feito, mal limpo, mal, lavado, mal passado... E lembrei-me que, no início, a Gel, não entendia o que significava quando lhe dizia para "passar a ferro". Então cheguei à conclusão que o que eu queria era que ela "engomasse". Depois de traduzir isso, ela já sabe o que significa.
Mas, de facto, existe um anúncio, que passa na televisão regularmente, cuja música é "Gomará Saia". Embora não encontre o anúncio, deixo-vos com a música apenas que já tem uns aninhos... e ainda dizem que os algarvios são preguiçosos a falar...

Friday, June 26, 2015

Dia 223 - 17 Março - Sôpa áníma báriga!

Levantei-me bem cedo pois é dia de Escolinha Solidária. E não podia calhar em melhor dia pois é o Dia Mundial do Serviço Social! A minha sala estava cheia. Tive até de mudar os meus meninos para a sala maior pois é complicado juntá-los numa sala pequena. Hoje já sabiam as vogais, as cores e aprenderam as formas. Com duas professoras é menos desesperante pois conseguimos dar atenção a mais meninos, em particular, e ajudar alguns com maiores dificuldades. Mas hoje foi um dia particularmente especial pois havia mais meninos, novas voluntárias e, acima de tudo, foi o primeiro dia em que introduzimos a Sopa e a fruta. E, no final, sabe bem ouvir um menino a dizer: «Sôpa áníma báriga!» com o maior ar de satisfação!




Na volta fui direitinha ao MT onde acabámos por almoçar (onde comi sopa) e fui ficando até chegar a Cell. Fomos as duas passear com o Além Tejo. Hoje fui, pela primeira vez, à famosa Casa Elefante. É das casas mais antigas da cidade de Maputo que vende capulanas. Uma casa histórica e muito famosa. Toda ela está revestida a capulanas penduradas na parede para serem todas visíveis ao consumidor. Mas é difícil escolher uma no meio de mil... Ainda assim, comprei duas.




Foi super animado! As pessoas que nos atenderam foram muito simpáticas. Pudemos escolher à vontade sem nos impingirem nada. Só à saída é que estavam dois rapazes muito chatos a tratarem-nos como turistas.
- Malas de capulana, mãe!
- Não quero, obrigada.
- Faço preço de banana!
- Preço de banana são 25mt na rua!
- Sim, pode pagar em euros, são 5€
- Eu não sou turista... - Ri-me e fui embora, devem pensar que me enganam...
Para quem não sabe: 25mt são 0,70€ e 5€ são 180mt... Eles sabem-no! Pensam é que o turista não sabe...

À noite o filme foi "The Hitchhiker's Guide to the Galaxy". Parvo demais para o meu gosto, confesso. Ainda assim, está visto!

Thursday, June 25, 2015

Dia 222 - 16 Março - Panquecas

Depois de ontem, agora há muito trabalhinho a fazer... Passei o dia a trabalhar num novo projecto. Enquanto isso, a Gel fez-me as panquecas antes de sair. São umas panquecas super fáceis e práticas de se fazer, não muito doces e bem saudáveis. Levam apenas uma banana e dois ovos! Desfaz-se a banana numa tigela, despejam-se dois ovos lá para dentro e mistura-se tudo. Dá perfeitamente para usar uma misturadora, eu é que tenho uma muito grande e não me dá jeito, mas tenho a Gel... Numa frigideira anti aderente coloca-se um pingo de óleo e espalha-se para untar toda a sua superfície, retira-se o excesso, se houver e começa-se o processo. Deitamos uma pequena percentagem da mistura bem no centro e deixamos um minuto ou um pouco mais, sempre com cuidado para não colar. Uso sempre uma espátula de madeira para não riscar a frigideira nem fazer daqueles barulhos arrepiantes. Depois atira-se ao ar e vira-se a panqueca. Ou então com a espátula mas tem mito menos piada e até pode estragar a sua perfeição. Há que treinar, o truque está no pulso! Deste lado a frigideira está mais quente e vai ser mais rápido, uns 20s ou 30s devem ser suficientes. Repetir o processo até acabar a mistura mas aviso já que essa quantidade dá apenas para duas ou três panquecas. Se quiserem mais aumentem a dose... No final podem comer tal e qual como estão ou adicionar doce, fruta, canela, mel, gelado... ou as coisas mais esquisitas que se lembrarem e que vos saibam bem! Bom proveito!

