Friday, October 31, 2014

Dia 71 - 16 Outubro - Vamos tentar de outra forma

O dia está cinzento, tão escuro como se estivesse a terminar. À hora de almoço desabou uma chuvada que só visto! Quando começa é às "baldadas" de chuva, com tudo a que tem direito: relâmpagos e trovões! Mas não dura muito tempo, é só até alagar! Passados uns 5 minutos já não chove e aparece o sol a brilhar como nunca durante um minutinho ou dois. A seguir encobre de novo mas sem chuva... e passamos o dia nisto. E vocês pensam «Ah, e tal e coiso, 'tá muito frio?» Quais frio?! Está um calor peganhento!
A seguir à chuva fomos aos saltinhos até ao PD. Aos saltinhos porque a maior parte do caminho tem terra ou areia e está tudo alagado! A parte boa da coisa é que não entra areia nos olhos nem ando a comer pó! Agora precisamos é de uma lava-pés quando voltamos para casa...

O PD estava com a esplanada inundada. Quando aqui falo em inundação não é bem água pelo joelho... ainda! É muita água e muita terra à mistura. assim uma coisa nojenta, lamacenta que só sai com aquelas... nem sei o nome disto... são umas borrachas para limpar vidros mas com um cabo do tamanho das vassouras ou das esfregonas.


E andava um dos empregados a limpar aquilo. Trabalho ingrato, coitado. Porque choveu, chove e vai voltar a chover... E isto vai durar meses... como diz o JG: «É um trabalho contínuo».
Ficámos por lá até às 17h, hoje estava calminho e ficámos de conversa. Os empregados tinham todos os dedos ainda pintados. Parece que a tinta dura ainda uns dois ou três dias a sair. Ainda não se sabe quem ganhou as eleições mas existem já estatísticas que apontam para uma provável vitória. As próximas horas o dirão.
Antes de virmos embora ainda fui falar com o responsável da Plataforma Makobo. Deixo-vos o link para visitarem a página de Facebook deles: https://www.facebook.com/Makobo.Cultural.Network
A Plataforma Makobo lida, essencial e inicialmente, com crianças internadas. Amanhã vou ver como funciona para começar a fazer voluntariado. Ao menos tenho alguma coisa para fazer e desenferrujo! O melhor é que vou estar a ajudar como deve ser!

Quando voltámos para casa já estava mais fresco, como é habitual. Vesti o casaco e, mesmo a andar, só senti calor quando entrei em casa. Lavei a loiça, preparei o jantar, pus a mesa... está tudo pronto! A Liss ainda não voltou. Embora esteja melhor da malária agora tem anemia. Desejamos todos as melhoras à Liss, como é óbvio, mas já começamos também a precisar de alguém para limpar a casa. Embora eu tenha andado em limpezas, aqui é preciso limpar todos os dias porque a sujidade que paira no ar é superior ao oxigénio que inspiramos. Além do mais o Mickey ainda não apareceu! Nesta altura ou morreu de fome ou já deu o baza. As bolachinhas continuam por aqui espalhadas mas eu é que não vou afastar móveis para aquela Minnie me saltar neste estado


Por acaso a coitadinha era mais assim


Mas imaginamos a coisa sempre mais dramática do que realmente é... Seja como for, encontrar o Topo Gigio morto nunca é uma coisa boa de se ver...


Agora já jantámos. Fiz, com indicações da sogrinha como é óbvio, polvo à lagareiro. Ontem já os 4 polvinhos tinham sido estripados (BLARG) e cozidos, hoje foi só tratar do resto. Estava bêbado, estava bom! Macio como manteiga. O álcool realmente faz relaxar os músculos! hehehe
Depois tínhamos o arroz doce que fizemos ontem. Adocicar a saudade é sempre reconfortante.

Agora vou preparar as coisas para amanhã já que tenho de levantar cedo.
Chove e troveja de novo! Isto começa a agradar-me... (feeling excited) Tenho um medo que me pelo mas adoro ver uma boa tempestade! Desde que não me coloque em risco, claro, nem eu nem outros.
Beijinhos

Thursday, October 30, 2014

Dia 70 - 15 Outubro - Dia de Eleiçõns

Hoje é dia de Eleiçõns!

