Friday, February 27, 2015

Dia 171 - 24 Janeiro - Andar a pé faz bem e faz suar!

Tínhamos em mente dormir até nos apetecer hoje. Lembro-me de acordar algumas vezes e sentir-me doente... transpirada pela febre, nariz entupido, garganta como se tivesse areia... e a cabeça pesada...
Ainda assim, levantámos antes das 10h. Porquê?! Porque sim. Temos coisas para fazer e podemos despachar tudo de manhã. Bora?!

Saímos em direcção ao sítio do costume para tomarmos café. Nestes dias é fundamental para acordarmos e nos sentirmos "gente". Aproveitámos esta saída para andar um pouco mais e fomos à papelaria buscar o livro que tinha ficado encomendado há dois dias e, que me disseram que podia levantar ontem. Claro que não estava lá livro nenhum! Fiquei furiosa. Mas já devia estar à espera. A desculpa?! «Não temos transporte para trazer o livro». Transporte?! Ainda por cima é um livro de bolso! Não é nenhum camião! Dá vontade de xingar toda a gente. O pior é que não há outras opções onde ir comprar e, por isso, não querem saber.

Era hora de voltar mas estava um dia tão cheio de sol quanto de calor intenso... daquele que nos faz tomar banho no próprio suor... Resolvemos, por isso, apanhar um chapa10. Estes são um intermédio entre os chapas e os machibombos. Fazem lembrar os nossos MiniBus, mas assim em péssimo mau estado... pior do que estão a imaginar. Com bancos rotos, sujos, sem espuma, sem algumas janelas que já estão partidas, as que existem estão tão sujas como se fossem de plástico bem gasto, riscado e sujo, alguns sem portas, outros com algo que se faça passar por porta mas que nos deixa na dúvida. Alguns deitam fumo, outros só fazem mesmo muito barulho... o que vale é que o nosso sentido é a direito, sem altos e baixos... não vá algum perder os travões...

Lá dentro é mais civilizado que os chapas. Pelo menos há lugares para todos, pelo menos neste dia. Sentámos atrás, onde havia lugar disponível e de onde poderíamos observar tudo. Reparei em alguns cabelos das mulheres. É muito frequente ver-se mulheres com perucas. Fazem tranças que puxam todo o cabelo, de tal forma que só sai quando o rapam ou caem sozinhas. Depois têm perucas para usarem quando não têm cabelo ou não têm dinheiro para fazer alguma coisa de jeito. Quando, na minha opinião, o cabelo natural, sem tranças, um verdadeiro Afro, fica muito bem! Mas parece que não gostam muito por cá pois é raro ver-se. Preferem os cabelos falsos. Os que se nota, perfeitamente, que não são verdadeiros.

Thursday, February 26, 2015

Dia 170 - 23 Janeiro - Dormir sabe a pouco...

Não dormi nada de jeito esta noite. Estava com o nariz entupido, garganta já arranhada e dorida... no me gusta! Acordei, por isso, aos tombos de sono! Mas levantei-me e despachei-me para sair. Só que, como tinha de aguardar que me dissessem algo, aguardei deitadinha... Bem dito, bem feito, o que estava combinado para as 9h acabou por só ser possível às 15h! Assim, consegui dormitar um pouco mais de manhã (mais ou menos... muitas vezes a acordar e outras tantas obrigada a abrir os olhos).

Só saí depois de almoço. E foi para dar mais umas quantas consultas. Começo a sentir que o meu empenho começa a ser recompensado. Foi aqui que ouvi na rádio
- Estamos a 23 de Janeiro... Janeiro já lá vai... Digam Adeus a 2015 e Bem-Vindo 2016!
Ao que todos reagimos com milhentos pontos de interrogação acompanhados de muitos «HEIM?!» ou «Como é que é?!». Mas a seguir o locutor corrigiu:
- Não! Esperem, estava já a apresentar o próximo ano hehe... Volta 2015! Hehe Adeus 2014, Bem-Vindo 2015! Amigos, isto o calor provoca muito baralhamento... hehe...
Ai xassuis...


Depois das consultas voltei a pé para o MT onde me encontrei com o JG. Na volta, vim de novo sozinha já que ele tinha coisas para fazer.

Sinto-me péssima! Tomei banho quando cheguei, comi uma gelatina pois era a coisa mais fresca e rápida, bebi água e meti-me na cama. Acabei por adormecer algures entre o pestanejar e o manter os olhos abertos tipo mocho... Acordei já com escuro lá fora. São 21h e ninguém em casa... mas que se passa? Ontem falámos do filme "Matrix", no curso, por causa de realidades paralelas ou idealizadas... Pelo que, dou por mim a pensar se estou a viver uma realidade verdadeira ou se estou a sonhar... Não me sinto bem e dormir à tarde só ajuda a baralhar-me o Tico e o Teco... Sabem como uma pessoa acorda, ainda sem ver muito bem, cheia de sono e com vontade de dormir um mês inteiro, com uma sensação estranha, com tonturas... Bem, digamos que é como se o Tico e o Teco andassem a tomar algo ilegal e muito forte... Mas não tardaram a chegar a casa, não ao mesmo tempo, mas com pouco intervalo entre eles. Ainda numa realidade paralela dei por mim a pensar «já posso enlouquecer... tenho quem me acuda!».

Wednesday, February 25, 2015

Dia 169 - 22 Janeiro - Mangando

Que dia atribulado...
Fui, mais uma vez tratar daquele documento que ainda não tenho, ou melhor, fui saber se já o podia receber. No balcão disseram, mais uma vez, "ainda". Mas desta vez não me fiquei por aí e dirigi-me ao edifício em frente. É o edifício do mesmo serviço mas escritórios e com pessoas que "resolvem" os problemas. Assim como quem não quer a coisa, perguntei ao porteiro - que controla ali quem entra e para onde vai, supostamente - que me tinham dito para falar com alguém sobre o meu documento e seria no segundo andar. Gentil mas demorando o senhor respondeu-me e disse-me que poderia falar com o Sr. Peixe (vamos chamar assim). Subi pelas escadas até ao segundo andar e falei então com o Sr. Peixe. Expliquei a minha situação e o senhor pediu-me para lhe entregar uma cópia do meu recibo, com o meu contacto telefónico. Veio até explicar-me onde podia tirar cópias, desceu comigo e apontou para um pouco mais acima, atravessando a rua. Disse-me para voltar assim que tivesse as cópias e deixar com ele. Fui, rapidamente, às cópias. É assim uma roulotte, com uma máquina de fotocópias. Nem perguntou se era a cores ou p/b, nem se tirava na horizontal ou vertical. Também achei que não iria ser eu complicar a coisa... Algo há de servir!