Eram 19h e ainda estava sozinha em casa. Fui fazer o puré e, desta vez, fiz de outra forma. Escolhi três batatas das maiores, descasquei e cortei em lasquinhas para um tacho com água e sal. Assim, em lascas, a batata vai cozer muito mais rápido e, para desfazer, também é muito mais fácil. Depois de cozidas deitei-as para o copo misturador com um pouco de leite e margarina. Ficou um creme super suave e homogéneo. Voltei a deitar no tacho e provei. Juntei um pouco mais de sal e noz moscada. Está no ponto!

Eram já quase 21h quando o JG me ligou... Ele vinha para casa com o colega e tiveram um furo já aqui perto de casa. Fui lá ter com eles com o carro e valeu a pena ter ido porque puderam usar as luvas para levantar o macaco. Eu segurei na lanterna e ainda desci o macaco, depois de terem trocado o pneu. Eles já estavam super cansados e a desatinar com aquilo. Ainda assim foram só 15 minutos. O JG é uma máquina!

Em casa, depois do jantar, comecei a ter a impressão de ver relâmpagos. Não se dava por nada, estão longe e ainda muito suaves. Mas o meu olho treinado não falha. Pela janela consigo ver uma imensidão de luz por todo o céu. O clarão ilumina todo o horizonte, entre o céu e a Terra... como que formando uma faixa de luz que nos assombra... sabemos que está longe mas que, brevemente, vai estar aqui bem por cima de nós. Pouco tempo depois os relâmpagos "faíscam" com poucos ou escassos segundos de intervalo e cada vez se tornam mais frequentes. Não passou nem meia hora e já chove torrencialmente. Ainda assim, os trovões estão tímidos hoje... por enquanto...

Wednesday, June 24, 2015

Dia 221 - 15 Março - Gaiatos e Gaiatinhos

Esta noite foi agitada porque me deixei a ver vídeos. É só depois da meia noite que posso usar a internet à vontade sem gastar mais megas. Fui-me deixando embalar com vídeos de fantasmas e coisas do género. De tal forma que, mesmo aflita para fazer xixi, deixei-me ficar... alguma vez eu me levantava às escuras e ia até à wc sozinha?! Nanananananana... Tenho uma força de vontade muito controlada!

Levantámos cedinho e, para delícia de cada um de nós, havia água! Fomos todos abençoados pelo duche hoje! Sabe-nos pela vida! Tomámos um rápido pequeno-almoço e partimos. Temos um dia longo pela frente. Para espanto meu, estou sem sono. Mas ainda bem!
Parámos na Matola para tomar café e esticar as pernas e seguimos viagem até à Casa do Gaiato.




Chegamos sempre a meio da missa o que nos permite ainda assistir ao final. Depois começam as boas-vindas e segue-se o almoço onde colocamos a conversa trivial em dia.
Hoje estou destacada para ajudar como melhor posso. E assim foi! Enquanto esperava por mim, o JG, esteve a dr explicações de matemática a alguns miúdos. A conversa com os responsáveis é sempre muito produtiva e quem sabe, podem vir a florescer muitos e bons projectos.

Nas viagens de ida e volta observamos sempre coisas que, embora não o sejam, têm uma piada fora do normal. Desta vez anotei os seguintes nomes: "Tyres R'us", "Woodland: Fábrica de Chapas" e "Car Wash Mão de Deus". Comentários?!...


Chegámos já de noite, perto da hora do jantar e, por isso, passámos nos Libaneses e trouxemos uma pizza, chamuças, umas sobremesas e um refrigerante. Que fome esganada! Como dizia o meu pai "com a fome que tenho até merda comia!". Mas nem chego a tanto... só quero é comer!

Como não conseguia fazer mais nada antes, a primeira coisa que fizemos ao chegar a casa foi mesmo jantar. Depois seguiu-se o banho relaxante e CAMA! Estamos estoiradinhos...

Tuesday, June 23, 2015

Dia 220 - 14 Março - Tonturas

Acordámos, novamente, sem água. Algo não está mesmo bem. Significa que vamos ficar o dia todo sem água até amanhã... Ontem tomei um bom banho, hoje já sei que será à gato... já me sinto uma verdadeira piggy só de pensar...
Quando a Gel chegou disse-lhe logo que não pode usar água hoje. Temos já poucos garrafões e não podemos dispensar para lavar a casa que bem pode esperar dois dias. Primeiro a nossa higiéne, depois a casa. A coitada andava desorientada sem saber bem o que fazer mais, mas tem de ser.

