Tuesday, September 30, 2014

A VIAGEM DE REGRESSO - Parte II

A nutricionista chegou com os pais de carro. Foi quando vi o "sacalhão" que ia acompanhar o meu "malão enxôrissád"... nem sei como coube tudo no carro, mas "cabeu"! O "sacalhão" tem só coisas para oferecer aos meninos da Casa do Gaiato.
Seguimos para o aeroporto. O vôo é às 15h50 mas como é internacional tenho de lá estar entre 2h a 3h antes para fazer o check in. No estacionamento vi que o "sacalhão" tinha rodinhas, mas para mim não iria fazer muita diferença já que o avião o transporta e não eu - sorriso campeão!
No aeroporto fomos direitinhos comprar um cadeado para por no "sacalhão". Ainda queríamos pesar porque deveria estar com excesso de peso e, por isso, não "enxourissámos". Já com o cadeado na mão fomos de corrida até aos check ins, onde estava também a balança, daquelas industriais, claro. Fez-me lembrar a balança onde peso os miaus no veterinário. Tinha excesso e ela começou a tirar coisas menos importantes que poderiam ir mais tarde. Por curiosidade fui pesar as minhas: 24,700kg no "malão" e 9kg na mochila... ai "Jasus", na minha balança isto não estava assim! Bem, respirei fundo... na pior das hipóteses tirava-se o peso a mais do "sacalhão", mas não queríamos tirar de lado nenhum, só que também não queríamos pagar excesso de peso.
Ainda faltava algum tempo para fazer o check in, mas fui perguntar quais as minhas filas: olha que bom, são as últimas, mesmo ao lado da balança! Fomos logo para a fila mas ainda esperámos uma hora até abrirem. Entretanto a fila ia crescendo tipo nariz de Pinóquio ou pé de feijão... Deixei de ver o fim! O que ia acontecendo, e nos ia entretendo, eram as filas secundárias que iam surgindo assim como quem não quer a coisa. À nossa frente estavam uns tipos que não se calavam e reclamavam com os que se colocavam em segunda fila. A verdade é que, quem tinha crianças, podia passar à frente, assim como os de classe executiva e quem tenha pago a opção de entrar primeiro. Mordomias que o dinheiro compra, mesmo para quem tem crianças. Além desses à nossa frente havia também um espanhol engravatadinho, de fato cinzento claro, cara de mafioso e cabelo "lambido p'la vaca"! Aquele cabelo todo escovadinho para trás, com gel "êmonte" que não mexe nem por nada, perfeitinho tipo cabelo de Ken. Levava com ele um troley pequeno. Típico "empresário executivo", um título muito em voga que não diz nada e, na maioria das vezes, se define por "sou burlão", "tenho uma vida dupla", "procuro um ricaço para enganar" ou somente "procuro trabalho". Frases que podiam servir para a próxima casa dos segredos ou "secretos" (de porco preto) ou "degredos"... whatever...
Bem, o lambidinho foi ao balcão reclamar da segunda fila e dizer para que começassem a chamar pela fila original, a nossa. É que a certa altura a vergonha já não era nenhuma! Houve uma mulher que veio lá do "cú de Judas" mais um bocadinho, sem malas nem bagagens, só com um saquinho, discretamente e com a maior lata do mundo e do outro meter-se à frente dos que estavam em segunda fila!!! Se isto não é lata é uma fábrica de enlatados! A nós até nos caiu o queixo. O espanhol começou a sorrir porque viu logo os da frente... que nos viram de queixo caído e desataram a rir. Depois não fizeram mais nada, começaram a dizer em voz alta: "isto realmente... há uma fila que não é respeitada (e aqui viraram-se directamente para ela) por ninguém! As pessoas acham que podem passar à frente dos outros só porque sim..." Serviu-lhe a carapuça! Eu estava numa de "vamos todos no mesmo avião, ele não vai embora sem nós" mas a lata e a descontracção de algumas pessoas é realmente abismal.
Quando chegou a minha vez respirei fundo e lancei-me descontraída até ver o que me diziam pelo peso. Se houvesse problema seria só mesmo ali já que o check in já tinha sido feito online. Passou tudo com o limite de peso sem qualquer problema! OBAAA! Só não bati palminhas para não dar muito nas vistas, mas fiz um like quando me virei para eles! Depois seguiram-se as despedidas rápidas pois o tempo urge! Obrigada nutricionista e pais! Muito obrigada mesmo!

I'm on my own now... again!
Estava na fila para entrar para o terminal, mostras o passaporte, o bilhete e entras. Depois lembrei-me... tenho ainda uma sandes aqui que não pode passar comigo... mas também não quero deitar fora porque é de croissant muita BOM e... apetece-me! Parei no corredor, saquei o farnel da mochila e "morfei-o" mesmo ali antes de entrar para o raio-X. Calhou bem, até já tinha uma certa e determinada fome.
O vôo está marcado para daqui a 1h45, como é para Madrid fizeram a coisa mais perto da hora, mas dá-me o stress porque não posso atrasar nenhum! Tenho mais duas escalas para fazer e tem de correr bem ou... corto os pulsos com uma colher de plástico! (não tentem fazer isso em casa... não resulta e é estúpido)
Ainda na fila para o raio-X comecei a tirar coisas dos bolsos e a por na mochila, incluindo anel, fio, relógio e cinto (se tivesse). Depois só tive de tirar o portátil e pronto. Depois de passar ponho o meu material todo num só tabuleiro e levo para a mesa em frente para me compor, assim como as pessoas que saem dali quase despidas porque tiraram o cinto e têm as calças a cair, com a fralda da camisa toda amachucada e de fora; em meias porque os sapatos têm aros de metal; descabelados por causa da pressa e da azáfama... vê-se de tudo.

A seguir tenho as escadas. Já estou uma Pró do aeroporto de Lisboa. Para quem não sabe, ao cimo das escadas começam as lojas. Aquilo é um mundo que faz muitas pessoas voltarem para trás porque não querem comprar nada e têm medo que lhes cobrem só a entrada. Mas aqui a Pró vai em frente e dá a volta na maior das descontras. Passo pelos restaurantes e só quero mesmo chegar ao meu terminal para sossegar o stress. Passei pela fronteira e estou em terra de ninguém. Andei mais uns quilómetros (é tudo lá loooonge) e cheguei ao meu terminal.

Sento-me de frente para o balcão ainda encerrado, estou pronta. Lá fora chove, está cinzento, é o Outono a chegar.
Esperei ainda uns bons 45 minutos. Ia observando uma família de italianos. Um casal jovem com três crianças: 10, 6 anos e um de meses. Os miúdos andavam a brincar por todo o lado, o pai deambulava com o carrinho vazio e a mãe entretinha o caçula com aquelas caretas parvas que toda a gente faz para as crianças. Ao meu lado sentou-se uma rapariga aficcionada pelo seu portátil. Quando chegou já o tinha aberto, quando foi embora levou-o aberto, na mão e não parava de teclar. Ainda sentada ao meu lado falaram pelo microfone sobre o nosso voo... oh que surpresa, está atrasado! O stress é bruxo! Encontra-me em todo o lado.
- Qué passa? Está atrassádou? - perguntou-me ela em "espanholez".
- Si, una hora.
Foi quando ela se levantou como se fosse procurar outro voo. Entretanto fomos entrando, claro que já não ia sair a horas porque a hora já tinha passado e ainda nem estávamos dentro do avião. A fila começou a formar-se novamente atrás de mim... começo a sentir que tenho uma cauda mentirosa... (porque cresce como o nariz do Pinóquio, só que para trás de mim) Ainda não tinha começado bem a viagem e já estava estoirada. Afinal levantei-me às 6h!