Quando voltei a entrar no edifício estava um senhor e uma senhora a falar cá fora e ouvi um pouco da conversa...
- ... sim, é verdade que o documento está a aspirar, mas mesmo assim...
Bloqueei um pouco para ter a certeza, mas sim... eu ouvi isto...
Subi e o Sr. Peixe estava lá, na mesma sala, entreguei e vim-me embora. Ele ficou de me ligar ainda hoje ou até ao final da semana. Fiquei super contente. Parece que a coisa vai andar agora.

Estou a pé e por minha conta. Vou aproveitar que já estou cá por baixo e vou tratar de mais uns assuntos. Indo eu por onde fosse, o difícil é evitar o sol... ou a chuva. Começou a chover, primeiro a pingar suavemente, depois mais forte e eu obriguei-me a parar um pouco para me abrigar, debaixo de uma árvore. Foi quando parou um rapaz novo com uns panfletos. Muito simpático comigo, cheio de sorrisos e umas falinhas mansas... Eu vi logo que me ia tentar impingir coisas de uma religião qualquer. Disse-lhe que não estava interessada.
- Mas porquê?
- Porque a religião, para mim, é uma coisa muito pessoal, muito própria de cada um, muito íntima.
- Então acredita que há um Criador...?
- Tenho fé em algo, sim.
- Mas então acredita também que o Criador tem algo reservado para nós, que vamos caminhando num sentido... - Aqui tive de o interromper...
- Acredito em nós! - E fiz um gesto circular - Em nós, pessoas, humanos. Nós é que temos mãos para fazer as coisas, temos motivação no corpo e cabeça para pensar no que podemos fazer de bom neste mundo!
- Ok, obrigado!
Hum... É impressão minha ou dei-lhe baile?! Foi-se embora...

Estou toda transpirada. Joguei a mão ao pescoço pois senti algo incomodativo e estou, literalmente, a pingar! E não, não é da chuva! É da transpiração mesmo. Está tão abafado, tanto calor... nem com a chuva isto refresca. No final da rua estava a papelaria onde eu queria comprar um livro, mas não o tinham, só numa outra loja que fica no outro lado da cidade. Disse que não iria à outra loja, deixei o meu contacto e disseram que iam mandar dessa outra loja para esta e que eu poderia voltar amanhã. - - Ok, eu volto amanhã, não tem problema.

Agora só tenho mesmo de ir para casa. A caminho ainda encontrei um dos mil que vi hoje a vender crédito para o telemóvel. Mas, como sei que andam em todo o lado, andava a ver se via algum com um ar simpático. E encontrei um senhor mais velho, a varrer a rua. Parou de varrer quando passei, olhou para mim e cumprimentou-me. Achei que era agora...
- Bom dia! - sorri - Papá, tem Vodacom?
- Tenho sim, menina.
- Quero 100, por favor - entregou-me o código, eu dei-lhe o dinheiro - Kanimambo, papá! - Vi-o sorrir e a fechar os olhos de agradecimento. E sinto que não podia ter sido melhor pessoa para encontrar no meu caminho. Um pouco mais à frente passou por mim um rapaz a vender cajus. Automaticamente disse que não queria. Mas depois chamei-o, quero sim. Lá fiz negócio e trouxe 2 sacos grandes por menos do que ele pedia. Mais perto de casa acabei por comprar mangas e bananas. Devo ter andado uns 8km. Foi, por isso, um dia produtivo!

Agora estou mais fresquinha e estou mangando... Pedi à Gel para me arranjar uma das mangas que trouxe. Está cortadinha em cubos, com um garfo... não há melhor! E ainda só vamos e meio da manhã! Não tardou a chegar a hora de almoço e o tempo passar até ir para mais um dia de curso.

O final do dia é que não foi dos melhores pois fiquei a saber que a minha mamã está doentinha... vou ter de fazer alguma coisa...

Tuesday, February 24, 2015

Dias 166, 167 & 168 - 19, 20 & 21 Janeiro - Amizade que Perdura

Dias banais estes. Umas vezes pinga, outra chove com mais força, mas a constante é o calor que não nos permite parar de transpirar. Nas notícias de Portugal vejo pessoas na neve, com narizes vermelhos, encasacadas até não poderem mais, só lhes consigo ver os olhos, mas vejo como estão felizes! Também quero ter o nariz vermelho!

Por cá foram dias de curso. Terminou um e começou logo outro no dia seguinte. São amizades que perduram, outras que começam de novo... É o melhor que podemos levar dos estudos. Seja na escola, na universidade, em cursos complementares ou outros que tais, as amizades são o que de melhor se pode tirar daí. Sinto-me sempre empolgada quando começa e mais rica quando termina!

Tenho andado um pouco mais animada e, andei com esta música no ouvido durante estes dias: Quando o Fernando Sétimo usava paletó! Só andar a cantarolar também ajuda. Aproveitei também para andar de volta das minhas músicas favoritas que fui escolhendo e juntando todas AQUI.

Agora todos! Cantem comigo!

Quando Fernando Sétimo
Quando Fernando Sétimo usava paletó
Quando Fernando Sétimo usava paletó
Quando Fernando Sétimo usava paletó
Paletó, usava paletó!

Qanda Farnanda Satama asava palatá
Qanda Farnanda Satama asava palatá
Qanda Farnanda Satama asava palatá
Palatá, asava palatá!

Qende Fernende Séteme eseve peleté
Qende Fernende Séteme eseve peleté
Qende Fernende Séteme eseve peleté
Peleté, eseve peleté!

Qindi Firnindi Sitimi isivi piliti
Qindi Firnindi Sitimi isivi piliti
Qindi Firnindi Sitimi isivi piliti
Piliti, isivi piliti!

Qondo Fornondo Sotomo osovo polotó
Qondo Fornondo Sotomo osovo polotó
Qondo Fornondo Sotomo osovo polotó
Polotó, osovo polotó!

Qundu Furnundu Sutumu usuvu pulutu
Qundu Furnundu Sutumu usuvu pulutu
Qundu Furnundu Sutumu usuvu pulutu
Pulutu, usuvu pulutu.

Qanda Farnanda Satama asava palatá,
Qende Fernende Séteme eseve peleté,
Qindi Firnindi Sitimi isivi piliti,
Polotó, usuvu pulutu!!!!

Monday, February 23, 2015

Dia 165 - 18 Janeiro - Parecem bolas de Natal!