Saímos de manhã e fomos tomar café ao MT. Uma coisa rápida já que temos de ir apanhar o carro para irmos às compras. O carro está à porta da loja onde trabalhámos quando viemos para cá. Enquanto esperávamos pelas chaves deu para cumprimentar alguns dos nossos ex-colegas de trabalho que já não víamos há meses! Mas foi bom matar essas saudades. Há pessoas verdadeiramente simpáticas em todo o lado do mundo e aqui tivemos a oportunidade de conhecer já algumas.

Depois de atestarmos o carrinho das compras ainda vimos um formador nosso amigo e ficámos de conversa. Na volta para o carro lembrámo-nos de verificar o que se passaria com um dos piscas. Quando o ligamos o tipo stressa muito o que, geralmente, é sinal que está avariado. Mas aqui é que vimos o verdadeiro problema... foi roubado! E pior, foi roubado durante o dia, numa das avenidas mais movimentadas. Nem os rebites o salvaram, nem o facto de ter a matrícula lá gravada. É mesmo por pura maldade já que nada mais conseguem aproveitar. Em Portugal alguém começou por roubar uma antena de um carro, aqui vão muito mais além...

Carregar as compras para casa dá cabo de qualquer um. Eu fico sempre aflita por causa da tensão baixa. É muito calor, o esforço de subir quase sem ar para respirar, a falta de água fresca nesta altura, o peso das compras e as tonturas... dá cabo de mim. Chego sempre a brilhar de tão transpirada que fico! Estou alagada em suor, de língua de fora, cabelo a pingar, óculos embaciados e carregada que nem uma mula... deve ser lindo de se ver. Assim que descarrego não quero saber de mais nada senão de um copo de água bem fresca e o ar condicionado em cima! Só depois volto à carga. Carrego dois sacos ou mais (depende do peso) por cada lance de escadas. Previne roubos e não custa tanto.

Só depois de almoço fomos relaxar um pouco. Cada um ao seu computador, com jogos, conversas ou o que apetecer. Depois da pausa fomos comer o geladinho da praxe, o tal de "mixtura" que eu gosto tanto. Na volta, vínhamos animados, de conversa, e passámos por um rapa que estava a vender sapatilhas na rua. Acabámos por comprar umas sapatilhas da Nike cada um na "calamidade", como aqui se chama às compras na rua. Foi só mais à tardinha que voltámos a descer para conversar com um novo amigo. Conhecemos recentemente e, em Portugal, é da nossa zona.
Sei que deve ser por causa do calor mas passei o dia inteiro com tonturas e quebras de tensão. A esta hora já não vou sair e vou aproveitar para relaxar um pouco. O jantar foi peixeinho e à noite vimos o filme "August: Osage County" com vários actores conhecidos, a grande maioria até.

Monday, June 22, 2015

Dia 219 - 13 Março - Cinzentinho

A noite passada faltou a luz mesmo depois de falar com a minha mãe. Já sabem o que isso implica, ainda por cima estava uma noite quente... Fui, diversas vezes, molhar os braços e as pernas, mas quando chego à cama já estou quase seca. É desesperante! Lá fora só se vê faróis de carros, quando passam e, para cima, conseguimos ver as estrelas! Há prédios e casas ao longe que têm luz, mas, nas redondezas, estamos cobertos por uma penumbra... Ainda andei umas duas horas a tentar dormir mas a acordar constantemente por causa do calor. E quando a luz finalmente voltou, levantei-me em desespero para ligar o ar condicionado... aaaahhhh agora sim, vou dormir. Eram já perto das 2h...
Em Portugal, uma pessoa fala na falta de electricidade de uma forma muito diferente... quando falha "epa, que chatice, não tenho luz, nem TV, nem computador, nem net... que tragédia!"... Aqui é de morrer sem ar condicionado!!!!

Ainda assim, sem energia, a bateria do computador tem alguma autonomia e deu para vermos um filme "The Homesman". Acho que esperava um final diferente, mais... bonito... Mas, como muitos outros, eventualmente, surge-nos a questão "why?!".


A tarde de hoje foi preenchida com afazeres profissionais e, ao final do dia fui andando para o MT onde acabámos por jantar. Desta vez pedimos caranguejo! Eu estava ansiosa por comer caranguejo e afinal parece que vai ser desta! Mas, por não ser a sugestão do chefe hoje, não estava fresco, era congelado e estava mirrado. Nem estava branco resplandecente, nem carnudo, nem suculento, estava até quebradiço e o prato cheio de água... Claro que mandámos para trás, ainda mais porque já comemos ali caranguejo fresquinho e booooom. Tive pena de não comer, claro, mas não o como assim! Fico com uma péssima impressão e até me pode fazer mal!