Meteram-nos no autocarro até ao avião e depois subimos pelas escadas para dentro do avião. Senti-me um pouco claustrofóbica... bem sei que é uma viagem de curso pequeno, só até Madrid, mas... ai que sufoco. É mais pequeno que andar de autocarro. Dois lugares de cada lado e a classe executiva só está dividida por cortininhas minúsculas que pareciam um colete aberto ali pendurado, com buracos para os braços e tudo. Mais uma vez respirei fundo e comecei a apreciar as ironias... Ao meu lado vinha o espanhol lambido e à minha frente a espanhola aficcionada pelo portátil, já com o portátil no colo.

A minha sorte é que o voo é mesmo só de uma hora e demorou pouco até respirar ar puro de novo.
Hola Madrid! Qué tál?

Saturday, September 27, 2014

A VIAGEM DE REGRESSO - Parte I

Ai que dia longo que me espera...

Levantei ainda de noite (6h15) pois tenho o combóio das 7h para apanhar e o Alfa-Pendular não espera! A minha mamã veio comigo, queria estar comigo o máximo possível pois não sabemos quando nos voltamos a ver pessoalmente... é triste pensar desta forma e prefiro nem pensar...
Fomos no meu popó até à estação e, cedo como era, foi fácil arranjar estacionamento. Tinha um "malão enxôrissád" de 23kg e uma mochila de 8kg. Em Lisboa iria ter outro malão de 23kg à minha espera... Ontem à noite pesei as malas e estavam com 22kg e 7kg e qualquer coisa. Portanto, vou nos limites permitidos.
A mamã esteve comigo até o combóio começar a andar... Depois teve de ir embora a pé. Segundo ela, eu trouxe o sol de férias comigo e levei-o de volta pois a caminho de casa apanhou chuva. Até já...

O "malão enxôrissad" coloquei à entrada da carruagem, na prateleira de baixo, nem o conseguia por de outra maneira. A mochila veio sentadinha ao meu lado porque não tinha companhia. Fui sossegada a ver a paisagem durante algum tempo. Ia pensativa e a tentar não pensar em como poderia ficar enjoada que nem uma vaca como é costume no Alfa Pendular.
Na paragem de Loulé entraram pessoas, incluindo um senhor que tinha o bilhete para o lugar da minha mochila. Mas quando a viu:
- Este é o meu lugar... mas deixe estar, vou para outro, se entretanto entrar mais gente logo venho para aqui.
- Tem a certeza?
- Sim, não se preocupe
- Obrigada! - que atencioso!

Continuei a contemplar a paisagem mesmo que sem olhar para o que estava a ver... estava longe dali... Estava ainda em casa com a minha mãe e os meus "mimius"! Estava ainda deitada na areia a sentir os salpicos das ondas a refrescar a minha pele aquecida pelos raios de sol... Estava ainda embrulhadinha no sofá a contemplar o farol com o reflexo da lua cheia a brilhar no manto de água que nos distancia... Estava ainda no meu popó a conduzir com o cotovelo de fora, a ouvir música inspiradora em altos berros, sem destino... free as a bird!

Em Albufeira entraram as pessoas todas dos lugares que faltavam preencher! Claro que o outro senhor veio para o lugar dele e a minha mochila para os meus pés. Foi então nesta viagem para Lisboa que conheci o Einstein, tem um pouco de louco ou de "neurótico" como ele próprio se auto-intitulava. É uma pessoa impecável que me fez companhia toda a viagem. Tem uma história de vida única e fascinante, está ligado ao ambiente e é uma pessoa extremamente culta!
Em certa altura falávamos da forma como os animais são tratados em cativeiro com a finalidade de nos servirem de alimento. São formas tristes e indignas como muitos animais são tratados durante uma vida condenada a ser apenas um prato principal. O Einstein defende que os animais podem e devem sentir-se bem, mesmo que o objectivo seja o mesmo. Com um sorriso nos lábios ele disse:
- Não há nada como comer animais felizes!
Quem me conhece sabe que sou toda a favor dos animais e não suporto vê-los sofrer ou a serem esfolados mesmo depois de mortos. A minha hipocrisia é ser carnívora... E sim, como carne de animais que não são felizes. Não me orgulho. É a minha natureza. Talvez se a sociedade em que vivo fosse habituada a ser vegetariana eu não comesse carne. Talvez se eu me adaptasse... Mas também posso dizer que sou comodista nesse sentido... A verdade é que sinto falta de carne sim. Não me importo de comer mais vegetais e comer carne 3 ou 4 vezes por semana. Mas eventualmente vou comer. Mas já que a como preferia que essa carne fosse de um animal que tivesse tido uma vida longa e feliz! Já há algo que faço nesse sentido: não como vitela. Mas como frango... e o frango que comemos tem 15 dias de vida ou pouco mais... Também não como coelho desde que tenho gatinhos. No talho fazem lembrar gatos... não consigo!

Por falar em animais... estou enjoada... não como uma vaca, mas como uma bezerra!
Já esperava que isto acontecesse. Há uns anos atrás aconteceu-me o mesmo no Alfa Pendular e nunca mais fiz questão de andar nisto, mas é o único horário compatível com as minhas necessidades de hoje e não tive hipótese. Fiz o que o "pardinho" disse, virei-me de lado para não balançar de lado, mas sim de frente... a bezerra continua amarela... Comentei com o Einstein como me sentia, ele disse que poderia ir para a cabine com o motorista, que seria a única forma de passar o enjoo. Achei piada à ideia mas tinha a sensação de que se me levantasse não chegava à porta limpinha e a cheirar bem... É melhor ficar "sugadita" no meu canto a "bezerrar"...
A conversa continuou todo o caminho o que me foi entretendo e, quando me sentia pior fixava um ponto naquele padrão de tecido dos bancos. Ia bebendo água, um golinho miserável de cada vez. Em Entrecampos saímos. Ele ia a uma conferência e eu tinha de ir ao MNE, outra vez!

O Einstein ajudou-me o tempo todo, foi o meu anjo da guarda até seguir o caminho dele. Foi ele quem tirou o meu "malão enxôrissád" do lugar, do combóio e quem o pôs no elevador, que entretanto começou a apitar por excesso de peso. Mas mesmo depois de toda a gente sair do elevador o parvalhão do dito cujo continuava a apitar. Depois disso levava uma pessoa de cada vez quase! Tripou! Lá em baixo, o Einstein ajudou-me a puxar pelo "malão"! Andávamos feitos loucos à procura de táxis! Eu nunca tinha ficado nesta paragem, é certo, mas a complicação de se chegar aos táxis é absurda. Demos voltas e mais voltas, havia outra rapariga com um malão do mesmo género mas em rosa choque a perguntar, feita louca, a toda a gente onde se apanhava um táxi. Mas foi o Einstein que perguntou num quiosque e a senhora respondeu:
- É já ali! - apontou para o que parecia ser uma paragem de autocarro.
Ele ajudou-me a chegar lá o mais rápido possível e a proteger-nos dos salpicos que começavam a chatear... chuva molha parvos agora não dá jeito nenhum! Foi aqui que nos despedimos. Desejo tudo de bom para o Einstein e a sua família! Obrigada.
Pouco depois chegou a rapariga da mala rosa-choque. Estava uma fila de gente, por ordem, e a rapariga ficou no fim da fila. Ela sabia e eu sabia, que quem tinha chegado ali primeiro era eu, embora eu estivesse protegida pelo tecto da paragem. Ainda assim ela virou-se para mim com cara de Madre Teresa:
- Pode apanhar o próximo, não tem problema - mais sei eu que não tem problema e que eu é que apanho o próximo! Cheguei primeiro! Ou em Inglês "yeah, bitch, I know I'm first!... bi-a-tch!" Coitada, não estou a insultar a prestável rapariga mas é que a conversa continuou e não achei grande piada ao resto porque eu respondi:
- Obrigada! - com um sorriso genuíno - Também estou com alguma pressa...
- Não estamos todos?! Toda a gente tem pressa... - foi aqui que deixei de achar piada à conversinha mas ainda assim retaliei com...
- Sim, mas vou apanhar um avião e ainda tenho de tratar de uns assun... - esquece! Porque raio perco eu tempo com isto?!
Meti-me no táxi que entretanto chegou e me pôs a mala no porta-bagagens. Bye bye!

