Levantei-me cedo e fui ao MT para me encontrar com a Cal, como tinha ficado combinado ontem. Dali segui para o escritório dela para passarmos o dia em trabalho. Entretanto, apareceu outra companheira e passámos o dia, as três, em brainstorming.
Foi no lanche da tarde que resolvemos ir tomar um café e refrescar as ideias. Sentámos na esplanada e, pouco depois, a nossa companheira exclamou «OOHHHHH!!!». Os olhos esbugalhados dela naquela única direcção fizeram-nos acompanhar a o "alvo" de tanto alarido era... um miauzinho com cerca de um mês de vida apenas. Ele estava assustado, como é normal, e fugia na direcção de uma loja, ou melhor, o refúgio mais próximo. Ela apanhou-o e perguntou, para dois funcionários lá dentro, que responderam quase em sintonia:
- É vosso?
1 - Não, não é nosso.
2 - Estou a vender!
Pegou no mimiuzinho e veio embora para a mesa já com ele a enrolar-se no lenço que ela tinha ao pescoço! Tão fofinho! Como qualquer animal bebé, como é óbvio, mas é mesmo lindo. Vem sujinho, pulguento, assustado e com alguma fominha. Mas não demorou muito a adoptar a sua "salvadora"! Rapidamente se anichou nela. Ainda tentou uma posição à "papagaio de pirata" mas não era aconchegante o suficiente e desistiu.
ARRRRRGH!!!!
A conversa ficou, com certeza, mais animada! Não tardou a surgir uma tigelinha com leite, que tivemos de diluir mas, mesmo assim, o leite não é a melhor coisa para lhes dar por serem intolerantes à lactose. Não tardou a aparecer uma veterinária por ali e a ajudar a nova dona com os primeiros cuidados a ter. Tratou-se logo disso e pouco depois já tínhamos ração adequada para kittens e desparasitantes, internos e externos, prontos a serem administrados. Os três primeiros granulados foram impingidos mas, a partir daí, foi só devorar mais e mais! Coitadinho...
Quando voltámos para o escritório a mascote já dormia calmamente e, de barriguinha cheia, dentro do casaco da nova "mãe". Fomos buscar as nossas coisas e não íamos demorar. Acabámos por ficar um pouco mais de conversa até que anoiteceu. Mas, como iríamos todas no mesmo carro, não havia grande problema. Acontece que este tempo a mais que lá ficámos fez toda a diferença... E aqui começam as nossas aventuras...
Já cansadas e carregadas de material para trabalhar dirigimo-nos para o portão de forma a podermos ir, finalmente, embora. Despedimo-nos do segurança que lá vai passar a noite e pedimos que nos abrisse o portão. O senhor veio, de facto, atrás de nós a carregar nos botões do comando à distância mas o dito continuava imóvel. Passou por nós já mais perto:
- Isto às vezes não funciona logo...
- Veja lá, gostamos muito de trabalhar, mas queremos ir a casa de vez em quando - dissemos na brincadeira.
- He he... - notava-se já alguma aflição naquela meia gargalhada - Às vezes só funciona em modo manual.
Ele abriu a caixa onde estão todas as rodas dentadas, luzinhas e fios de ligação do portão e começou a dar à manivela. Continuámos a conversa sem dar grande importância à situação. Depois de uns minutos à espera achámos que a coisa não estaria a correr mesmo nada bem. As grades não se moviam de maneira nenhuma mas o mecanismo fazia um barulham de vez em quando, dando a impressão de algo estar solto ou fora de sítio. Sem querermos entrar em pânico, mas entrando já em modo acelerado... arranjámos luz de um telemóvel e andámos os quatro idiotas, armados em Macgyver, a olhar para um mecanismo que nenhum de nós percebia, a tentar deitar para ali uns "pozinhos de pirlimpimpim"!
Ligámos para várias pessoas mas, àquela hora da noite, quem é que nos poderia vir salvar?! Ainda fomos buscar um escadote para trepar pelo muro mas aquela coisa tem picos de ferro espetados para proteger de assaltantes malandros. Eu já estava em modo de "sobrevivência" enquanto que elas já estavam a aconchegar-se nos degraus da entrada, encostadas à parede, protegidas pelos pingos de chuva. Voltei às traseiras e ouvi vozes na casa do lado. Espichei-me toda para chegar à porta das traseiras e fartei-me de bater e chamar «Oh vizinho!». Só vinham os miúdos à janela, diziam que estavam a bater à porta mas os adultos não acreditavam e não iam lá confirmar. Ainda devo ter levado uns 5 minutos naquela paródia até, finalmente, virem confirmar. Expliquei toda a situação, caricata pois está claro. E perguntei se não se importavam que pulássemos o muro para a casa deles e saíssemos por lá. Foram super simpáticos. Estava a chover, cada vez mais. Estavam acompanhados de 3 crianças que deliraram com a aventura.
Fui então, com o porteiro, buscar o escadote à parte da frente. Estavam lá as duas já muito desanimadas, agarradas aos telemóveis. Mas o telemóvel não era a chave da porta mágica.
- Vamos sair daqui agora! - Claro que ficaram sem perceber como e por onde. Tenho a certeza que a cabeça delas, na altura em que eu disse isto, estava bem carregada de pontos de interrogação. O porteiro só se ria do achievement!
O escadote tinha de estar do lado dos vizinhos porque o piso era muito mais baixo que o nosso. Deste lado bastava uma cadeira. Tínhamos de nos agarrar ao telhado ou às paredes para nos equilibrarmos no murinho estreito e conseguir lançar o primeiro pé ao escadote.
Grandes malabarismos! É o que vos digo! Fui a primeira a passar e a seguir a Cal. A nova adoptante teve que ir, nesta altura à wc... por isso, ainda esperámos mais um pouco até aparecer a nova mamã do mimiu. Aqui eu segurei no pequenino. Estava assustado, a apanhar chuva. Miava por tudo e por nada. Passaram, novamente, o escadote para o lado de lá, agradecemos muito a toda a ajuda do porteiro, a toda a família que nos facilitou a saída e fomos embora. Estávamos estoiradas!
Chegada a casa o JG ligou-me. Ainda tive de sair para o ir buscar ao trabalho porque estava a chover mesmo muito. Estava já tão acelerada que nem o medo se apoderou de mim... Peguei na chave, desci as escadas, entrei no carro e fui! Fui a conduzir! À chuva e à noite!
Claro que correu tudo bem. Acho até que, com esta adrenalina toda, me passou o medo de conduzir por cá... Talvez tenha sido a lição de hoje... UFA!
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