Eram 20h40 quando saímos do restaurante e a temperatura que marcava no termostato do carro era 29º!!! Sim, está mesmo calorzinho e o céu escuro como breu! Como a noite ainda agora começou não poderia ficar por aqui... A caminho de casa fomos mandados parar por um cinzentinho. Ou estava bem-disposto ou, porque éramos três pessoas no carro, acabou por ser simpático. Claro que não tinha nada a apontar-nos, estava tudo nos conformes. Mas podia armar-se em esquisito. E, provavelmente, se fosse só uma pessoa no carro, ter-se-ia armado em esquisito. Digamos que não seria a primeira vez...
O dia de hoje parece estar para durar... Como ontem faltou a luz e, para não estranharmos, hoje não temos água em casa...

Friday, June 19, 2015

Dia 218 - 12 Março - Agitação

Que dia hoje...
Acordei bem cedo para ir "mata-bixar" ao MT, como tinha combinado com a Cell, ontem. Fomos de carro o que torna a coisa muito mais apetecível. Não pela preguiça de andar, mas por evitar transpirar logo de madrugada. O ambiente é super agradável com este pessoal. Não sei se acordam logo bem dispostos, mas que ali renovam todo o espírito, sem dúvida que sim! Ali, é impossível estar de mau humor!
Sem qualquer pressa ali ficámos de conversa por uma hora. Foi quando resolvemos sair. A Cell tinha outros compromissos e eu queria ir ver da minha papelada. Como o meu spot ficava a meio caminho para ela, deu-me boleia, claro. Tem sido uma querida!

Pelo que parece, o meu processo já foi aprovado, só tenho de o levantar no final da semana. São boas notícias para quem espera... e desespera...
Tinha tempo e, por isso, fui andando para o Parque dos Cronistas onde tinha um compromisso marcado. Cheguei bem antes da hora, mas sabia disso e levei coisas para me ir ocupando. Nessas 2h30, pedi uma água, um gelado, o JG veio almoçar comigo e ainda me deu tempo para observar comportamentos à minha volta, claro. À minha frente estiveram várias pessoas, as últimas foram 3 mulheres de 3 gerações: a mãe e avó, a filha e mãe, a filha e neta de uns 3 anos. A avó perguntou ao empregado que sabores de gelados é que tinham:
- Rum com passas, limão, morango, chocolate...
- Ah, são sabores muito fortes para criança... Para mim traga-me uma cerveja... - a filha pediu um sumo natural - e para a menina pode trazer um gelado em copo...
- Qual o sabor?
- Pode ser rum com passas!
Ah, claro! Todos os outros são muito fortes para criança! Sou só eu ou...?!?!?!

Consegui observar também um rapaz que andava de um lado para o outro com um ar muito convencido como se fosse a "última Coca-cola do deserto"! E querem saber por quê?! Deve achar que inventou a nova moda e... bem, pavoneou-se o tempo todo a ostentar um pente vermelho de plástico enterrado no cabelo! É fashion! Estava, de facto, um espanto! Tive de me conter, claro... Só tenho pena de não ter conseguido uma fotografia...

Após o compromisso fui para casa e vi, entre muitos outros, este corvo. É só um corvo, eu sei, mas tem aquela gola branca que lhe dá muito estilo!



Pouco depois de chegar a casa acompanhei a sogrinha a um compromisso. Fui eu que levei e trouxe o carro o que, para mim, não deixa de ser sempre uma aventura. O tempo de espera é sempre uma eternidade, mas ninguém tem pressa. Depois de tudo terminado ela tinha fome, mas não sabia o que lhe apetecia comer...
- Queres Cerelac? - confesso que é sempre o que consigo comer quando nem sei o que quero...
- Mas não temos...
- Não tem problema nenhum - pus o cinto de segurança e o carro a trabalhar - fica de caminho e vou já comprar.
Assim foi. Ela esperou um pouco no carro e eu fui a correr a uma mercearia. Fui o mais rápido que pude para casa e estacionei o carro cá fora. Subi com ela, deitou-se um pouco, preparei a papa e só depois fui arrumar bem o carro. Ela adormeceu no sofá da sala com luz acesa e tudo, mas eu desliguei para que descansasse como deve ser.
Não quero nunca falhar a ninguém dos meus no que toca à saúde! Se é lema... talvez, mas é um facto que quero respeitar, sempre!

Thursday, June 18, 2015

Dia 217 - 11 Março - Voltando a um passado que não vivi...