O dia não começa sem um café no MT! Tem de ser rápido pois estamos de saída para a Casa do Gaiato. Vamos lá hoje ver os meninos e passar um dia animado.
Quando chegámos a missa estava a terminar mas ainda deu para ouvir umas quantas músicas. São os momentos mais animados e mexidos. Os meninos e meninas que lá estão cantam, dançam e batem palmas ao ritmo das músicas. Os sorrisos acompanham olhos cintilantes e passos de dança um pouco tímidos. Mas todos saem de lá animados e cheios de fome: é hora de almoço.

Antes de entrarmos para o refeitório cumprimentámos quem ainda não tínhamos visto e ainda deu para conhecer esta bela espécie... É a árvore Moringa, chamada a árvore da vida ou a árvore milagrosa. É conhecida por fazer bem a quase tudo. Só tem benefícios. Não tem cheiro. As folhas são pequenas mas bem verdes. Como podem ver, esta é ainda muito jovem.


Antes de nos sentarmos à mesa fomos lavar as mãos e o Sr. Padre levou-nos a conhecer os ninhos que estão pendurados nas árvores. Parecem bolas de natal! Os pássaros, de todas as cores, passeiam-se por ali num chilreio sem fim. Estivemos um pouco em silêncio para não se sentirem ameaçados e chegámos a vê-los a darem de comer às crias.


O cachorrinho novo cá da Casa anda entretido com tudo o que se mexe. E, como tem os dentinhos a crescer, morde e rói tudo! Não que doa muito, mas são uns dentinhos tão afiadinhos... Saí de lá toda roída. De vez em quando afastava-se de nós mas acabava por voltar. Uma das vezes que se afastou ficou mais tempo afastado mas entretido... estranhámos e fomos ver... estava a mastigar um pardalito... Entre horrorizada e revoltada, tive mesmo de me afastar. Afinal já nem havia nada a fazer pelo pobre penudo.

No caminho de volta recebi uma prenda de natal um pouco fora de prazo. Uma carteira, feita em capulana, que o JG me comprou quando foram à Massaca.

O jantar de hoje foi gaspacho. NHAM! Já andávamos a falar disto há uns tempos e, desta vez, soube mesmo bem comer algo bem fresquinho!

Friday, February 20, 2015

Dias 163 & 164 - 16 & 17 Janeiro - Criatividade & Naturalidade

Fui a uma reunião da Makobo de forma a conhecermos melhor como funciona e a partilharmos as nossas ideias. Há que puxar pela criatividade. Há que ajudar quem não tem esperança nem forças... Há pessoas no mundo que têm tão pouco que é difícil imaginar... Moçambique é um país cuja população tem, maioritariamente, menos de 18 anos. A natalidade aqui é brutal. O pior é que, quando muitos nascem, são abandonados ou maltratados ou abusados... por quem os devia proteger... E muitos acabam por contrair doenças incuráveis, por passar fome, por sofrer física e psicologicamente, por viver na rua onde a lei do mais forte regula a sobrevivência. Passa-se aqui e passa-se em toda a parte do mundo! Só não vê quem não quer!
Cresci numa sociedade onde existem os direitos da criança. Lembro-me, vividamente, de fazer um trabalho - ainda antes do tempo dos computadores - para a escola primária, em cartolina vermelha. Recortei imagens de crianças em revistas e jornais, recortei letras, escrevi textos e passei-os a caneta, em folhas brancas, a seguir recortadas/ ou queimadas à volta e, coladas na cartolina. Lembro-me de olhar para aqueles corpinhos magricelas, aqueles rostos sofridos, aqueles olhos cheios de vida tão diferente da minha, aquelas almas condenadas desde que concebidas... Ainda assim, tinham sorrisos no rosto! Eu tinha menos de 9 anos na altura, devia ter, mais ou menos, a idade daquelas crianças que recortei. E recordo-me de pensar "que felicidade é esta?! Por que sorriem quando não têm... nada, nem comida?!". Achei que era algo natural nelas, o facto de sorrirem - porque uma criança não sabe fingir um sorriso verdadeiro. Fiquei com aquela imagem na cabeça. Não me lembro dos rostos, mas ficou a ideia de uma imagem, perturbantemente, feliz. Lembro-me de ter achado isso muito confuso e de me questionar porque seria? O que faria uma criança sorrir sem ter casa, abrigo, comida, cuidados, brinquedos, escola, amor... mas tinham muitos irmãos e tinham a sorte de terem sido fotografadas, o que pressupõe que tenham sido acolhidas... pelo menos, tenho esperança que sim.


Na manhã seguinte tivemos o curso de novo. Foi muito bom e reconfortante voltar a rever estes novos amigos. Desta vez tínhamos uns balões à nossa disposição. Estavam destinados a um propósito, claro. Mas é inevitável ficar quieta com um balão nas mãos. Tanto eu como o JG não deixámos aqueles balões em paz. Ainda mais com um balão cheio numa mão e uma caneta na outra... Não tardou para que a tampa da caneta ficasse presa nos dentes... e as mãos ganharam vida própria!


Já depois do exercício, em plena aula, sentados na respectivas cadeiras, ao lado um do outro, eu e o JG brincávamos cada um com o seu balão. Mas estávamos atentos e relaxados, sem pensar muito nisso. Até que uma das colegas interrompeu a aula e, pelos vistos, estava de olho em nós...
- Peço desculpa mas... - disse com um sorriso - Tenho que realçar que o nosso casal está tão feliz e em sintonia... Estão os dois a brincar com os balões como se fosse a coisa mais natural do mundo! É bonito de se ver!
Então e não é?! Lembro-me de ter corado e sentir-me mesmo apanhada de surpresa. Ainda assim, não largámos o nosso entretém. É viciante ter aquele brinquedo à frente... Acho que a criança que há em mim vai viver sempre muito alegre e muito presente em toda a minha vida.

Foi já perto da hora de irmos embora que alguns colegas começaram a receber SMS com a listagem do novo governo estabelecido. E a concentração foi-se... Já ninguém estava "ali" na sala. Estava tudo com a cabeça cá fora, desejando chegar a casa e ver as notícias.

E a nossa tarde foi passada em casa. Não estava muito interessada nessa coisa da política. A mim não faz diferença, nem posso votar aqui. E como não davam mais nada na televisão virei-me para o computador e descobri um novo jogo do Facebook, Celebs Pop. Bem, descobri-o e acabei-o. Manteve-me entretida o resto do dia e noite até acabar os níveis...

Thursday, February 19, 2015

Dias 161 & 162 - 14 & 15 Janeiro - Quando a inspiração não flui...

... não há post de jeito!

Estes dias foram todos à volta da tomada de posse do novo presidente. Veio cá o de Portugal. Houve muita festa, muita confusão no trânsito e as notícias, como é de esperar, não falam de outra coisa. O dia da tomada de posse foi feriado para que as pessoas pudessem estar presentes no local. Havia até instruções para quem lá quisesse estar: tem de estar presente desde as 7h da manhã.