O taxista foi outro prato! Um senhor que pelo aspecto me fez lembrar o Benicio Del Toro mas com 60s e tais, que se ele não me tivesse dito eu nunca diria que tinha aquela idade. Ele adorou saber que aparentava ser mais novo e começou a dizer que usava cremes desde que sabia que os da mulher resultavam. Mas, em tom de gozo e a falar a sério, disse que funcionavam melhor nele que na mulher. Mulher de quem estava separado, mas são muito amigos e o mais certo é voltarem um para o outro, já que se continuam a encontrar e o mais certo é esta separação apimentar a relação de ambos... O Benício estava embalado e eu não me importei nem um bocadinho. Se a viagem fosse até ao Algarve ele acabaria a superar todos e quaisquer traumas de infância e na volta já estaria a ligar à mulher para ir ter com ele à penthouse do hotel mais elegante da cidade, com direito a morangos, champagne, velas e um jacuzzi na varanda em noite de lua cheia!
Foi um gentleman em deixar-me mesmo à porta e a tirar-me sempre a mala. Muito querido mesmo. Quem dera a muitos taxistas!

Ainda agora a viagem mal começou e já estou a sentir-me mais rica em experiências!
Ok, estou em frente aos meus amigos do MNE. Entrei e fui logo atendida. Não tive de esperar. Óptimo. Fico despachada e muito mais tranquila.
A nutricionista vinha buscar-me em breve, eu só teria de aguardar. Então sentei-me num banco do jardim. Aproveitei para comer um pouco do que a minha mamã preparou para mim. Estava com fominha e tinha de almoçar antes de entrar no avião.
Por trás de mim andavam uns gatinhos que vivem por ali. Já da outra vez eles lá andavam. Miavam para chamar atenção mas depois escondiam-se quando alguém se aproximava. Eu fiquei no banco a chamar por eles. Mas entretanto fui lá com fiambre na mão... não fugiram, antes pelo contrário, saltaram do muro para vir ter comigo! Além de não terem medo, sentem que eu sou boa pessoa! Isso preenche o ego de uma pessoa...



Por cima há árvores até dizer chega. Verde, muito verdinho esse que me protegia das tímidas gotas de chuva que caiam de vez em quando. A certa altura sinto uma movimentação mais agitada que uma brisa normal a sacudir a folhas... Depois de quase ficar com os olhos tortos localizei a "agitação"...


Que raio faz um papagaio verde de bico vermelho aqui?! Tão giro! Desde aí passei a segui-lo. Esvoaçava de galho em galho de vez em quando, picava aqui e ali... estava entretido! E eu com ele!
Devo ter ficado aqui umas 2h, mas estava tranquila, tinha muito tempo até a nutricionista passar aqui.
Ela ligou! Está a chegar!

Friday, September 26, 2014

O resumo das férias em família

Não me posso queixar totalmente do tempo que estive agora em Portugal. Claro que o pior foi mesmo estar longe do JG e ter gasto mais do que prevíamos. Mas tudo o resto... foram férias!

Assim que cheguei comecei a mostrar algumas das coisas que se encontram por cá. Peças únicas, artesanais. E a minha vovó adorou cada segundo! E eu de te ter por aqui Mammy! Calhou mesmo bem! E não podia ter corrido melhor! Amo-te muito Vovó Donalda!


Ainda para mais conseguimos assistir ao espectáculo da lua a nascer como que uma bola de fogo! Estava linda, as fotografias não são representativas de tamanha beleza... Foi um espectáculo digno de se ver ao qual assistimos de camarote!



Claro que as saudades dos mimius eram mais que muitas! Não me largavam por muito tempo, nem eu a eles!


Até a sair do banho me deparo com este show! A porta estava aberta mas água?! Não, obrigado.


O Simão na floresta amazónica.


Está nas suas sete quintas!


A dormir enquanto a minha mãe toma o pequeno-almoço de 7 horas.



Dormem e brincam sempre por perto. De preferência encostados ou em cima de nós.


O meu príncipe! O meu bebé! O meu bezerrinho pachorrento!


Em qualquer posição "abstôncia"!





E sim, dormi com os mimius! Acho que todos sentíamos saudades...




Achavas que me esquecia de ti mamã?!
Não foram muitas as idas à praia, mas fomos algumas! Love you!


Tive direito a mordomias que não tinha há bué! Levei o sol e trouxe o sol!
E estive sempre em boa companhia! Com o "Pardinho", com mais famelga, com as amigas da mamã, com os meus amigos... ia vendo uns aqui, outros ali... o difícil era estar com toda a gente! Mas foi muito bom!

Beijos a todos!
Até breve!

Thursday, September 25, 2014

A ida a Lisboa - Papeladas & Burocracias I!

Acordei exactamente na mesma posição em que me deitei e parecia ter sido há 5 minutos... Foi o Peter que me acordou e eu estava tão compenetrada na coisa que me babei!
Mas tinha que tratar das coisas e isso fez-me acordar fresca que nem uma alface apesar do sono que me perseguia. Além disso, ia hoje para casa! Levantei-me e vesti-me mais depressa do que abri os olhos! Quando dei por mim estava de mochila às costas, pronta para sair de casa. Despedi-me das meninas que entretanto se levantaram. São daquelas pessoas que surgem na nossa vida mas que sabemos que o mais certo é nunca voltar a ver... Apesar de ser bom conhecê-las, a pessoa nunca quer criar laços muito fortes.
Desci com o Peter e a sua bike. Ele acompanhou-me até ao autocarro e despedi-mo-nos. Eu só iria tratar do que não pude tratar ontem e seguiria para casa. Vamos ver se hoje alguma coisa corre como planeado! Até breve Peter, obrigada por tudo!

No autocarro já sabia onde ir ter, tinha tirado as fotografias e já conhecia melhor o caminho a pé. Easy! Nem foi preciso pedir indicações ao motorista. E melhor do que isso tudo: o bilhete que tirei ontem para os autocarro tem a duração de 24h. Como menina responsável que sou guardei o talão - até porque diz mesmo que é conveniente guardar o comprovativo da compra - e estavam lá as horas a que o tinha comprado. Ou seja, continuei sem pagar a mais pois ainda estava válido!