Queria ter ido bem cedo para o MT mas... a vontade é muito traiçoeira... Levantei-me cedo, mas fui-me deixando ficar sem sair... Nem estava com o computador ligado, como de costume, deixei-me simplesmente a ver TV. Saí só mais perto da hora de almoço porque o JG passou para me apanhar e irmos almoçar ao MT. Por lá a conversa não falta, umas vezes sem sentido, outras com demasiado...
À conversa com o Doll ficámos chocados com algumas coisas que se passam neste país. Ainda mais pela impotência (não por querer ficar distante, mas por, realmente, não poder fazer nada) de qualquer pessoa que não seja de cá. Não vou descrever a situação macabra porque é mesmo muito susceptível de ferir pessoas sensíveis (e não sensíveis...).

Numa de espairecer um pouco, ainda combinei com a Cell encontrarmo-nos por ali. Ela ainda vai demorar um pouco e eu aproveitei para ir a casa e voltar. Tinha ficado de trazer um dossier e deixá-lo no MT para a Cal.
Chegámos quase ao mesmo tempo e ali ficámos mais um pouco de conversa, eu e a Cell. Incrível como já nos conhecemos de vista, por aqui, há meses. E a coisa nunca se proporcionou para nos começarmos a dar tão bem. E estamos cá desde a mesma altura! A meio da tarde a Cell deu-me boleia para casa já que fica a caminho da dela.

Pouco depois chegou a sogrinha que verificou que não tínhamos mais água engarrafada para beber e desci. Sei que há, aqui em baixo, uma mercearia, daquelas à antiga... mas nunca entrei. É de indianos, os verdadeiros comerciantes cá da terra. E, de facto, é daquelas antigas. Não que as tenha frequentado muito num passado distante, mas pelo que me descrevem... vou tentar levar-vos "ao cheiro do antigamente"...

A entrada começa por uma porta estreita, com grades, como qualquer outro estabelecimento da zona. O chão é de azulejo já gasto e escuro, tornando o espaço pequeno em cubículo. Mesmo sem arrastar, o som ao pisar este chão é como se estivesse a chinelar sem levantar a sola do chão. Não vejo paredes, só estantes e prateleiras de madeira grosseira, escura, tábuas bem resistentes, cheias até ao tecto! Tudo tem o seu lugar e cada espaço está bem aproveitado... tem mesmo de estar. Cheira ao "pó de ser antiguidade". O balcão é robusto e preto. Atrás da máquina registadora, também ela das antigas, altas, com gaveta, existem diversas caixas com doces e gulodices. A luz que se espreme para entrar ali dentro vem da porta e do pouco espaço que a janela permite. Por isso, os candeeiros, uma espécie de umas tigelas de metal viradas para baixo, estão sempre a trabalhar, seja de manhã ou de tarde. Não se pode olhar directamente porque reflecte e encandeia. Mas ajudam, e trabalham em conjunto, com os raios de sol meios tímidos que se esforçam por entrar.
Num canto lá em cima destoa uma TV das novas, espalmadas, mas a forma tão arcaica como se vê a programação retorna há uns belos anos... a imagem está desfocada, um pouco a dar para o verde e com muitas falhas. Não é motivo para não deixarem de a ver, todos os trabalhadores e patrão, estão atentos como se fosse a única forma de estarem conectados ao mundo!
Vendem de tudo um pouco: latas, frascos, garrafões, caixas, embalagens, pacotes e pacotinhos... de tudo menos frutas e legumes pois isso vendem mesmo aqui à porta, no passeio. Sou atendida por um dos trabalhadores e, enquanto ele vai buscar o que pedi, pago ao patrão que não sai da caixa registadora. Quando acabo de receber o troco tenho tudo o que pedi à minha espera e a disponibilidade para me levarem as compras até "ao carro, senhora". Mas não preciso, obrigada!
Ao sair, sinto-me acabada de chegar de uma máquina do tempo... tempo esse que nunca vivi a não ser por descrições de lembranças e recordações, encantadas por uma certa saudade...

Wednesday, June 17, 2015

Dias 215 & 216 - 9 & 10 Março - A maçã aqui é para os alunos, não para a professora.

Amanheceu cedo até para mim. Acordei quando todos saíram e fui logo despachar-me. Este calor que tem estado faz-nos transpirar de tal maneira que, mesmo tomando banho antes de dormir, já me sinto peganhenta.