Nós, por cá, tentámos escapar à confusão, mas quisemos sair, como é óbvio. Apesar de estar nublado mas, nem por isso, menos calor, fomos tomar o café no sítio do costume ainda de manhã.


Mesmo ao lado do nosso carro andava uma vizinha atarefada que nem deu pela minha fotografia.


No Meia reparámos que, nos últimos dias, caiem muitas bolinhas das árvores. Claro que há de ser um fruto, mas não sei qual é. Perguntei e disseram que é canho, o fruto que usam para fazer a famosa bebida que embebeda os animais selvagens, a Amarula. Não é tarde nem é cedo, fui cuscar!


Peguei num prato, numa faca, apanhei e lavei umas bolinhas e sentei-me sob os olhares atentos e gozões do pessoal que estava na mesa. Estavam desejando ver a minha cara quando provasse, talvez com uma certa esperança de me verem bêbeda a seguir... Afinal aquilo... é uma grande desilusão! É mais caroço que outra coisa e é amargo. Não tem piada nenhuma. Já o mesmo não se pode dizer da Amarula, por isso, venha de lá um copo!

Ficámos com o bichinho da rua e fomos almoçar ao Piri-Piri. Este é o tal restaurante que me faz lembrar O Seu Café. Pelo ambiente, pelos empregados sempre a correr sem dar grande confiança aos clientes, pela comida... não sei explicar. Faz-me recordar a minha infância.
Foi aqui, sentados na esplanada, que vimos e ouvimos passar todo o comité da tomada de posse. Assistimos pelas televisões o encerramento e não tardaram a passar por nós com toda a pressa e com mais buzinadelas que as ambulâncias. Vinham escoltados por motas de segurança, com seguranças também nos carros de vidros fumados (que são proibidos... ou não são?! Ou serão só para alguns?! ... hum...). Eventualmente passou também o nosso presidente com a sua Maria e o "lambe-portas"... Acaba por ser divertido haver algum tipo de movimentação, para variar um pouco, devido a alguma coisa que o justifique. Mas tanto chinfrim é que é desnecessário. Passei o resto do dia com os ouvidos a tinir.

Não tardei a voltar para perto do mesmo local. Fui encontrar-me com uma pessoa num café. Quando cheguei, estava ainda sozinha, pedi uma água. Andei a tentar tirar aquela protecção de plástico maléfica que se enfia entre os dedos e as unhas até te apetecer guinchar! Mas depois deixas essa vontade de lado porque, no segundo seguinte, a dor atenuou e sentes-te muito caguinchas se o fizeres. Então voltas a tentar, desta vez com um dedo novo... e como, faças o que fizeres, a estúpida da protecção de plástico não sai, respiras fundo, chamas o empregado e, com o maior sorriso de "loira burra" dizes:
- Não se importa de me ajudar? Peço, por favor, para me abrir esta garrafa. Não tenho unhas para isto... (ou pode usar-se a deixa do "não quero estragar as minhas unhas")
- Com certeza - O senhor sorri, num milésimo de segundo já abriu e, quando dás por ti, já tens água no copo...



E sentes-te uma Lady!

Wednesday, February 18, 2015

Dia 160 - 13 Janeiro - Novo Ano com novo começo

Esta noite vimos o filme "Dracula Untold". Não é das minhas preferências mas até é porreirinho.

 Wallpaper

Acordar de manhã alagada em transpiração não é o sonho de qualquer pessoa. Ainda mais quando o ar condicionado se mantém ligado toda a noite. Mas é que está mesmo calor... Era ainda bem cedinho quando abri os olhos e, não, não me voltei a deitar. Hoje era dia de me voltar a encontrar com a Cal no escritório dela. Fui a pé e posso dizer que, andar a pé sob este sol abrasador é mesmo fogo! Os raios de sol picam na pele. A busca incessante e desesperada por uma sombra torna-se numa grande prioridade. Preferes até passar por chão instável mas à sombra, que um passeio limpo e liso ao sol que nem deserto...

A Cal já lá estava quando cheguei. Fomos para o nosso cantinho pôr a conversa em dia. De certa forma, é bom voltar àquele espaço tranquilo e relaxante. Entretanto tinha combinado ir almoçar com o JG ao MT. E assim foi. Entretanto apareceu o Makobo e fiquei de conversa. A tarde tornou-se numa conversa longa e produtiva. Aqui as coisas funcionam muito assim. Só temos de estar no sítio certo, à hora certa, e as coisas acontecem! Ou vão acontecendo.



Pedi a limonada que adoro e fui-me deixando ficar. Porque está calor, porque o ambiente está agradável, porque a conversa está boa, porque sim e porque apetece! Esta é a famosa limonada que tanto gabo. É fresca, deliciosa e super, hiper chic!

Ao final do dia fui andando para casa. Já o sol se estava a pôr mas ainda ardia o oxigénio... está um bafo que não se pode! Assim que cheguei, liguei logo os ares condicionados. Sim, da sala e do quarto. Meti-me na banheira e consegui respirar fundo mas, ainda assim, parece que nada refresca. Como a Gel hoje não veio fui lavar a loiça de ontem. Deixei tudo limpo e arrumado. Assim que me refastelei na cama com o portátil no colo... começa a chegar o pessoal a casa. O jantar de hoje? Pizza!

Tuesday, February 17, 2015

Dia 159 - 12 Janeiro - Reflexão sobre o MUNDO

Ainda não referi nada sobre o que se tem passado nos últimos dias... os atentados a Charlie Hebdo. Nas notícias não se fala de outra coisa. Uns defendem a liberdade de expressão, outros definem-na como ofensa... Permitam-me que deixe aqui a minha opinião...
Não defendo qualquer tipo de atentado nem ofensas. Não sou a favor da violência, seja ela física ou psicológica. Mas também sei que não se pode agradar a todas as pessoas e que, qualquer tipo de opinião vai ser aplaudida ou regada com pedras... Ainda assim, este nosso mundo parece estar louco!