Cheguei ao meu destino, até já estou a ver a "minha rua". Quanto não valeu ontem ter vindo até aqui... Fui toda feliz até ao consulado mas antes de lá chegar começo a ver cabeças... instantaneamente começo a contá-las... 1, 2, 3, 4... ah ok, 'tá-se bem!
Isto porque só são atendidas as primeiras 30 pessoas. Há somente 30 senhas para pedir visto. Se fores o 31 é melhor voltares no outro dia!
Eram 8h11 quando olhei para o telemóvel. Não uso relógio porque tenho pulsos muito fininhos e, geralmente, dançavam-me no pulso, nunca estavam virados para o lado certo e, pior, puxavam-me os pêlos e isso dói!
Bem, isto supostamente só abre às 9h, por isso, sei que vou esperar. Foram chegando mais pessoas e todas iam perguntando quem eram os últimos da fila. Uns sentavam-se no passeio, outros falavam ao telemóvel com auriculares... Parecem maluquinhos! Especialmente quando estão a olhar para ti e a dizer coisas do género "tá?" e tu ficas na dúvida se estão a falar contigo, se é com a pessoa ao teu lado ou atrás de ti... e depois vês os fios e sentes-te a pessoa mais transparente porque, embora olhassem na tua direcção, não te estavam a ver e podias estar ali a fazer o pino, com hula hups em cada perna, a servir bananas numa bandeja... que ninguém dava por ti!
Depois tens a mãe e a filha a lerem uma revista cor-de-rosa para fazer tempo. Coxixam o tempo todo sobre a vida dos outros. Ou as amigas que falam alto para todos acompanharem a conversa, só baixam o tom quando é para dizerem nomes feios... guess what?! Ouve-se na mesma! Ainda há os que fazem vida disto. São pessoas que tratam de papelada das pessoas que vão para outros países. Ou a título particular ou através de agências de viagens. Andam geralmente de mota para não apanharem trânsito. Chegam como se aquilo fosse tudo deles, conhecem a maioria das pessoas que vão cumprimentando como se de fãs se tratassem - apertam as mãos mas nem olham para as pessoas (alguns...). E há os tímidos... enfezadinhos, com roupas decentes mas mal vestidos porque usam as calças clarinhas subidas como se fossem saias de princesa, depois parece que atravessam as cheias porque em baixo ficam curtas... As camisas escuras por dentro das calças, claro, mas com os botões todos apertados até ao pescoço, sem gravata... que sufoco! Para completar usam sapatilhas porque andaram muito ou ainda vão andar e é muito mais confortável; uma sacola a tira-colo para o lado direito e outra para o lado esquerdo! Aposto que o dinheiro está algures dentro das cuecas!

São 9h e chega pessoal que trabalha ali mas não tem a chave e ficam cá fora de conversa com os que fazem vida disto. Muita conversinha de chacha, muitos sorrisinhos peganhentos como que a besuntarem mel para colar mais depressa. Faz parte do biz... Eu compreendo e até acho piada, mas estou farta de estar à espera, cansada e quero ir para casa. 9h15 chega o boss cá do sítio. Pensamos que vai abrir agora... começa a entrar o pessoal que lá trabalha... mas o portão continua fechado. Afinal acho que só abre às 10h! Foi quando começámos a entrar. O boss veio ao portão.
- Bom dia. Tem os papeis? - Tens de mostrar logo tudo ali à entrada, ele dá uma vista de olhos e entrega-se a senha (um cartão plastificado com o teu número). Sou o 6! O ser humano fica em êxtase com coisas tão estúpidas...

Entrei, sinto-me uma VIP! A casa tem um acesso do lado direito onde os clientes aguardam por ser atendidos. Claro que esbarrei logo com a porta. Tento abrir, nada, empurro, puxo... nada! Estavam dois jardineiros encostados a uma pá gigante a olhar para mim com cara de gozo...
- Tem de bater à porta!
- Ah... pois claro. Obrigada. - cara de tacho!
Coisa esperta a porta fechar e ter de bater à porta para abrir... já é difícil conseguir senha! Deixar a porta aberta, não?! Enfim, respira fundo e conta até mil... zen! Sento-me mas rapidamente vou ao balcão pedir uma ficha para preencher. Sei que é necessário e o boss disse para pedir quando entrasse. Estavam outras pessoas ao balcão do lado esquerdo com uns pedidos demorados e a senhora começou sem perceber bem o que pediam. Levei uns 10 minutos só à espera de poder pedir a folha, depois foi só pegar numa folha de um monte que estava mesmo ali e entregar-me! Porque é que esses documentos não estão do lado de fora?! As pessoas têm de os preencher!
Sentei-me e fui preencher. Rapidamente tinha tudo pronto mas estava mesmo cansada e estava ali qualquer coisa mal, mas ok, pergunto quando for a minha vez. Não demorou até ser chamada. Claro que tinha ali uma coisa mal e tive de preencher outra folha. Cheguei-me para o lado e preenchi outra. Entretanto tinha ali as fotografias que tirei ontem, mas eram 4 e deram-me uma tesoura.

Ontem, quando fui comprar a roupa para hoje aproveitei e fui a uma daquelas máquinas de fotografias rápidas que estava na estação de combóio em frente ao MacDonalds. Mesmo a jeito. Aproveitei as 3 oportunidades para escolher a melhor. E uma delas até foi com língua de fora... Alguma tinha de ser com careta senão não tem piada. Já é suficientemente mau ficar parada, a apontar para o centro e a fingir um sorriso à espera de levar com o flash. Mas, foi rápido e eficaz.

Bem, recortei as fotografias, preenchi a folha como deve de ser e aguardei que ele me chamasse de novo. Entreguei a papelada e perguntei se havia algum documento que tivessem de carimbar para apresentar cá relativamente a trabalho. Disseram-me que eu é que tenho de saber essas coisas... Really?! Enfim, paguei e vim embora com o recibo para vir levantar uns dias antes de viajar. Nesta altura já estava combinado entregar esse recibo à minha amiga nutricionista. Ela viria depois levantar o meu visto e, como iria levar-me ao aeroporto no dia da viagem, entregava-me os documentos.

Saí, agora sim, aliviada. De repente sinto o cansaço todo de uma só vez. Respirei fundo e até me deu vontade de chorar pelo stress todo. Mas não chorei, sorri como se o dia finalmente brilhasse para mim! Agora só tenho de ir ter aos autocarros a sete rios para apanhar o meu para casa. Nesta altura já o bilhete diário de ontem não está válido. Mas como tenho tempo vou andando e fui ter novamente ao pé de casa do Peter. Aqui é um centro onde tenho o MacDonalds e aproveitei para comprar o almoço e onde há muitos autocarros a seguirem para zonas diferentes, pode ser que algum vá directo. Mas não, tenho de apanhar dois. Perguntei e o motorista ajudou-me, disse que quando fosse para sair me dizia para eu poder apanhar o outro. E foi impecável. Quando saí tinha duas paragens, mas estava meia lerda de cansaço e só vi a primeira. Fui direitinha ver o percurso dos autocarros e nenhum deles falava em sete rios... comecei a entrar em pânico e a ver-me perdida algures no meio de... nem sei onde estou! Mas depois olhei para o lado!... Há alturas na vida em que uma pessoa se sente tão burra mas tão burra... e depois olhas à volta para ter a certeza que ninguém se apercebeu como se tivesses dado um trambolhão! Ainda é pior... Se for preciso, quando encontras a solução, até te ris da parvoíce anterior e aí sim, as pessoas olham para ti como se fosses um bicho do outro mundo!... Ah, who cares!? Sinto-me tão cansada que me sinto a viver tudo isto através de um filme na TV, como se pudesse fazer o que me apetecesse porque na verdade estou em casa... Não, não estou! A paragem ao lado tinha todos os autocarros para sete rios...

Next stop: Sete rios!
... Não conheço nada disto... Nem foi aqui que apanhei o autocarro ontem! (respirei fundo... bem fundo) Comecei a ler tabuletas, não encontrava pessoas com malas que pudessem ir para o mesmo sítio que eu, vi a entrada do metro e enfiei-me lá para dentro. Podia dizer coisas para pedestres, coisas úteis! Nada, saí só do outro lado da rua... Vi o Jardim Zoológico, gostava de estar com paciência para lá ir, mas agora calha mesmo mal... Olhei para os edifícios à minha volta e havia um maiorzito que poderia ser o terminal dos autocarros. Depois de atravessar umas 10 passadeiras cheguei lá! Era mesmo! Pronto, são 12h, só tenho de esperar até às 15h10. Andei a fazer tempo, acabei por almoçar o hambúrguer que tinha na mochila, sentadinha no meu canto. Assim que o posto de informação abriu fui tratar da transferência de bilhete de ontem para hoje (já tinha sido tratado por telefone). Sem stress.