Bebi o copo de água com limão em jejum, como é habitual já há muito tempo, e preparei umas uvas (implica despegá-las do cacho e lavar muito bem lavadinhas, colocar numa taça e desfrutar)... está na altura das uvas cá e são... bem, são pequenas e sem grainhas, super doces e rijas e... estou a babar-me e a comê-las ao mesmo tempo! Vai uma?! Ou duas...?!

Tenho andado com menos apetite desde que estive doente. Pode ser bom! Talvez estivesse a comer em demasia. À noite vimos o filme "Wayne's World 2"... ai que treta!

O dia seguinte amanheceu com um sol potente. É dia de escolinha. Fui, com o JG, ter ao MT. Não me canso de o dizer porque é mesmo tão intenso... o sol! Ainda é tão cedo e o sol já fere a pele. O pouco que se anda ao sol até ao MT é um conjunto de escolhas: desde o caminho pela sombra, o menos esburacado, o caminho menos mal cheiroso e mais seco... Apenas com algum calor e transpiração se chega a bom porto. Dá tempo para tomar um café, manter a conversa com o pessoal e encontrar a malta da escolinha para seguirmos viagem. Ainda levamos meia hora até ao local. Há muito trânsito e a distância é considerável.

A viagem para a escolinha tem sido sempre diferente. Hoje fomos 3 pessoas no lugar de duas. Chegámos bem, sãos e salvos. Há sempre uma voltinha tipo carrossel pela cidade até chegarmos ao local com a melhor vista onde podemos desfrutar de um mar maravilhoso que espelha a luz do sol e nos ilumina para as actividades seguintes. É no final dessa estrada que entramos em "África"... acabou-se o alcatrão, venha o pó, a terra batida com buracos e lombas e danças indecifráveis dentro do carro... É o vale tudo menos sair do carro. A velocidade nem é muita e tem mesmo de ser mais controlada. Por vezes, vamos a 20km/h e os saltos que damos parece que avançamos a uma velocidade estonteante! Sabemos que estamos a chegar, mas parece que nunca mais... Mais umas voltinhas em carrossel e chegámos ao destino. Os meninos devem ver-nos chegar pois, hoje, são poucos os que nos aguardam na escolinha, mas não demoram a chegar todos os outros. E as aulas começam com alguma agitação, algum nervosismo mas muita vontade de aprender.





Estes são os meus alunos atentos!

Tuesday, June 16, 2015

Dia 214 - 8 Março - Dia da Mulher

Foi quando abrimos os cortinados de manhã que vimos o lindo dia de sol que estava. Não é coisa rara aqui, é certo, mas hoje está, especialmente, lindo!
Estamos com genica de sair já e tomar o cafezinho da praxe. «Vamos onde? MT ou Libaneses?» Teimei com o JG que os Libaneses ficavam mais longe e ele dizia que ficavam à mesma distância. Fomos confirmar no google maps e... ele tinha razão. Acabámos por ir ao MT já que eu não ponho lá os pés há uma semana, por ter estado doente.

Está um calor abrasador... estão 38º. Ainda bem que trouxemos chapéus. Ele o novo e eu o meu boné. Faz-me lembrar o síndroma da máquina de lavar a loiça... Antes de se ter ou usar não faz falta, mas depois é difícil desabituar! E, de facto, o chapéu, faz muita diferença para andar a pé com este sol. Para mim ainda tem mais vantagens. Além da pala me proteger mais os olhos e o chapéu a cabeça, não fico com tantas rugas na cara por enfronhar o rosto devido à luz, mantenho o cabelo penteado com o vento e ainda o poupo a tanto pó! Como podem ver, o meu estado habitual sem chapéu é mais ou menos este...


No MT derretemos com a brasa que está. O que vale é que têm uma ventoinha nova que nos "rega"! Pulveriza a água em partículas tão minúsculas que não ensopa, mas refresca! Aaaaaahhhhhhh...


Depois de almoço fomos passear pelo Jardim dos Continuadores, embora sem passar pelas bancas, o passeio em si é renovador. Existem muitos espaços verdes pelo meio da cidade e, embora não se sinta de imediato, a sensação de "frescura da alma" ilumina-nos o corpo por dentro, quer queiramos, quer não.
Acabei por tirar algumas fotografias à nossa volta, enquanto estávamos sentados no café.




Onde estão aquelas meninas a brincar é um lago... seco, tá claro. Mas com água devia fazer as delícias pelos que cá passeavam.





Já à saída temos a parte de jardinagem e, sendo o dia da mulher, não podia deixar de enviar esta "floresta" à minha mamã! Embora não as possa cheirar, pode deliciar-se com as cores e tonalidades!






Essa "lagarta" que vêm abaixo são os espaços de exposição do artesanato, o resto, é jardim!