Nascemos crianças! Puras e sensíveis. Somos pequenos de tamanho e gigantes de coração. Todos os nossos sentidos deixam transpirar amor pelas suas mais variadas formas. Nascemos na forma mais pura e cristalina. Sem preconceitos, sem saber sequer o que é odiar. Amamos e temos curiosidade em conhecer tudo e todos! Questionamos o que "os grandes" entendem como sendo intuitivo. Reagimos instintivamente à forma como interagem connosco e amamos, incondicionalmente. Os crescidos chamam-lhe "cegueira da vida". E o tempo passa... Vamos crescendo... somos apresentados a uma família que nos define valores. Somos "enturmados" numa escola com os amigos que "escolhemos" e com os professores que nos vão ensinar factos e acrescentar valores. O nosso corpo vai crescendo e o nosso coração (leia-se Amor) vai diminuindo, enfraquecendo... vamos começar a escolher um grupo onde achamos que encaixamos melhor. Vamos escolher um clube de futebol, vamos escolher uma religião, uma visão política... Alguns de nós ainda se informam bem antes de escolher, para outros é indiferente, interessa apenas para que lado vão os nossos amigos ou familiares. E o nosso coração começa a mirrar...

Deixamos de sentir amor só porque sim. Deixamos de ligar aos pequenos pormenores. Deixamos de ver a felicidade simples e pura num dia de sol. Deixamos de ser felizes com o que temos e com o que somos... queremos mais, desejamos ser diferentes. Vivemos insatisfeitos todo aquele tempo em que o Mundo é nosso. Respiramos o ar porque existe e damos como garantidas todas as pessoas da nossa vida, sem nos darmos conta que as nossas acções têm consequências... e um dia desejamos ter agido de forma diferente...
E se pudessem voltar atrás? O que mudavam na vossa vida? O que diriam ao vosso EU mais novo? Não vivam vidas insatisfeitas. O momento é HOJE e é para ser vivido no mais imperfeito sorriso. Não é preciso haver perfeição, basta haver um toque de simplicidade, um olhar translúcido de busca incessante de paz, um toque suave de pureza, um sabor emergente de carinho e uma melodia calma que a própria natureza faz por nós, com todo o prazer e o seu esplendor!

Não querendo fugir ao tema... Existem muitos "crescidos" (outros nem tanto assim) que engoliram os seus próprios corações, que os pisaram e amachucaram, que os cortaram em bocadinhos e deixaram a secar... Mas, ainda assim, não podemos julgar nem condenar uma nação por alguns rebeldes. Assim, nem todas as pessoas que são religiosas (seja qual for a religião) são extremistas. Cada pessoa sabe de si e faz das suas acções o seu modelo de vida. Cada indivíduo no mundo tem o poder de pensar por si! Tem o direito de escolher as suas acções. Tem o dever de se informar. É verdade que as opções de uns são as consequências de muitos... Infelizmente, são lições de vida que a Humanidade ainda não aprendeu. Sim, a Humanidade! Eu, sozinha, represento-me a mim e não a Humanidade. Cabe-me a mim passar o que aprendi, tudo de bom e simplicidade.

Não acho, por isso, que a resposta a actos extremistas seja uma III Guerra Mundial para exterminar os Muçulmanos. Não somos seguidores de Hitler. O Mundo tem de aprender com o passado. É para isso que existe um amanhã: é um novo dia de aulas! Uma nova aprendizagem. As coisas absurdas que se ouvem na televisão, nas notícias, são tragicamente anedóticas. Falam em excluir imigrantes (só não dizem que são muçulmanos) porque "são quem provoca estes actos de violência". Mentira! No caso de Charlie Hebdo foram franceses. O que é que essa medida iria fazer nesse caso?
Falam em sujeitar crianças de infantário a testes para decifrar se são terroristas... E se algum espertinho das ideias achar que são "minions terroristas" fazem o quê a essas crianças?! Abatem-nas?! Fala-se em chips e câmaras "de segurança". Vamos todos perder a nossa privacidade?! É mais seguro? Não vivemos num gigante Big Brother! Porque é que não implementam a "consulta psicológica mensal/anual" paga pelo Estado?! Era uma boa! Temos imensos licenciados sem emprego! Vamos dar uso a tantos anos investidos! Vamos juntar o melhor de todos os países e fazer do Planeta Terra o melhor local para se viver!

Na vida, para viver, precisamos de ar, de água, de sol, de terra... de paz! E temos para todos! A não ser que destruamos tudo... e não dá para ninguém... Sou a favor da paz e da união! Utopia?! Pode ser, mas, como todo o sonho ou fantasia, tem o seu lado realista, em paralelo, por ter sido pensado, imaginado ou visualizado! Não acho que seja irrealizável, acho que o mundo está cheio de interesses e demasiado focado no poder financeiro. E, por isso, acredito que este terrível ataque tenha sido provocado pelo pior de dois interesses: liberdade de expressão e interesse político.

Ainda assim, criticaram o Papa pelas suas declarações relativamente à liberdade de expressão... Shame On You, People! A minha liberdade de expressão termina quando magoo, deliberadamente, alguém! É, por isso, que a tua consciência te recrimina quando insultas alguém! Pelo menos, deve...


Wednesday, February 11, 2015

Dia 158 - 11 Janeiro - Passeio Guloso

Ontem vimos o filme "The Book of Life".


Como todos os filmes, de uma forma ou de outra, tem uma moral da história. E este é claro no que traduz. Além da história amorosa, tem efeitos humanos que muitos deveriam repensar... Mas, para os que nem o benefício da dúvida dão: BLEH!

Hoje só saímos depois de almoço para irmos todos dar um belo passeio até ao Parque dos Poetas, na Matola. Já vos falei deste espaço aqui. Desta vez fomos mesmo passear lá por dentro como deve ser. Mas antes, fomos comer o desejado, o muitas vezes idealizado, o suspirado há muito, o irresistível... gelado!!! Epa, confesso que já me andava a apetecer há mais tempo comer um gelado, mas nunca era altura e hoje... NHAM NHAM!


Tive, forçosamente, de devorar aquele gelado com uma certa rapidez... caso contrário iria passar o dia a lamber o gelado dos dedos! É muito bom haver calor e tal... mas não é preciso tanto! Acabava de lamber um lado, no outro já escorria! Percebo porque a maioria das pessoas come o gelado em copo. Mas o cone dá-lhe um sabor especial...

Como é normal, trazem sempre um cinzeiro para a mesa de quem fuma. Não, não somos nós. Mas a este achei-lhe piada e, por isso, tirei umas fotografias. Pelos vistos não é nada de outro mundo, mas para mim foi porque nunca tinha visto e, a ideia, é muito boa. Uns cubos de gelo para a cinza não voar! Tão simples!


Num dos cafés ao lado estavam com Karaok e, sinceramente... há certas pessoas a quem deveria ser apresentado um cartão vermelho!


O passeio pelo parque é animado. Não digo que seja relaxante nem pacífico porque está cheio de gente e consumido pela alegria estonteante das dezenas de crianças que por ali pulam e brincam. É mais pequeno do que imaginava, mas é muito bonito e tem tudo para ali passar dias em família. Além de estar repleto de lojas, tem o cinema, cafés e restaurantes, espaço aberto de jardim, baloiços, jogos e actividades para todos!