Basicamente andei a bezerrar enquanto esperava pela nutricionista que vinha ter comigo. Estava quase na hora de ela chegar e vejo uma senhora dos seus 70's a arrastar um malão quase maior que ela, mais dois sacos de desporto sem rodinhas... dava dois passos, parava, dois passos... fui lá, claro!
- Boa tarde! Posso ajudá-la?
- Boa tarde... Oh minha querida, obrigada!
- De nada, ora essa.
- Já me dói tanto as costas e eu tenho aquela doença dos ossos, sabe? - sorri, se não tens uma coisa simpática para dizer, cala-te!
- Não me custa nada ajudá-la. Vai onde? Bilheteira?
- Sim, tenho de comprar o bilhete.
Estive na fila com ela, afinal ia para o mesmo sítio que eu mas apanhou um autocarro mais cedo que eu. Já eram 13h e o dela saía daí a uma hora. Foi quando chegou a nutricionista e veio ter connosco. Pelo bilhete da senhora vi onde iria partir o dela e deixei as malas da senhora mesmo em frente.
- Muito obrigada minha linda! Isto hoje em dia, já não se vê tanta ajuda e faz tanta diferença...
- Não se preocupe, há-de haver sempre alguém a tomar conta de nós! Há sempre alguém! Faça uma boa viagem e peça ajuda para porem e tirarem as suas malas.
- Obrigada...

Eu e a nutricionista fomos para um lugar mais recatado da confusão por a conversa em dia enquanto não chegava a hora do meu autocarro. Dei-lhe logo o recibo para não me esquecer à última da hora. E como havia conversa! Passou num instante!
A viagem no autocarro é feita a ver um filme, mas cansa porque podiam ser dois filmes! Só me apetece dormir e não consigo. Ando, literalmente, com a cabeça aos tombos! Por não me lembrar de alguns momentos tenho quase a certeza que dormitei tipo KO! Sei que uma das vezes acordei por ter batido com a cabeça no vidro... dói. Outra foi o cotovelo que falhou.

Cheguei a Faro! Nem quero acreditar! Fui direitinha para o carro que estava mesmo ali ao lado. Estacionei e, depois de entrar em casa... não tenho sono! Será possível?! Andei de um lado para o outro e sono que é bom neps! Só mesmo à noite consegui cair dura na cama! E apaguei...
Mission accomplished!

Tuesday, September 23, 2014

A ida a Lisboa - Papeladas & Burocracias I

A viagem a Lisboa estava já programada para assim que tivesse o bilhete de avião comprado. Assim que o tinha na mão iniciei a aventura de ir a Lisboa. Falta um mês para voar.
Só podia ser às 2ª, 3ª e 5ª, dias em que o Consulado aceita os pedidos de visto. Durante o fim de semana fiz o trabalho de casa: vi onde ficava o quê, os transportes que teria de apanhar, o bilhete diário para andar de metro e "chapa", as horas a que chegava e a que ia embora de novo... Estava tudo programado ao milímetro! Só podia correr tudo muito... mal!

Eram 5h45 quando saí de casa para apanhar o machibombo das 6h15. Estacionei o carro perto do terminal e juntei-me, meio irrequieta, aos restantes passageiros que por ali deambulavam ensonados. Eu, depois de acordar, fico mais fresca que uma alface! Só me saem parvoeiras da boca e, se fico calada, parece que tenho bicho-carpinteiro! Vinha cá fora ver as estrelas que dormitavam como a maioria das pessoas. Voltava lá para dentro na esperança de estarmos já a entrar... nada. O autocarro chegou pouco depois, vinha de outra ponta do Algarve para seguir viagem para a capital.
A viagem foi tranquila. Eu tinha pedido um lugar em que pudesse ver o filme, que passam em todas as viagens, para não ter de me limitar à minha insuportável paciência de me restringir ao meu lugarzinho insignificante! Vi o sol nascer e o mundo a acordar.

Quando chegámos fui direitinha ao metro para adquirir o bilhete diário de 6€ que me permitiria viagens ilimitadas em todos os metros e machibombos da rede durante 24h. Perfeito! Já cá canta! Meti-me no metro direitinha ao Consulado/Embaixada de Moçambique, que eram no mesmo local. Na saída do metro aquilo baralha-me mesmo por causa das milhentas saídas. Escolhi uma e perguntei a um polícia onde seria. Claro, só podia ser na ponta oposta. Tá-se bem, fui lá ter.

Estranho... sou a única pessoa!? Nem há fila! Dirigi-me ao balcão e disse que queria pedir o visto, mostrei a papelada toda... Vou resumir esta parte porque caiu-me tudo ao chão...
  • O Consulado tinha mudado de poiso há uma semana atrás.
  • O registo criminal que tinha não servia porque dizia "para efeitos de visto" e tem de dizer "para efeitos de trabalho no estrangeiro"
  • Além de ter de tirar um novo registo criminal tenho de o autenticar no MNE (Ministério dos Negócios Estrangeiros)
  • Quando for ao Consulado (já só pode ser amanhã) tenho de ser das primeiras a chegar porque só dão 30 senhas - Isto já eu sabia.
  • O novo local do Consulado fica ao pé dos restantes consulados... no Restelo. hum!? Como eu adoro andar perdida em Lisboa... é tudo "já ali"!
Ok, depois do choque, compus-me e fui à luta! Ainda bem que vim numa 2ª, para poder estar cá amanhã de manhã. Comecei os telefonemas para trocar o bilhete do machibombo de volta para casa e para poder permanecer esta noite. O bilhete diário é válido por 24h, significa que amanhã posso usá-lo para lá chegar, mas já não para voltar... resolve-se.

Voltei a entrar no metro em direcção ao Oriente para tirar o novo registo criminal para o outro efeito... para que serve isto afinal?! Não é o mesmo registo criminal limpo?! Porque é que tem de dizer para que efeitos é que é?! Só é válido por três meses, depois disso já não serve para mais nada. Enfim, é daquelas coisas que não se compreende...

Entra no metro, troca de metro, sai do metro, sobe escadas, desde escadas... perdi a conta daquilo que andei neste dia.
Disseram-me que o pedido de visto ficaria logo num edifício grande do lado esquerdo ao Centro Comercial Vasco da Gama... o "já ali" ficava a um quilómetro de distância. Mas não apanhei machibombo porque seria "já ali". Fui andando ao calor, pelo bafo que se fazia sentir sem nenhuma sombra para atenuar a transpiração. A mochila começa a pesar... Lá achei o dito cujo... Cada edifício com a sua função, ou numa forma mais popular, cada macaco no seu galho! Não havia "cidade" mais pequena?!

http://fotos.sapo.pt/9yZLqNGaqgqCDZmOKt98/

Lá fui onde me competia tirar o registo criminal que é "tirado na hora". Sim, claro. Entrei numa sala para aí com o tamanho de 4 salas de aula. Metade com secretárias lá atrás e balcões à frente, a outra metade com cadeiras em fila como que para assistir a um espectáculo e um espaçorro enorme que dava para fazer uma apresentação de ballet!
Silêncio quase que absoluto, ouvia apenas alguns susurros e os apitos das senhas a passar, o que já não é mau... Aguardei pacientemente pela minha vez, não me restava mais nada. Pedi o que queria e dei o baza o mais rápido possível.

Agora tenho de apanhar os transportes de novo para ir ao MNE que fecha para almoço às 12h. E agora apanho o metro ou o machibombo? Acho uma coisa do outro mundo aquelas pessoas que sabem que autocarro devem apanhar para ir ter onde querem... é um autêntico fenómeno! É que são tantos que nem horários têm! Lembro-me de uma vez que pedi o horário dos autocarros a uma amiga minha (que, por acaso, era da minha terra, mas estava a estudar em Lisboa). Primeiro ficou a olhar para mim como se eu fosse de outro mundo... e realmente sou! Com muito orgulho! Depois ainda tentou...
- Mas não há horários...
- Não há?! Oh, que disparate! Tem de haver alguma coisa onde me diga que autocarro vai para onde quero ir, senão como vou saber quais os que quero apanhar?!
E então ela foi buscar-me um dossier! Um dossier!?! Aquilo era mais grosso que os meus apontamentos da escola!!!