Não se fala de outra coisa e está tudo encerrado, cafés, restaurantes, lojas... O que se ouviu antes era que os estabelecimentos poderiam estar abertos desde que assegurassem que os trabalhadores pudessem ter tempo de ir votar. Mas afinal fecharam mesmo. Por nós não faz grande diferença, é só mais complicado ir tomar um cafezinho. Mas só fomos depois de almoço.

Enquanto almoçávamos fomos ouvindo as notícias e comecei a ver pessoas que tinham ido votar com dedos roxos... Mas que raio?!?!?! Até que me explicaram que depois de a pessoa exercer o seu direito de voto tem de pintar o dedo como forma de não poder votar de novo e ostentar que foi votar! Mas o que não entendo é que, tal como em Portugal, só se vota depois dos 18 anos, com cartão de eleitor e numa mesa de voto específica, respeitante ao nº de eleitor. Ora, se é assim, mesmo que queiram votar de novo já lá está marcado que já votaram! Mas afinal, não está nada marcado porque parece que ninguém aponta nada! Por isso... o dedo é que sabe!


Depois de almoço andávamos a olhar para os dedos das pessoas a ver quem é que já tinha votado... é inevitável! Demos voltas à cidade para encontrar um local aberto para se tomar café. Acabámos por ir ao Jardim dos Professores. Comecei a observar uns passarinhos tão giros. Além dos corvos que andam por todo o lado, aqui há uns pardais e outros, que não sei o nome, de cabeça preta e corpo azulão, outros de peito preto tipo papillon e outras cores. Mas como estava a pingar não ficamos muito tempo. Fomos passear de Júnior. Passámos pelo Centenário que é nice e, por acaso, estava aberto. Metemo-nos pela Costa do Sol até lá ao fundo. Tudo fechado mas o forró nas dunas é que nunca tem falta de gente.

Não havia muito mais para fazer e voltámos para casa.
Na televisão não se fala de outra coisa e os jornalistas parece que estão a fazer relatos de futebol! A emoção com que contam o que quer que seja é igual. Ai como isto é divertido! Acho que ainda não disse isto. Por cá as pessoas têm um sotaque característico. Uma das suas peculiaridades é que não dizem os "erres" mas sim "eres". Ou seja, substituem todos os "errrrrrres" carregados por "eres" menos "caregados". Vamos assistindo a algumas entrevistas:

- Como decoreu o processo das votações?
- O processo decoreu de uma maneira... positivamente, não é.

- Como decoreu o processo das votações?
- Não tem autorização pra falár! Sr. Presidente, podi dar autorização? - depois da autorização já continuou a entrevista - bla bla bla bla setenta por centos de eleitores vieram votar.

- Estamos aqui ao lado dos eleitores... já votou?
- Já.
- Então o que é que ainda faiz aqui?!
- Estou aqui prá controlar o processo.
- Mas quem vai controlar são as pessoas da mesa de voto, não são os eleitores.
- Sim, maiz, estamos aqui na mesma...

- Estava a ouvir música? - porque tinha os auscultadores no pescoço.
- Não, ágora já não, estou aqui porque o meu voto conta.
- Mas já veio tão tarde porquê?
- Porque estive a tomar conta do meu estabelecimento comercial
- Mas hoje podia fechar para vir votar.
- E já fechei e estou aqui.

- Chegou tão tarde para votar porquê? - Que raio têm eles a ver com a hora a que a pessoa vai?!
- Porque estive a tomar conta dos meus filhos, tenho que cozinhar para eles.

- Há quanto tempo está na fila? E porquê?
- Estou na fila há 4 horas para poder exercer o meu direito de voto.

- Só veio votar à tarde porquê? - ainda a senhora tinha o dedo molhado
- Porque estou cheia incomodada... istou doente e, por isso, só vim na parte da tarde para deixar que as pessoas que vieram de manhã se fossem imbora...

Isto levou horas. Às 18h fecham as mesas de voto, mas ainda permitem votar até terminarem as filas. Só lá para as quinhentas é que se sabe!
Vamos aos votos. Agora estão já os quadros de giz das escolas com os nomes dos candidatos do lado esquerdo numa tabela. Vão contar com risquinhos no quadro. Tiram de uma caixa, seguram a folha bem aberta com as duas mãos, mostram a todos os presentes da sala, contam em voz alta e atiram para o chão. No final da caixa voltam a por as folhas lá dentro e venha a caixa seguinte.
Já percebi que usam a palavra "processo" para tudo: processo de votação, processo do fecho das urnas, processo de remoção... utilizam a palavra "processo" para dar a entender que algo decorre, mas é para isso que serve a conjugação dos verbos... em vez de "estão a decorrer as votações" dizem "está a decorrer o processo de votação".