Na volta não apetecia ir logo para casa e fomos beber um copo ao Clube Marítimo. O objectivo era estar perto do mar. É o que nos faz estar mais perto de casa... a vista do mar sem fim.


Em casa tínhamos o Peixe Galo à nossa espera. Aquele grande que trouxemos da Macaneta. Foi preparado, cozinhado e, já no prato, provei. Perguntei se achavam que estava bom. Disseram que estava um pouco amassado, mas está bom. Isto porque o outro que trouxemos estava já estragado. E este também não me estava a saber bem. Após duas garfadas acabei por dizer «não consigo comer...». Provaram do meu prato: está mesmo estragado! O incrível nesta história toda é ter sido eu a dar por isso! Geralmente sou sempre a última a reparar nestas coisas. Acontece que, a parte que tirei para o meu prato, era a pior de todas. Só isso pode justificar.


Bem, tivemos de improvisar com o jantar. Fomos buscar pão, fiambre e queijo. E ainda acrescentei umas cenouras cruas.

Depois de vermos o filme de ontem adoptámos uma nova expressão na nossa vida, por isso... Para vocês, os que viram, os que não viram, os que vão ver ou mesmo os que nunca virão este filme (que acho ser excelente para os amantes das touradas, btw)...

Tuesday, February 10, 2015

Dia 157 - 10 Janeiro - Prendadazinha

Hoje foi dia de acordar mais para o tarde do que estava previsto... para variar...
Temos de ir às compras a um novo supermercado onde nunca fui. Ou melhor, fui duas vezes, mas das duas vezes, estava fechado. Dizem que à terceira é de vez... e foi mesmo.
Este faz-me lembrar uma espécie de Macro. Não vende só embalagens grandes mas vi latas de feijão de uns 2kg. Na altura não confirmei, mas são enormes. Todo o espaço é em cimento, não é pintado e parece um armazém aberto ao público. Não está desorganizado, mas precisava ali de uma mãozinha...

Acabámos por lá encontrar o Del com mais pessoal. É porque deve valer a pena ir lá. Alguns preços valem a pena, mas outros são mais caros que nos supermercados normais. O que não se compreende. Mas já cá se sabe que não precisa fazer sentido...

As compras não foram muitas e, pouco depois estávamos de volta a casa. Era hora de almoço. Lavei logo a loiça a seguir porque, se me for encostar um pouco agora, não pego mais nisto. Só depois de tudo limpo e arrumado é que me fui encostar ao computador. E o resto da tarde? Fomos para o MT onde se passou uma tarde super divertida a jogar ao STOP, a fazer recortes marados, a soprar bolinhas de papel por uma palhinha e a encher o espaço dessas bolinh... bolas de neve!


[jogo_stop.jpg]

Ainda era de dia mas já escurecia quando viemos embora. Estávamos a pé pelo que não convém mesmo nada voltar de noite. Eram 19h quando chegámos a casa e ainda relaxámos um pouco. Enquanto isso, andei a ver receitas na internet. Os meus dotes de culinária dependem das receitas escritas, bem delineadas, preferencialmente, rápidas e simples. Depois, mãos à obra. Tínhamos uns bifes para grelhar e eu fiz o acompanhamento: arroz de feijão preto. Comecei pelo refogado, depois o feijão, a água e o arroz. Entretanto comecei também a fazer um bolinho para amanhã... ou para hoje ainda... Tinha visto também uma receita do mais simples e básico que há:
  • 3 ovos
  • 2 xícaras de açúcar
  • 2 xícaras de farinha de trigo
  • 2 colheres de margarina
  • 1 colher e 1/2 de fermento
  • 1 xícara de leite
Separe a gema da clara, coloque o açúcar, a margarina e as gemas em uma bacia, bata por 3 minutos. Adicione a farinha de trigo e o leite e bata por mais 3 minutos. Bata as claras em ponto de neve, adicione o fermento, e as claras em neve, bata por mais 3 minutos. Coloque em forma untada em forno pré-aquecido a 180°C, por mais ou menos 30 minutos, ou até dourar.
Super simples! Na parte de bater as claras passei a tarefa ao JG, claro. Mas sem máquina isto é muito mais complicado e cansativo. Acabei eu a bater o resto e descobri uma nova forma de usar isto:

 

Como este utensílio tem um cabo cilíndrico, esfreguei o cabo entre as mãos, como faz a batedeira! Assim como se fosse fazer uma fogueira... E gira, e roda, e gira, e roda...



E as claras ficaram, maravilhosamente, encasteladas! Antes disso, batemos daquela forma cansativa que me chateia profundamente. Tenho sempre de pensar em outra solução. De facto, resulta e não só, é muito mais rápido!
Como não temos uma forma de metal teve de ser numa travessa de vidro. Mas ficou cheiroso e BOOOOOM! Sim... *chomp chomp*... está mesmo delicioso... *chomp chomp*... fofinho por dentro e... *chomp chomp*... rijo por fora... *chomp chomp*... no ponto!... *chomp chomp*...

Monday, February 09, 2015

Dias 155 & 156 - 8 & 9 Janeiro - Moçambiquices

Estes dois dias foram diferentes mas, nem por isso muito interessantes.
No primeiro passei a manhã a preparar uma entrevista que fui dar no MT à hora de almoço e, acabei por lá ficar o resto da tarde. O calor é tanto que não apetece mexer uma palha, nem para apanhar uma caneta do chão... Pedi uma limonada e por ali fiquei até o JG ir lá ter, ao final do dia. Nesta altura já havia sombra e estava menos calor. Mas a limonada é a minha fiel companheira.

O dia seguinte foi passado em casa. Tinha programado, comigo mesma, dar uma volta ao quarteirão. a partir das 16h30 mas, quando estava pronta a sair, cai uma chuvada daquelas!... Acabei por ficar. Verdade seja dita, a vontade não era muita e tenho coisas que bem posso adiantar, por isso, não se perdeu grande coisa.