Bem, por me lembrar disto optei mesmo por ir andando até ao metro, aí sinto-me muito bem, consigo planear a minha viagem. Além disso, já tinha feito o trabalho de casa, só tinha de voltar à estaca zero e começar uma nova viagem. A desvantagem de não saber ir lá ter de outra forma é que não chegas a horas... Depois do metro tinha de apanhar um autocarro. Sabia qual queria, só tinha de o apanhar no Marquês. Já foram ao Marquês apanhar um autocarro?! Saí do metro, provavelmente, na saída errada, para variar e fui dar ao lado oposto. Senti-me a sair do esgoto para o mundo exterior! Acho que um campo de futebol é mais pequeno e menos agitado que aquilo! Comecei a atravessar estradas e passeios até chegar, supostamente, onde estavam autocarros e procurei pelo número que me levaria ao meu destino. Quanta importancia pode ter um simples número...

Depois de dar a volta àquele mundo senti-me frustradíssima... aquele número não existe em lado nenhum! Mas não me podia ficar. Entrei num autocarro e perguntei onde apanharia o dito cujo.
- Ah menina - já tou naquela idade que o chamarem-me "menina" soa muito bem! - é numa transversal ali atrás. É só virar a esquina, não tem de atravessar a estrada.
Olha que bem, tão perto e tão long... AAAAAAAHHH Já foi! Acabou de passar por mim na esquina com a pica toda! Tenho de esperar pelo próximo... Cheguei à paragem, o único local ali na zona que não estava a sombra e apanhava com a bola de fogo de chapa!
Vinte a trinta minutos de espera pelo próximo?! Santa paciência... se fico aqui esse tempo todo frito! Tive mesmo de me abrigar à porta do banco. E já sentia um sufoco de tanto calor.

Meia hora depois já se tinham agrupado ali os restantes passageiros e chegou, finalmente o meu machibombo. Entrei e perguntei qual seria a paragem do MNE. Escusado será dizer que o motorista não sabia. Então apliquei os conhecimentos do meu TPC.
- Fica no Palácio das Necessidades.
- Palácio das Necessidades?!
- Bem, acho que sei localizar se lá chegar, mas só queria saber quantas paragens tenho de esperar - Descrevi o que tinha cuscado no google maps.
- Isso deve ser ali na Infante Santo
Bem, fui a viagem toda perto do motorista para aprendermos os dois onde seria a paragem.
Reconheci o local de imediato. Agardecida pela atenção e simpatia, saltei toda lampeira para ainda andar a subir os passeios na cidade das sete colinas. Ups, são 12h20, fecharam às 12h. Ok, já cá estou, vou mas é almoçar descansada.

Havia um café maneirinho mesmo ali. Comisquei umas coisas e bebi água que era só o que me apetecia. Aproveitei para ir à casa-de-banho, já me sentia um pouco fedorenta, transpirada e aflita. Depois de comer lá dentro vim tomar o café para a esplanada enquanto o tempo passava. Aqui respirei fundo... o dióxido dos carros!
Fiz tempo, tinha mais que suficiente. Ir ao Ministério dos Negócios Estrangeiros era a última coisa a fazer e já sabia onde me dirigir, mesmo que não fosse naquela porta não havia de ser assim tão mais longe. Ainda faltavam uns 20 minutos e fui andando nas calmas. A rua é a subir mas ao menos é à sombra.

Cheguei ao largo do MNE e procurei a porta para onde o Google Maps me mandou. Claro que era uma casa particular! Já esperava qualquer coisa assim, por isso fui com tempo. Bem, para esta parte já tinha plano B delineado: Vou ter com os seguranças do edifício principal e pergunto! Quem tem boca vai a Roma, sempre ouvi dizer! Eventualmente vou lá ter...
- Boa tarde. Sabe dizer-me onde posso validar documentos?
- Tem de seguir este muro até lá abaixo e atravessar a estrada. Tem um jardim mesmo em frente.
- Obrigada!
Ora, é já ali! Segui o muro e começo a descer...


A vista do que já percorri...


Bem, é um pouco mais longe do que esperava mas 'tá-se bem. Cheguei ao jardim e só havia uma porta, valha-nos isso! Entrei, não estava mais ninguém... Oh bêlêza!
- Próximo! - hehehe quais próximo?! Só há eu!
Entrei toda lampeira com a papelada em punho e depositei tudo em cima da secretária.
- Boa tarde. Preciso de validar estes documentos, por favor.
Começou a carimbar e ficou-se pelo primeiro.
- Estes documentos precisam ser autenticados por um notário, não os posso validar assim - WHAT?! You're kidding me, right?!


- Cccoooomoo?! - Nem quero acreditar no que estou a ouvir! - Como assim?! Tenho aqui os originais.
- Sim, mas aqui não me servem de nada. Tem mesmo de autenticar num notário.
- Mas... mas eu vim de Faro hoje, amanhã de manhã bem cedo tenho de levar isto ao consulado...
- Ainda tem tempo, são 14h só fechamos às 16h. Se quiser, o notário mais próximo é já aqui em Santos - É já ali... acho uma piada quando os lisboetas me dizem absurdos como o "é já ali"... para mim isso significa no "c... de Judas"!
- Ok... ajude-me só para saber como lá chegar, por favor. Estou a pé mas tenho bilhete diário de autocarro - como quem diz, não tenho guito pa taxi e estou um pouco cansada...
Lá me explicou... mal! Pois claro, fui dar uma volta ao bilhar grande, andei feita maluquinha a perguntar a toda a gente onde raio havia o nº do autocarro que a senhora me deu até que achei uma senhora, muito simpática - daquelas que devem ter vivido sempre a vida inteira no mesmo bairro - que me indicou o caminho para apanhar o dito cujo do autocarro que, segundo a senhora do MNE, me deixava mesmo à porta do notário.

Tive de descer as escadinhas todas e voltar a subir do outro lado, andar ao sol... que bom... já tenho os sovacos assados do peso da mochila! Estava a passar uma ponte que me levaria a uma paragem de autocarro... mas a ponte continuava... e agora?! Qual a saída certa?! Deixei que a sorte (quais sorte?!) me levasse ao destino! Vá lá... acertei! Mas tive de esperar uns 15min... tem sombra, mas estou a destilar. Lá chegou um mas não era o que ela me tinha dito... o meu chegava 1 minuto depois, não vou arriscar. Até chegar o meu fui consultar o percurso... todos vão lá dar! RAIVA! Enfim, não é por um minuto... Claro que voltei a perguntar ao motorista onde seria o notário e dei a indicação que a senhora do MNE me deu e ele deixou-me lá.

Atravessei a estrada e tinha um jardim à minha frente... onde está mesmo a porta do notário?! Agora era aquela altura em que dava jeito uma tabuleta de 20m a dizer «Notário»... Mais uma vez tirei à sorte e fui para a esquerda. Iam umas raparigas à minha frente e perguntei. Disseram-me que para aquele sentido não deveria ser, quanto muito na rua de trás. Dei meia volta e ia começar a subir a rua de trás mas... algo me diz que não é por aqui... Fui para a direita percorrendo casas, lojas, cafés... perguntei a um empregado de mesa... e ele sabia!!! Ena ena! Era de facto perto mas não tinha qualquer indicação e era num prédio de habitação. Oras... como é que, quem não sabe, vai lá ter?! Posso ter muitos dons, mas adivinha ainda não é um deles!