Cá em casa eu e a sogrinha fomos para a cozinha fazer arroz doce. Ver se da próxima já consigo fazer sozinha. Assisti a todos os passos. NHAM Estava muito bom! Fui eu que rapei o tacho!
Ainda não sabemos quem ganhou e estamos cheios de sono, amanhã vamos saber.

Estamos já deitados e começámos a ouvir trovoada. Estava mais longe quando começou, está a aproximar-se. Já vemos os relâmpagos e só 10 minutos depois de darmos por isso é que começou a chover... torrencialmente! Mal me oiço a pensar! A trovoada está a ficar mais forte. Os relâmpagos não vejo tanto porque temos as luzes apagadas e tenho o portátil com luz apontada aos meus olhos.
Fomos os dois à janela e não conseguimos ver a chuva, mas ouvimos perfeitamente. Os relâmpagos e que começaram em força! São mais que muitos ao mesmo tempo! Uma noite destas havemos de ir lá acima ver este espectáculo! Segundo consta isto tem sido muito suave...

Wednesday, October 29, 2014

Dia 69 - 14 Outubro - All by myself

Hoje fiquei sozinha em casa o dia todo. A Liss continua sem vir trabalhar, ainda está com malária. A casa precisa de ser limpa e eu bem que posso aproveitar para tratar disso. Vamos brincar às casinhas.
Comecei por tomar o pequeno-almoço nas calmas. Na mesa da sala está sempre o meu copo com água porque é importante beber água de hora a hora. Ainda mais aqui que desidratamos sem dar por isso. Faz muito calor, transpira-se muito e a desidratação é silenciosa.
Depois de já ter bebido um copo de água ao levantar e outro depois do pequeno-almoço fui lavar a loiça. Arruma-se a cozinha, limpa-se a bancada e deixa-se a loiça a secar. Fui fazer a cama, arrumar o quarto e peguei na vassoura e pá. Gostava de ter uma daquelas vassouras que se vendem muito por aqui. É fácil encontrar alguém a vendê-las na rua e devem ser eficazes.


Um dia que seja já se faz muito pó, mais que isso, é impressionante a quantidade que se acumula. Aqui não temos aspirador. Não comprámos, a maior parte das mulheres que limpam a casa não o sabem usar e, como é limpa todos os dias, não vale a pena ter. Varri a casa quase toda já que, atrás dos sofás, não me atrevo a espreitar... não vá o Topo Gigio querer fazer amizade!
A coisa estava mais ou menos tratada e fui tratar de mim: Banho e coisas de gaja! Mais para o final do dia apanhei a roupa, dobrei e separei. Só depois fui tratar do jantar... alguns de vós devem lembrar-se deste dia pois publiquei no facebook o seguinte...

Preciso de uma ajudinha pessoal... Alguém me pode indicar a receita de bacalhau à gomes de sá?... Não consigo pesquisar na net...
  feeling annoyed.

Pois é, fui preparar um jantar um pouco às cegas! Mas com as vossas dicas cheguei lá e estava muito bom! Obrigada! Um pouco disto, um pouco daquilo e lá consegui acertar com a coisa.
No final do dia sinto-me com dever cumprido mas estou de rastos...

Tuesday, October 28, 2014

Dia 68 - 13 Outubro - Back in Charge!