Em casa, de vez em quando, aprendo algumas coisas com a Gel. Como se fala em changana, por exemplo. Desta vez ela "confessou-me" que sabia também algumas coisas em Swahili. Acabei por fazer algumas pesquisas e encontrei algumas frases simples e palavras soltas. A Gel ensinou-me que "Como estás?", dito de forma informal, se diz "Mambo Vipi". Em Zulu não sei ainda grande coisa, mas fui cuscar na mesma. Já em Changana, escreve-se como se fala e sei algumas coisas, como:

  • Kanimambo - Obrigado/a
  • Mati - Água
  • Titi meta - Fresco/a
  • Café lácutála - Café cheio
  • Incumbela - Estou a pedir
  • Mina - Eu
  • Wena - Tu
  • Até munzuco - Até amanhã
  • Tchova - O carrinho onde transportam a fruta
  • Xidjana - Albino
  • Muchina - Chinês
  • Molungo - Branco, pessoa de cor branca
  • Mulandi - Negro, pessoa de cor negra
  • Mbanyana - Monhé (aqui, este termo, não é ofensivo nem depreciativo), pessoa com traços indianos e africanos

Infelizmente, o Mundo inteiro está cheio de preconceito, vergonha, racismo, diferença... mas nada se compara à pureza da interacção das crianças, ainda com uma mente não-restringida à opinião pública, sem malícia nas palavras, nos gestos, nos olhares, apenas curiosidade! Ao crescermos parece que "desaprendemos" certas coisas tão simples e básicas que nos definem como Humanos, a raça dominante. Não compliquemos... sejamos crianças a vida inteira!

Friday, February 06, 2015

Dia 154 - 7 Janeiro - Se fosse noite acordávamos às escuras

Acordei de madrugada a escorrer de transpiração... Que é feito do ar condicionado que ficou ligado?! Avariou?! Não funciona... Confesso que o sono era demasiado para me levantar e apaguei de novo. Mas quando me levantei faltava, realmente, a electricidade! Mas afinal que se passa?! É só aqui em casa! Vou ter de ficar em casa e esperar que venham os técnicos... Essa parte tem a sua piada já que não existe campainha...

Sem electricidade não há mesmo muito que se possa fazer... Não tenho televisão, não tenho internet, não tenho ar condicionado o que me faz transpirar em bica... Como é normal nestas alturas, o meu telemóvel precisa ser carregado. Tenho o portátil que ainda tem alguma bateria... mas, vale a pena? Naaaaa... Fui esparramar-me no sofá com umas revistas sobre costura. Até são interessantes e dão umas ideias geniais.

O rapaz apareceu pela porta das traseiras e, como não chamam pelas pessoas, nem ligam, já lá estava há algum tempo até darmos por alguém ali. O que vale é que era uma coisa simples. A degradação das casas aqui é tão má que nem sei como ainda não houve incêndio! Lá reparou a coisa e foi embora. Ahhhhhh... Fresquinho, finalmente!

Aproveitei que ainda não tinha ligado o computador e deitei mãos à obra! Já passou o Dia de Reis e, por isso, toca a desfazer os enfeites de Natal. Bolinhas aqui e ali, luzinhas enroladas umas nas outras, caixas e caixinhas... se estivesse em casa havia de levar mais tempo a guardar tudo visto os gatos terem algum fetiche no que diz respeito a bolinhas a rebolarem para tudo o que é sítio, brilhantes a chamar as atenções deles, luzinhas com fios que se apegam a tudo o que nelas toca, caixas e caixinhas que passam a ser excelentes esconderijos ou novas caminhas... E depois fazem-nos aqueles olhinhos de quem sabe que está a fazer asneira para a seguir mudarem de atenção, como se tivessem bicho-carpinteiro, e voltarem ao mesmo ou pior! Saudades...


A seguir fui fazer gelatina e ensinei a Gel a fazer. Daqui para a frente é uma nova tarefa. Só saí depois de almoço, com o JG. Fomos tomar um café muito rápido ao sítio do costume só mesmo para "picar o ponto". Como, de manhã, tinha andado numas leituras tão inspiradoras, dediquei-me então às costuras! Sim, às costuras! Se me afirmassem que eu havia de o fazer, por iniciativa própria, eu ria-me a bom rir! Mas pela boca morre o peixe, sempre ouvi dizer... A verdade é que tinha aqui umas peças a precisar de dar uns pontos e aproveitei a "febre". Mãos à obra! Levei a tarde toda mas consegui coser um buraco na zona da costura de umas calças e reforçar uma bolsa de cintura que adoro.
São daquelas coisas que sabemos que havemos de fazer mas, por não serem urgentes e serem trabalhosas e demoradas, adiamos hoje e amanhã. Acabamos por nos convencer que um dia vou fazer. O problema é que esse dia é o "dia de S. Nunca À Tarde" ou o famoso dia 31 de Fevereiro de um qualquer ano... Assim, não podia estar mais satisfeita com as tarefas de hoje! Foi um dia, verdadeiramente, produtivo! I'm proud!

Tuesday, February 03, 2015

Dias 152 & 153 - 5 & 6 Janeiro - As saudades que eu já tinha...

Levantámos cedinho pois era hábito nestes dias... mas faltava o barulho das ondas no mar... back to reality... Foi só depois de almoço que fomos tomar café ao Meia! Vimos o pessoal, sentámos e sentimos o ambiente acolhedor de estar, simplesmente, ali... ok, confesso que já tinha saudades disto! E que saudades deste peluche!!!