Tem ar condicionado! Valha-nos isso! Devo ter mesmo chegado com mau aspecto. Numa de fazer conversa e ser simpática perguntei onde havia um supermercado (ou mini) onde eu pudesse comprar água pois sinto-me acabadinha de atravessar o deserto... A senhora levantou os olhos da papelada, olhou para mim, sorriu e disse:
- Mas nós temos água, filha, pode beber!
Os meus olhos devem ter brilhado tanto que deixei de ver e fui direitinha à água! Em frente ao "bebedouro" bebi um de seguida, depois ainda trouxe outro de reserva... Voltei mais hidratada e sorridente. Fartei-me de agradecer à senhora e aguardei. Entretanto eu parecia rota. Já tinha mamado dois copos de água e voltei para encher o terceiro, aproveitei para encher a garrafa com águinha fresca, bebi o terceiro que tinha enchido e ainda enchi um quarto! Como diria o grande sábio Caco (Miguel Falabela em "Sai de Baixo") "Isso é coisa dji póbri!" Antes de sair já tinha bebido o 4º copo...

Ok, tempo de apanhar o ônibus de volta! Hoje foi mesmo dia do Caco enchê meu saco com coisa dji póbri! Agora já sabia onde era, mas tive de voltar a descer e subir escadas, subir e descer colinas até lá chegar pois os autocarros grandes não passam lá em frente por serem ruas demasiado estreitas. Mas chego a tempo, espero. E cheguei! Nem acredito! Sentei-me novamente em frente à mesma pessoa.
- Viu como chegou a tempo? - diz-me com um sorriso. Eu sei que foi com simpatia, mas depois do que passei só consegui responder com um sorriso amarelamente transpirado...
Quando saí do edifício senti um alívio tão grande... Mas não estava satisfeita. Eram 15h15 e tinha até às 20h até me encontrar com o meu amigo Peter que me ia acolher esta noite. Além do mais, amanhã bem cedo, antes do galo cantar já eu tenho de estar no consulado... convém saber onde fica!
Ora, como já tenho um PhD em burocracias deixa lá deixar umas migalhas como "João e Maria" para não me perder...

Quando saí do MNE vim andando até descer outra rua íngreme (atenção que, se desci foi porque antes a subi!). E dei de caras com uma paragem de autocarro. O que vale é que estas marotas tão em todo o lado!



Tão a ver aquele carro prateado que parece estar a subir? Vim dali.


Ora, o meu é um destes! Eu quero ir para o Restelo!



Mais uma vez o motorista foi super simpático comigo.
Não fazia ideia de onde seria o consulado nem a rua que indiquei, pois era secundária, mas disse-me:
- Eu vou percorrer o Restelo, quando quiser parar diga-me. Até pode vir até à última paragem do Restelo e sai nessa, mas o pior é que não vai ter lá nada nem ninguém a quem perguntar.
- Ah, não faz mal! Eu desenrasco-me. Já me está a ajudar bastante, acredite!
Assim foi. Fomos andando, eu de antenas no ar a procurar a bandeira, mas nada. Até que chegámos à última paragem...
- É aqui. Esta é a última paragem. Mas como vê são só casas. Quer sair na próxima? Ou então pergunte a esta senhora que vai entrar agora, ela é daqui, pode saber. - Não sabia e nem era dali. A senhora era ucraniana mas disse-me que só se fosse lá para o fundo... Muito vago.
- Eu saio aqui, não tem problema. Muito obrigada! - I'm on my own now!
Assim que o autocarro passou senti-me num deserto... de gente! Só havia casas, ruas bonitinhas, casarões mas ninguém na rua, nem carros... ups! Fui a correr ter com uma carrinha cangoo, daquelas da PT, dos piquetes e assim... daquelas que têm GPS!
- Boa tarde, tem GPS?
- Boa tarde... Sim, tenho.
- Boa! Preciso de saber onde fica... - lá expliquei tudo, mas o senhor foi ver ao mapa. Abriu o mapa localizou a morada mas era... no banco do lado! Nem sequer vinha no mapa! Ai ai ai ai ai...
- Bem, mas ao menos sabemos para onde é. Só que é longe...
- Seja...
- Então vai por aqui abaixo, vira à esquerda e continua até chegar aos semáforos, depois vira à direita. Eventualmente vai ter de perguntar a alguém...
- Ok, obrigada!
Fui andando... ao menos é a descer. Virei à esquerda e seguia-se uma recta sem fim. Semáforos?! Já os devem ter roubado! Apanhei um jardineiro...
- Boa tarde, sabe dizer-me onde é a rua X?
- Ah menina, não sei... mas a rua principal é aqui à direita sempre para baixo. Ao menos vai ter mais gente a quem perguntar. - já não é mau!
- Obrigada!

Desci e como me fartei de andar... depois de umas curvas e contra-curvas para chegar à rua principal deparei-me com um muro, ou seja, ou vai para a direita ou para a esquerda. Atiro uma moeda ao ar?! Fui para a direita... algo me puxa para lá... Uns metros à frente encontrei um senhor à sombra, encostado a um carro. E voltei a perguntar.
- Olhe, por acaso sei onde é! - Que bom! - Mas está mesmo muito longe! - ...
Lá me explicou então que era só ir em frente, andar mesmo muito até chegar a uma avenida grande, depois subir e virar na segunda à direita. Achei bem, temos um plano, uma direcção! Serve-me! Lá fui andando, ia vendo alguns autocarros a passar e a pensar se havia de apanhar um ou não, mas fora da paragem também não posso e não me apetece parar senão não consigo continuar a andar. Depois de chegar à avenida grande passei a primeira rua e reconheci o nome como uma das primeiras que tinha passado... mas nem quero pensar o quanto já estive perto sem saber... é melhor não!
De facto andei como se não houvesse amanhã... mas finalmente alguém me deu a melhor indicação de todas! Era mesmo ali! Este senhor sabia do que falava! Agora sim, tiro fotografias para amanhã reconhecer o caminho, não me vá dar alguma branca...


Cheguei lá e estava fechado, claro. Mas encostei-me ao portão como se de uma mendiga se tratasse na esperança de haver uma alma caridosa... a porta abriu-se! Saiu de lá o responsável e eu perguntei:
- Boa tarde. Já fechou? - Não referi mas já eram 18h15.
- Sim, claro. Agora só amanhã de manhã.
- Pois... amanhã eu volto... obrigada.
- Mas é para pedir o visto?
- Sim, de trabalho. Não tive oportunidade de chegar mais cedo.
- Então volte amanhã de manhã.
- Obrigada.
E vim andando. A rua só tem o sentido que eu estava a fazer agora, por isso, quando ele saiu com o carro passou por mim e encostou:
- Vai trabalhar para lá é?
- Sim, vou.
- Tem os papéis todos em ordem?
- Sim, hoje estive a tratar disso e de manhã estive na embaixada. Lá confirmaram-me tudo.
- Então pronto, amanhã esteja cá bem cedo.
- Sim, amanhã estou aí às 8h!
- Não precisa tão cedo, venha meia hora antes de abrir, é suficiente.
- Ok, obrigada. Até amanhã!
- Até amanhã!
Não vá o diabo tecê-las... amanhã estou aqui antes do galo cantar!

Cheguei novamente à avenida principal e vi uma paragem de autocarro. Dirigi-me para lá e tirei fotografias. Aqui vê-se a entrada para a rua certa.


E a paragem para saber o autocarro que tenho de apanhar. Surpresa das surpresas: vai ter à casa do meu amigo Peter! Só tenho de apanhar este! Oba Oba!


Com um big smile aguardei pacientemente pela chegada do último machibombo do dia.
Agradeço a todos os motoristas que tiveram paciência, muita simpatia comigo e que me ajudaram a chegar ao destino.