Chegar a casa ainda antes de almoço e sentir o cheiro de assar as cabeças da vaca não é coisa que recomende a pessoas de que gosto. Tirei fotografias mas nem as vou publicar por serem tão cruéis. Claro que isto tira a fome a qualquer um... menos a quem come aquilo, com certeza. Mas o cheiro é tão intenso e tão mau... Se estivesse adormecida nem precisava de café para acordar!
Apesar do cheiro, a que uma pessoa, eventualmente se habitua, fico algum tempo a observar como fazem aquilo. O porquê já se sabe, é para comer. Mas a forma como o fazem e o que ali à volta se passa...
Vou começar por descrever o espaço. Um espaço de garagens, cimentado, com muita poeira, areia, crateras no chão com terra seca e/ ou molhada. Um dos cantos é uma wc que não deve ter luz porque toda a gente lá entra com as lanternas dos telemóveis ligadas. O cheiro nem quero saber porque só de pensar me dá vómitos. Existe um fogareiro amolgado, com carvão e uma grelha em cima. Alguns dos "bancos" são pedregulhos que caíram de um dos muros. Digamos que a ASAE aqui cortava os pulsos!
Começam por preparar o recinto. Acendem o lume, trazem o alguidar com alguma água, uns tachos que só vejo nas cantinas da escola porque são tachos "de batalhão" e a cabeça da Mimosa. Uma das tábuas que, eventualmente, já foram de madeira, mas que estão para ali encostadas ao muro a apodrecer, é colocada no chão. Colocam a cabecinha (é favor, que aquilo é mesmo grande) decapitada da Mimosa em cima da grelha e vão buscar um machado. Daqueles que vemos na secção de jardinagem nas grandes superfícies. Depois de assar um pouco na grelha, deitar aquele cheiro pestilento que ecoa por toda a vizinhança e ficar preta irreconhecível de torriscada, atiram as ideias da "bxinha" carbonizada para a dita tábua. Aqui começa a cantoria... do machado! Começam à machadada com a cabeça, como se esta os tentasse violentar! Por cada machadada que leva espirra sangue como se de lágrimas em pranto se tratassem. Mas é mesmo dura porque não se corta numa machadada só, nem em duas. Parece que ainda está viva pela luta que dá!
Entretanto já o tacho "do batalhão" está com água ao lume. No alguidar lavam os bocados cortados antes de por no tacho. Depois do banho fresco para tonificar é altura do banho revigorante! Ficam os bocados todos cozidos no tacho durante algum tempo.

À volta deste cenário estão algumas pessoas sentadas simplesmente a assistir, umas a comer ou a beber algo, outras a descascar umas batatorras e as galinhas a passarinhar com a família completa. É, as galinhas, os galos e os pintainhos andam por ali a passarinhar o tempo todo e eu confesso que sou mesmo menina da cidade e não do campo...
Nas histórias que lemos ou vemos o campo tem relva fresca e fofinha. Na verdade, a relva que conheço dá comichão e está cheia de formigas, lagartas e outros bichos prováveis de nos entrar pelos ouvidos, pelas narinas e quaisquer entradas que encontrem.
Depois temos as quintas com as vedações e as casinhas dos animais em madeira, tudo pintadinho e bonitinho. Na verdade, as madeiras são cheias de puas que teimam em afiambrar a nossa pele, lascar as nossas unhas e pregos saídos que rasgam a roupa.
Existem vaquinhas, cavalinhos, porquinhos, galinhas a pôr ovos, "memés"... tudo muito bonitinho... Na verdade as vacas têm um "leque" miserável, a que chamam de rabo, a enxotar as milhentas moscas que por ali pairam. Mastigam mil e uma vezes a mesma relva que engolem e vomitam não sei quantas vezes para voltar a mastigar. E, de vez em quando, lambem-se com aquela "línguérrima" sem fim!
Os cavalos são lindos e românticos mas quando chegas perto deles assustas-te com o tamanhão! Ainda mais quando lhes queres dar de comer e vês aqueles dentes, cada um do tamanho do teu polegar. E depois ensinam-te a dar de comer de mão aberta senão mastigam-te a mão! Porque eles não vêm o que estão a abocanhar naquele ângulo. Quantos polegares já terão eles comido?!
Os "memés" das histórias são aqueles algodõezinhos doces flutuantes que nos ajudam a dormir. Na realidade são lãs despenteadas, cheias de nós enlameados.
Os porcos são chouricinhos embarrilados,  cor-de-rosa, com um rabinho de saca-rolhas e um focinho fofo, apetecível de mimos. Na verdade... bem, nem vale a pena comentar. E pensar que aproveitam tudo do porco para comer...
As galinhas das histórias vivem felizes a pôr ovos a toda a hora, a comer milho e bebicar água. Na verdade estas porcas, assim como as vizinhas das traseiras, "xafurdam" na terra como cães acabadinhos de sair do banho! E ainda cavam como cães!



Isto para não falar do mau cheiro que acompanha qualquer um destes animais lindos. É normal, mas cheiram mal... não usam desodorizante, nem perfume, nem cremes de rosto ou de corpo. Acho que é o primeiro choque negativo de qualquer criança quando vai ao Zoo pela primeira vez...