Hoje vimos, finalmente, o resto do filme "The Book Thief". E acabei a chorar desalmadamente... Não posso dizer que o filme seja bonito, porque é passado na II Guerra Mundial, mas é tristemente bonito... Faz-me pensar na Humanidade. Na nossa história, nos nossos erros, nos nossos êxitos, no que aprendemos até aqui... e porque é que continuamos a cometer erros tão idênticos?! Com passados tão violentos, tão egocêntricos, tão ambiciosos... continuamos a cometer os mesmos erros como seres humanos! Somos seres invejosos, vaidosos, materialistas, egocêntricos, viciados, enraivecidos, preguiçosos, cobardes, mesquinhos... porque é que dedicamos tanto do nosso tempo na Terra a fazer mais mal que bem?! Porque é que perdemos tempo a matar ideais, valores, sorrisos, respeito, simpatia, delicadeza, bondade, seres vivos...?! Porque não podemos nós investir, esta gota de vida que se desfaz num piscar de olhos, em aprender com os erros do passado, salvar o que de bom vivemos, aquilo que nos foi ensinado, saborear cada raiar de sol, cada energia filtrada pela nossa pele, amar a pureza da Vida?! Quando é que podemos viver sem que seja necessário ser superior a alguém?! Quando é que podemos aceitar a nossa Missão enquanto seres carnais como sendo esse o nosso sentido de vida?!
Porque é que deixamos que seja o sexo e o dinheiro a governar o mundo?! Como é que é possível haver ainda pessoas a passar fome num mundo que produz mais comida do que é necessário?! Como é possível haver ainda gente a morrer de fome e haver espaços de restauração, ali ao lado, a deitar comida fora?! Como é possível ainda nos matarmos por uma qualquer ira momentânea?! Como é possível haver uma raça que se ache tão superior que comande o resto do mundo para extinguir outras?! Como é possível haver tanto sofrimento, tanta perda, tanta injustiça, tanta crueldade, tantas lágrimas de coração sufocado...?!
Bem sei que somos todos diferentes. Que é difícil haver uma norma para o Mundo inteiro. É difícil chegar a um consenso porque sentimos sempre uma necessidade de pertencermos a um grupo, necessidade de termos uma identidade própria, de nos distinguimos como algo único e diferente de todos os outros... Em todas as culturas temos diferenças desde a língua à cultura, nas crenças, nos desportos, nas classes sociais, nos valores, nas prioridades, nos pensamentos... Não é preciso desaparecer essa identidade, podemos viver todos juntos. Já vivemos! Quando temos uma sociedade que precisa expandir horizontes pelo Mundo fora para sobreviver, então é porque essa sociedade consegue viver noutras culturas. Ainda assim, o Mundo inteiro luta por ganância e não por um Mundo melhor! Os países criam guerras para angariar dinheiro, com o pretexto de haver um inimigo... Criam intrigas para termos um "bode expiatório". Criam ideologias para haver sempre uma manada de seguidores fiéis. E prometem utopias para o resto do Mundo enquanto enchem os bolsos bem debaixo do nosso nariz...
Se o mundo, simplesmente, baixar os braços, se fecharmos os olhos, se nos conformarmos e desistirmos de lutar pelo Nosso Mundo, então que heróis seremos para os nossos filhos e netos e bisnetos e...? Quem irão eles apresentar às gerações seguintes com orgulho e peito cheio?! Que nomes vão dar às ruas?! Futebolistas? Como se mais nenhum outro desporto existisse? Banqueiros corruptos? Políticos gulosos? Não há mais descobridores, nem músicos, nem poetas, nem mesmo escritores como havia antigamente. Não há mais cientistas malucos, pintores exóticos ou um povo com garra, como havia no nosso passado, não tão distante assim.
Afinal, evoluímos em quê?! Em modernices que nos isolam cada vez mais e nem sequer servem para crescer espiritualmente? Em iPads, iPods, iPhones, iParvoiras mais que emburrecem toda uma juventude? Livros electrónicos que nem se sente o cheiro a papel morno devido às horas que nos passa pelas mãos; nem dá para escolher o livro por ter as letras maiores ou mais pequenas porque, afinal, são todos iguais; nem se pode ter o prazer de ver amarelecer as folhas, ao longo do tempo, pelo seu uso; sem ter aquele gozo de chegar ao fim, olhar para a grossura da história e largar um sorriso vitorioso; nem mesmo deixar cair uma lágrima, no final da história, e dormir abraçada àquelas folhas, companheiras, para querermos muito sonhar com elas... Matam-se sonhos sem darmos por isso. Cortam-se árvores prodigiosas com a delicadeza de um "não tenho tempo". Rega-se um futuro com cinzas porque um dia alguém disse que "fumar é bom".


O dia seguinte foi passado em casa, a actualizar-me, já que na Macaneta não tínhamos internet, a preparar a minha nova agenda (super personalizada), a definir as resoluções de Ano Novo, a facebookar e a ver o que há de novo nos e-mails. Ainda estive de conversa com a mamã e mais um pouco com o Pardinho. Há que matar estas saudades...

Sunday, February 01, 2015

Dia 151 - 4 Janeiro - Tem mesmo de ser?!

Levantámos mais cedo hoje para aproveitar o mar ao máximo. Está a maré mais vazia  e chega a fazer uma piscina à entrada do mar. Mas uma piscina onde perdes pé. E depois avanças e ficas com água pelo tornozelo numa areia mais fina. E aí sim, começas a ter mar e mar... A água hoje está um pouco menos quente que nos últimos dias mas, nem por isso, menos apetecível. Ficámos, por isso, cerca de 2h dentro de água. E, sempre, sem vontade de vir embora.



Quando nos forçámos a sair fomos directos para o banho de chuveiro. Despachar e arrumar as coisas para irmos embora a seguir ao almoço. Deixámos as coisas no quarto e fomos almoçar. Pedi o caril de galinha que gosto bastante.



Ao sair do restaurante o JG aproximou o carro dos quartos para ser mais fácil carregar. No caminho, fomos sendo acompanhados por uma manada que por ali passou na mesma altura.





Deste lado do rio a temperatura que se sente é como estufa. É pouca ou nenhuma a brisa que alivia este calor abrasador deste deserto. Conforme nos vamos aproximando do mar, aí sim, vamos sentindo o vento que nos faz dar passadas mais largas para chegar mais depressa ao oásis.
Foi só mesmo arrumar o que faltava e deixar as malas à porta para virem carregar para o carro. Nós só levámos as nossas malas de mão. Tirei as últimas fotografias do mar de hoje... Ai que vontade de ficar...


E seguimos viagem... Sabemos que temos pela frente um dia de muita paciência, por isso, não há planos, nem marcações. Chegamos quando chegarmos. A caminho ainda consegui tirar umas fotografias à fauna e à paisagem da Macaneta.









Eram 14h30 quando parámos o carro na fila para o batelão. Claro que houve já carros que passaram à frente. E não falo dos que pertencem aos resorts que vêm trazer pessoas. Esses podem porque vão só descarregar, não vão passar à frente de ninguém. São mesmo os bostinhas que se acham superiores aos outros. Mas estamos na boa, sem stress... Aproveitámos para tirar algumas fotografias nossas e da animação que é esperar nesta fila de 20 carros.




Uma arca frigorífica transformada em MyLove...


A previsão de espera...



Claro que fiz mais um amigo...


Até breve Macaneta!


Eram 17h44 quando o batelão começou a andar connosco em cima. 10 minutos depois estamos numa fila entupida, em luta, para sair.





Na volta fui anotando algumas curiosidades que se destacavam e que conseguíamos avistar de passagem. Coisas como:

"Colégio Real; 1ª á 5ª Classe" - Deve ser muito bom para ter logo erro ortográfico na publicidade.
"Agência Banzé" - Faz lembrar o "banzai!"... "Morreu?! Nós tratamos disso!"
"Ministério de Louvor e Adoração" - WTF?!
Um terreno com três edifícios colados uns aos outros que não têm qualquer tipo de ligação... ou têm?! Uma igreja, um posto policial e um hospital psiquiátrico!
"Mercearia Good Lucky" - Devia ser "xiro" o nome...
Vi uma "Barbeiaria"...

E fui tirando fotografias...










Esta noite está lua cheia... linda! Claro que todas as fotografias que tirei à lua estão impróprias para consumo. Mas como também estamos cansados da viagem... Vamos mas é dormir!