Quando, finalmente, cheguei ao meu destino, para ir ter com o meu amigo Peter, vejo um MacDonalds... AAAHHH OASIS!!!
Tinha ainda tempo para descansar um pouco. Fui à wc compor-me, pedi um Smoothie de morango e esparramei-me numa das mesas. Acho que nem sinto as pernas... nem os braços... nem as costas... sinto só a cabeça a explodir! De fora devo parecer um espermatozóide... só cabeça e um resto de corpo mole...
Aproveitei para "limpar" a mochila. Tirei tudo para fora, esparramei as coisas todas em cima da mesa e voltei a arrumar, tudo limpo, arrumado de lavadinho! Tirei a agenda e comecei a planear os dias seguintes: esta semana vou para o Farol! Mas amanhã ainda tenho de ir ao Consulado... Foi quando me lembrei que não tinha roupa a pensar no dia seguinte... Tenho de tratar disso! Ainda assim, tinha bastante tempo e descansei mais um pouco. Quando ganhei coragem levantei-me e percorri a rua até me deparar com o meu destino: uma loja do chinês! Peeerrrrrfect!
Levei tempos infinitos até escolher e comprei uns calções, uma t-shirt e umas cuequinhas. Já me sinto mais civilizada e ainda nem tomei banho!

Já faltava pouco e fui andando para a casa dele, mesmo sabendo que não estaria lá ninguém. Sentei-me à entrada do prédio como se estivesse a pedir mas, ainda assim, não ganhei nenhuma moeda... não devo ser assim tão convincente! Ainda devo ter ficado uns 40min mas nem queria saber...
Ele chegou de bicicleta.

Subimos e ligámos o Skype dele para poder falar com o JG. Matei as saudades instantâneas enquanto o Peter foi tomar banho. Depois trocámos: ficaram os mens de conversa e fui eu para dentro de água!
Sentia-me fedorenta... qual doninha... V. Exma Srª Doninha! Soube-me ao banho do século!
Vesti a roupinha nova e senti-me outra! Desde que não parasse estava pronta para mais! Brrrrring it!
Quando voltei estavam os dois:
- Func... Func... ah, agora sim!
Até o JG a 5000 e tal milhas de distância! Aqui até eu lhes dava razão...

Depois de desligar o Skype descemos para comprar um frango para o jantar.
- Vamos agora encontrar-nos com uma das raparigas que dorme cá esta noite - ele faz couchsurfing, basicamente recebe pessoas de outros países que estejam a viajar e precisem de pernoitar em Lisboa. Quando ele vai para fora, essas pessoas recebem-no. - Esta rapariga é austríaca, é muito porreira. Ela deve estar mesmo ali à frente.
E estava. Tinha chegado de combóio, já tinha ficado a noite anterior lá em casa e sabia ir lá ter. Nós fomos ao frango e ela, como é vegetariana, tinha de ir comprar coisas para o jantar dela. E foi ao supermercado ao lado de casa, nós ficámos de ir lá ter com ela.
O frango maravilhoso que o Peter falava estava ainda encerrado para férias, só iria abrir no dia seguinte. Oh well... ao lado há outro! Levámos o franguinho, pois nenhum de nós estava com cabeça, tronco ou membros para cozinhar fosse o que fosse, e fomos ter com a austríaca ao supermercado. Ele estava desejando comer uma sobremesa, eu já estava por tudo mas não me apetecia uma sobremesa... era mais vinho para celebrar o dia de hoje! Quando chegámos a casa a fominha já apertava e foi por o vinho no frio, por a mesa, tratar da salada para acompanhar enquanto ela preparava a refeição dela, muita conversa, muito riso... e fomos para a mesa. Íamos começar quando chegou a iraniana. Não estávamos à espera dela porque pensávamos que não viria jantar e só chegasse mais tarde. Também não tínhamos nada para ela comer, também é vegetariana... mas ela desenrascou-se e sentou-se à mesa connosco. Todos bebemos vinho, conversámos muito - sempre em inglês - rimos ainda mais... foi uma noite impecável!

Mas não nos ficámos por aqui...
Eu, de facto, estava a cair para o lado há muito tempo mas agora que o dia estava a melhorar eu queria aproveitar para compensar as coisas más! Então ainda pegámos em nós e fomos a pé até à praia! Atravessámos a linha do combóio - em segurança, estamos a falar da linha de Cascais - e andámos uns 300 m. Sempre muito bem dispostos!
Quando voltámos é que já vínhamos a cair... Então ele foi para o quarto e o harém ficou na sala: Eu no sofá e elas, cada uma em seu tripartido, uma de cada lado do sofá. Lembro-me de proferir ainda algumas palavras... e devo ter caído num sono tão profundo que quando acordei estava na mesma posição!

Friday, September 12, 2014

Praia! Porque sim, porque quero!

Estava decidida a ir à praia!
Já era para ter ido mas tinha coisas para fazer, estava frio, nublado, previsão de chuva... hoje (no outro dia) levantei-me a só ver praia à minha frente! Vesti o bikini, uns trapinhos por cima, saltei p'ós chinelos, enfiei as coisas no saco, peguei na toalha e pus-me a andar!
Ok, estava nublado mas eu tinha de ir para a praia. O sol espreitava de vez em quando e estava um calorão... Fui com a "fezada" toda. Janelas abertas, música alta, óculos de sol, sempre no limite da velocidade e sem carros pela frente... Fiz toda a recta para a praia sozinha e nem parei para entrar na ponte! Inédito!
Fui direitinha para onde gosto de ir e havia um lugarzinho mesmo à minha espera. Foi só estacionar a fazer inveja a outros que vinham atrás e seguir, ligeirinha, para o meu spot!

Que mar maravilhoso! Que areia fofinha! Que espaço tão sossegado só para mim!
Estava mesmo à minha espera. O mar estava bravo, ondas bem altas e poderosas. A maré alta, chegava a fazer uma mini piscina em frente a mim. Larguei as coisas na areia, tirei os trapinhos e estendi a toalha. 'Bora lá "provar" a água! Está tão apetitosa... não está fria, está "pódérósa"! Ainda fiquei bastante tempo a mirar o mar... queria que a água levasse os problemas... Estava apenas com água pelo tornozelo mas apanhei salpicos e até ondas inteiras a molharem-me até ao pescoço! Está-se bem!

Acabei por optar pela decisão mais prudente: não fui à água, está mesmo perigoso.
Voltei para a toalha e ali fiquei a assar tipo frango. Mas o forno devia estar um pouco avariado. Ora faz sol, ora está nublado... de vez em quando até sinto salpicos. A água está mesmo agitada... A certa altura comecei a sentir umas pinguinhas mais pequenas mas com mais vigor... "Não pode vir tudo do mar!" E realmente não vinha... estava mesmo a pingar! Eram pinguinhas tímidas, poucas mas que refrescavam, sabia bem... Sorri e deixei-me estar. Durava pouco tempo, mas de meia em meia hora lá pingava um pouquinho. Eventualmente acho que dormitei...









Quando o sol aparecia estava um calor que mal se aguentava, quando se escondia ficava escuro e havia uma brisa fresca que arrepiava. Não dava propriamente para sentir frio porque o calor voltava rapidamente.




 Estava a ficar muito escuro lá para o fundo, cada vez mais. Mas é lá longe... Continuei a "curtir" a minha praia até que... Dum segundo pó outro chegaram as pingonas! Se antes vinham as "pingas netinhas" agora chegavam em força as "pingas avós"! Estas chegaram mesmo sem vergonha nenhuma! Estava a chover! Olhei para a areia e fez-me lembrar quando os cães começam a fazer xixi na terra... ficam umas pingas preenchidas, aleatoriamente, bem marcadas... igual! Rapidamente me apercebi que tinha de me tapar. Levantei-me, sacudi a toalha e fiz dela uma tenda improvisada para me tapar e à mala. Ali fiquei até abrandar e ficar com as costas todas molhadas. Não podia ficar ali muito tempo. Destapei-me, vesti os trapinhos e fui para o carro.

Senti-me "abençoada" pela praia!