Pois ainda aprendi aqui outra coisa: as galinhas comem miolos de vacas! Depois de andarem a "empideiricar-se" na terra, andam de um lado para o outro, loucas pelo cheiro e de volta dos bocados da cabeça da Mimosa. Quando está tudo cozinhado é colocado o tacho no chão, com a tampa, que mal fecha por a cabeça ser tão grande. E as galinhas andam lá a bicar em toda a volta! A puxar para os pintainhos também comerem. Quais gripes das aves, qual quê!? Isto aqui vale tudo! Se o dente mastiga é bom para comer! Neste caso, se o bico apanha também serve! Os porcos têm fama de comer tudo e aqui as galinhas também!

Ai mundinho cor-de-rosa... que saudades! Volta para trás oh tempo!
Contem-me histórias!

Sunday, October 26, 2014

Dia 67 - 12 Outubro - CAOS & Trovoada

Saímos de casa antes de almoço para ir ao nosso sítio do costume. Saímos ainda com sol. Nem parece que tenha estado menos agradável nos dias anteriores. A caminho vi, mais uma vez, isto


Vejo todos os dias no chão. Mas só há pouco tempo descobri o que era. É whisky vendido em pacotinhos de plástico! 100ml de whisky. Embalagem individual assim como se fosse um Capri-Sun


Tudo a ver... Não faço ideia do preço mas como a maioria das bebidas alcoólicas são mais baratas imagino que isto seja vendido nas bancas de rua por uns 10 meticais ou menos. Um whisky simples no bar custa 70 mt! Mas atenção que as medidas são contadas por copinhos miseráveis de shot. Se for um duplo são dois copinhos miseráveis de de shot. Ou seja, fica mais caro lavar tanto copo só para sujar... já que não é para encher!

Nunca nos lembramos mas ao domingo isto está sempre cheio! O que é óptimo para o negócio mas não dá para estar de conversa com o pessoal. Hoje havia uma dificuldade em particular... não havia água! Isso num restaurante é incomportável! Não lavas a loiça, 'tá tudo tramado! Além disso, nem a wc fica funcional. Fomos encontrar uma mesinha lá ao fundo à nossa espera mas todos os trabalhadores pareciam formigas a prepararem a despensa para o inverno. A certa altura começou foi a cair água do telhado! Por haver aquelas épocas de calor intenso, eles têm o sistema de "borrifar" o pessoal. É tipo o sistema de rega mas em borrifador para refrescar e assentar o pó que sufoca o ar. Acontece que aquilo foi acumulando ali água até àquela hora em que desabou uma "cáchoêra" bem no meio da esplanada! CAOS!
Claro que o JG foi lá tentar ajudar e ainda conseguiu ajudar bastante, mas é preciso material para trocar a bomba ou para a remendar. Coisa que não temos, claro. Valeu o esforço! Eu fiquei algum tempo entretida com o Meia Dose que tem uma patinha magoada, coitadinho. Anda coxo e mole, mas mole já é habitual.

Quando voltámos para casa estava já muito calor. O sol assim pica na pele.
Já em casa, perto da hora do jantar o JG lembrou-se que tinha, por segurança, desligado o acesso de enchimento do depósito de água. Tínhamos que os avisar! Mas o facto de eles já terem sido roubados fazia com que os números nunca fossem os correctos e resolvemos ir lá. Desta vez, embora já perto de anoitecer, vamos de carro.
O JG foi tirar o carro e eu fiquei cá fora à espera dele. Estava esta família a sair da garagem e eu lembrei-me da minha mamã... Família tão fofinha! Um pouco barulhentos...


Já comigo dentro do carro há que fazer marcha-atrás para a estrada mas o pessoal aqui tem a mania de se meter atrás dos carros. Estás a fazer marcha-atrás para sair do estacionamento e passam a pé por trás do carro, mesmo que estejas em movimento. Mesmo que seja para dar a volta e ir ter ao outro lado. Se passassem pela frente não nos importunavam e até faziam o caminho mais curto. É enervante...