A entrada... ou saída...




Fim!

Monday, June 15, 2015

Dia 213 - 7 Março - Manhã produtiva

Ainda me ia despachar quando vi a Gel. Tive de olhar duas e três vezes até perceber que era mesmo ela. Fez extensões no cabelo. Ela costumava vir sempre com um cabelo muito curtinho e agora tem umas tranças no cabelo que lhe chegam ao rabo. Cabelo não cresce assim dum dia para o outro!
- Uai?! Gel?!
- hehe... Fica ninita?
- Fica ninita, não estou é habituada a ver-te assim!
- Obrigada.

Levantámos cedo para ir ao Mercado do Peixe. Sabemos que há muita gente que é assaltada nesta zona. Sabemos de truques que fazem para entrarem nos carros das pessoas. E sabemos a confusão que é ir lá. Mas temos de comer peixe e é onde há o melhor peixe. Para quem não conhece e quer visitar, ficam algumas dicas.
Estacionar o carro: Não deixar mesmo pertinho do mercado, ou estacionam antes ou deixam depois, no estacionamento do Clube Náutico, por exemplo. Vai estar sempre alguém a querer tomar conta do carro, mas quando se deixa mais perto do mercado, acabam por ser mais pedinchões e não se contentam com uma moeda, querem sempre mais e insistem demais.
Muito cuidado ao sair do carro. É importante verificar sempre se todas as portas estão bem fechadas. Costumam fazer o seguinte: abrem uma porta do carro (seja a do pendura quando não vai mais ninguém, ou alguma das de trás, ou até o porta bagagens) e encostam imediatamente dando a impressão de estar fechada. A pessoa acha que tem o carro trancado mas aquela porta está aberta. A pessoa afasta-se e eles entram! Muito cuidado!

No Mercado: Não há outra forma de dizer as coisas... Se entra um branco é o alvo do peditório! Todos os vendedores começam a chamar: «Amigaaa! Tem tudo fresco», «Boss! Olha aqui o peixe Boss», «Mamã! Olha o camarão!», «Tenho a melhor lagosta!»... Depois há alguns que andam com cestinhos a vender salsa, coentros e outras verduras. Miúdos com saquinhos de amendoins e cajus que se colam da entrada à saída. E quando paramos numa banca vêm outros apontar para a banca deles «Mamã, depois passa ali na minha banca, tenho tudo fresco, faço bons preços». As primeiras vezes até pode ter a sua piada, é característico daqui, é diferente... mas depois cansa! E o que cansa mais é que, por sermos brancos, aumentam sempre os preços como se nós não tivéssemos noção dos valores praticados! Odeio que me tomem por parva!
Resumindo, convém ir com a lista na cabeça e dirigir apenas às bancas onde vamos comprar. Não vale a pena andar a comparar preços senão ainda começam a discutir umas bancas com as outras e ainda se matam. Pergunta-se o valor e negoceia-se logo antes de mandar cortar ou arranjar. Tens o que queres e vens logo embora. Não se pode andar a passear. É cansativo o barulho, a confusão e chateia que nos estejam, constantemente, a chamar a atenção e a colarem-se que nem lapas. Ah, e mala sempre debaixo do braço, colada ao corpo. Nada de carteiras de fora.
Há quem leve a sua própria balança porque as deles estão sempre descalibradas para os beneficiar. E depois há o furinho... Ameijoas, camarão, lulas... estão sempre em baldes com água. Em cima colocam os animais "Rainha" que são os com melhor aspecto. Se não tivermos atenção chegamos a casa com 3 ou 4 camarões tigre e os restantes são os netinhos, ou pedimos lulas e em casa vemos que afinal é pota. Depois de estar no saco há que fazer um furinho no fundo do saco e vão ver que vão sair uns 2kg de água... Só a seguir se pesa.
Ah, e, se por acaso, mandarem arranjar o peixe - o que também é pago - verifiquem se não o perdem de vista porque podem trocar o peixe comprado e já pago por outro mais pequeno...

É sempre uma aventura e não convém irmos sozinhos. A ida para o carro é sempre rápida porque queremos ir embora dali o quanto antes. Damos a moeda e já sabemos que não agradecem aqui nesta zona. Parece que temos obrigação de dar a moeda...
Desta vez ainda apareceu um "Chico-esperto" com uma moeda de 2€.
- Boss, troca a moeda de 2€.
- Troco por 30mt
- Ah, não Boss...
- Então não quero!