Quando chegámos lá já o problema da água estava resolvido. Tinha ido lá o técnico com as ferramentas e conseguiu remendar a situação. O stress estava mais calmo, mas a casa cheia na mesma. O JG foi logo ver a situação mas o técnico já tinha ligado. O que é normal, se esteve lá a mexer. Menos mal. E pronto. Voltámos para casa e fomos jantar.
O que me continua a fazer confusão é o deitar tão cedo por o dia começar ainda mais cedo... Só porque o sol nasce porque os horários das lojas e serviços são iguais em Portugal.

Saturday, October 25, 2014

Dia 66 - 11 Outubro - Outono?! Um pouco de Portugal...


Choveu a noite inteira, está um dia "xoxo", cinzento, húmido... só falta o cheiro a castanhas assadas para estar em Portugal. Não apetece sair sequer. Sendo sábado nem há muito a fazer. Mas é dia de compras e fomos ao supermercado. Não havia uma grande confusão como é costume porque já fomos um pouco mais tarde.
Na volta, já no trânsito, estávamos parados no semáforo para seguir em frente quando vimos um gajo a "descarrilar" na estrada! Apanhou areia. Parecia coisa de rally! Veio do lado direito do cruzamento para virar para onde nós íamos a seguir. Ou seja, foi mesmo à nossa frente que derrapou "como gente grande"! Estava a ver que ele ia bater em alguém... O meu queixo caiu por bastante tempo... nem sei como ele conseguiu safar-se tão ligeirinho.

Quem estacionou o carro fui eu... digamos que o travão é potente! Só tinha conduzido uma vez e agora vi-me um pouco baralhada para por aquilo a funcionar, ainda por cima sozinha. Lá me desenrasquei, mas levei algum tempo para arrancar porque estive a relembrar o que faz o quê. Depois liguei-o e lá fui, mas quando travei ia batendo com a cabeça no vidro! Força bruta pah! Não é que tenha travado a fundo, o pedal é que é muito sensível e está afinadinho. Depois consegui encaixar o carro no meio das "inundações" de esgoto que existe. Voltei com um ar muito confiante e de dever cumprido.

Não quis ser a primeira a entrar em casa, não vá o Mickey estar lá coladinho a estrebuchar... que aflição! Mas afinal o ratito não "aderiu" à cola. Temos de arranjar outra solução. Nas compras arranjámos umas "bolachinhas" facínoras para espalhar pela casa. Ratoeiras devem ser mais eficazes mas não se encontra em lado nenhum e eu não sou grande fã, confesso. Mas parece que a ratazana aprende facilmente o caminho de volta se for expulsa... e não pretendemos que ela volte. O maior problema não é ter um animal aqui, é ser um animal que transmite muitas doenças, estraga mobílias que nem são nossas porque a casa é alugada, rói os cabos eléctricos e... é preciso dizer mais?! Não quero matar a Minnie mas também não quero sofrer nenhuma destas consequências. Sabemos que ainda não saiu porque está tudo fechado. Não tem por onde sair, nem a rata Maria (a mulher do dito) tem por onde entrar para o vir salvar! Além disso, já sinto que adoptámos este Topo Gigio. Parece que temos um pet! A vida decorre normalmente cá em casa.

Quando estou ao computador arrepia-me pensar que estou, pacificamente, na mesma sala que uma ratazana. Mas acabo, eventualmente, por me esquecer... A coitada deve viver aqui em terror! Não acho que isso esteja correcto. Só quero que vá embora...
Mouse House HD wallpaper for Standard 4:3 Fullscreen UXGA XGA SVGA ; Wide 16:10 5:3 Widescreen WHXGA WQXGA WUXGA WXGA WGA ; HD 16:9 High Definition WQHD QWXGA 1080p 900p 720p QHD nHD ; Other 3:2 DVGA HVGA HQVGA devices ( Apple PowerBook G4 iPhone 4 3G 3GS iPod Touch ) ; Mobile VGA WVGA iPhone iPad PSP - VGA QVGA Smartphone ( PocketPC GPS iPod Zune BlackBerry HTC Samsung LG Nokia Eten Asus ) WVGA WQVGA Smartphone ( HTC Samsung Sony Ericsson LG Vertu MIO ) HVGA Smartphone ( Apple iPhone iPod BlackBerry HTC Samsung Nokia ) Sony PSP Zune HD Zen ; Dual 4:3 5:4 16:10 UXGA XGA SVGA QSXGA SXGA WHXGA WQXGA WUXGA WXGA ;