Claro que o almoço foi Peixe-Serra. Estávamos de volta dos computadores quando recebemos uma chamada de uma amiga que, em breve, vai voltar para Portugal. Desafiou-nos para sair e aproveitámos.
A entrar no carro passou um rapaz a vender chapéus... é desta! O JG comprou um chapéu! Fica-lhe bem! Faz lembrar o Jason Mraz no álbum "I'm Yours"... mas mais giro...


Claro que não o deixei conduzir de chapéu... já cá se sabe que "homens de chapéu não sabem conduzir"...
Fomos ter ao Jardim dos Professores e pedimos um gelado cada um. Pedimos em cone, foi já com o gelado na mão que me lembrei que deveria ter pedido em copo... o calor é tanto que, se não comer depressa, acabo toda lambuzada! Tem mesmo de ser devorado à Monstro das Bolachas!


A tarde foi de conversa animada. Sabemos que podemos nunca mais nos encontrar. Conhecemo-nos por cá e somos de terras bem distantes... ainda assim, fica a amizade e o contacto pelo facebook.

O tempo aqui passa mais depressa... ainda ontem foi Natal e hoje já estamos quase a meio de Março! Ainda mais estranho se torna quando não se passa pelo frio e todo o ano há calor. Aqui só há duas estações do ano: verão e primavera! Nunca pensei dizer isto mas... tenho saudades do frio!

Sunday, June 14, 2015

Dias 211 & 212 - 5 & 6 Março - Recuperação

Neste primeiro dia, ainda estou a recuperar, por isso, passei o dia em casa. Mas como me sinto melhor, e tenho noção que cheiro mal por transpirar tanto (só por causa da febre, tá?!), fui tomar banho!!! E como faz diferença... sinto-me logo muito melhor, até mais animada! Fresca e fofa!

No dia seguinte fomos jantar fora, desta vez ao Piri Piri. E aqui assistimos a uma cena muito, mas mesmo muito, feia! Deprimente, degradante, conspurcada de deselegância...
Em frente a este restaurante costumam estar miúdos, pobres, uns mais novos que outros, a vender as coisas mais variadas, a dançar ou a fazer malabarismos de forma a ganhar algum para poderem comer e sobreviver na rua, ou até, levar algum dinheiro para casa... para os que a têm...
Entre muitos clientes, chegou um homem com os seus 40 e tais, alto, corpulento, branco (não querendo ser racista, nem o sendo, tenho de explicar ao pormenor pois nem sei que língua falava), pediu um take-away e sentou-se numa das mesas da esplanada, enquanto aguardava. Foi quando um dos miúdos, que devia ter uns 18 anos se dirigiu a ele por gestos, um pouco afastado desse homem. O gesto que fez foi levar uma mão à boca e com a outra afagou a barriga... "tenho fome"... Sem nunca haver som entre ambos na comunicação, o homem deu uma indicação para o miúdo dar uma pirueta para um lado. Ele assim o fez na esperança de, a seguir, ganhar algo com isso... O que, já por si, é muito mau de se ver... Olhou para o homem e de novo, que fez nova indicação para fazer a pirueta para o lado oposto, ele assim o fez. Bem... posso dizer-vos que isto se estendeu durante todo o tempo até chegar o take-away desta besta (porque não se lhe pode dar outro nome!). O miúdo já tinha feito pinos, piruetas, saltos e saltinhos, já se tinha magoado numa das quedas em cima do degrau do passeio... e, assim que chegou o take-away, a besta pagou e foi embora! O miúdo estava vidrado nele e não olhava para mais ninguém. Foi a correr atrás da besta que o ignorou completamente! Não lhe deu um único cêntimo, humilhou-o, rebaixou-o... não tem explicação! Quando demos por nós, o miúdo já ali não estava, tinha desaparecido! Ainda ficámos algum tempo, mas ele não voltou a aparecer. Deve ter ido embora com o coração em mil bocadinhos... Foi uma cena tão deprimente e frustrante porque o queríamos ter ajudado e não pudemos. Só espero que seja feita justiça e que a vida se encarregue de ser um pouco mais fácil para aquele miúdo...

Na volta para casa, enquanto os homens estacionavam, aqui as gajas foram às compras hehe A vantagem de venderem frutas e vegetais na rua é que ali ficam até às "quinhentas"! Então aproveitámos para comprar umas maçarocas de milho. Não são milho doce, é mais rijo, vêm vestidas com a folha verde e um cabelo nojentinho mas que faz parte do seu crescimento. Estou sempre aberta a descobrir novos sabores, gostos... coisas no geral!