Friday, October 24, 2014

Dia 65 - 10 Outubro - O Forte e o "Amigo do Aeroporto"

Quando acordámos abrimos a porta muito devagarinho... a sala estava como a deixámos, de "patas po ar"! Nada de ratazana colada no chouriço!
Isto de nos despacharmos com a ratazana em casa tem muito que se lhe diga... abre porta, fecha porta... e quando levas copos num prato ainda melhor: equilibrismo! Que cena marada pah! Pensar eu que ainda ia dividir o apartamento com uma ratazana... é ingrato digo-vos já! Por muito mais pequena que seja tem a atenção toda para ela, não me deixa sentir "em casa", não me sinto confortável em lado nenhum, sinto-me confinada a cadeiras, mais altas de preferência, e o ar condicionado tornou-se no nosso melhor amigo já que a tipa entrou pela janela...

Pela hora de almoço a Liss enviou mensagem: está com malária. Significa que não pode vir trabalhar até ficar melhor, como é óbvio. Por isso, as melhoras Liss!
Fomos tratar do almoço, até porque o tempo está muito chocho... nublado, cinzento, vento... não propriamente fresco, mas faz um friozinho. Resolvemos aproveitar que não estava tanto sol e calor para irmos até ao Forte. Passámos pelo nosso Pingo Doce (daqui para a frente passa a ser o PD), o nosso sítio do costume, para um cafezinho. E depois toca a andar que só faz é bem!

Ui, mas que grande passeio este...
Depois de andarmos buééééé e atravessarmos perigosas estradas atulhadas de chapas e tchopelas, os mais perigosos nesta "selva", conseguimos chegar ao Forte! É um espaço relativamente pequeno, mas está muito giro. Eu juro que tirei fotografias mas agora quando as ia passar descobri que as perdi todas! A máquina não gravou nada, perdi toda a informação que lá tinha... Optei, por isso, retirar imagens da net... embora não seja a mesma coisa pois tinha fotografias nossas... Estou triste!












Até tinha tirado uma fotografia de um jardim lindo e das suas flores cor-de-rosa lindas para "oferecer" à minha mamã...

FOTOS FLORES

Quando saímos fomos andando para casa mas às voltinhas de forma a aumentar o passeio. Passámos pelo 33, o prédio que, como o nome indica, tem 33 andares. Mais uma vez, tirei fotografias aqui e não há nada para ninguém.


Um pouco mais à frente passámos pelo "complexo chinês". É um edifício só de chineses. Tem lojas e habitações e raramente se vê eles saírem de lá. Não se misturam nem tentam adaptar-se à cultura de cá. Comem só a comida deles, vivem e trabalham no mesmo local sem precisarem de sair. Virado para a avenida principal está a entrada do supermercado e qualquer pessoa pode lá entrar. Tem uns quantos degraus e, nas extremidades estão dois leões como estes


... mas sem o bonequinho debaixo da pata, até porque estão deitados nas quatro patas.
Entrámos por curiosidade para saber o que se pode comprar por lá. Claro que nenhum dos chineses nos cumprimentou apesar de levar com os nossos sorrisos e bem-educados cumprimentos. Entrámos para "cuscar"... O que bate logo no olho são as descrições serem em chinês, eventualmente está em português uma descrição simplória. Nos chás, por exemplo, têm umas quinhentas qualidades mas em todos a descrição em português diz apenas "chá"! Não era tudo, mas havia carne nas arcas frigoríficas sem qualquer embalagem... era o naco de carne em contacto directo com o gelo acumulado. Tem mil e uma qualidades de massas em rolos que me pareceram, à primeira vista, as esteiras para enrolar os rolinhos de sushi. Um corredor só disto. Arroz de várias qualidades em sacas para se comprar a quilo. Em Moçambique o arroz pode ser comprado em quantidades exorbitantemente gigantes e embalagens que parecem rações de 10 ou 20 kg! Enfim, não é muito diferente das lojas de chineses em Portugal, só tem mais coisas estranhas.

No caminho de volta andámos que nos fartámos. Passamos por casas, empresas em vivendas (que é o que mais há aqui), lojas, cabeleireiros, edifícios destruídos, lixo no chão, buracos que chegam a ser de tamanho de carros em altura, comprimento e largura. Normalíssimo por cá. Evito ao máximo pisar as tampas no chão de acesso aos esgotos e afins. Sei lá se não estão soltas!

Já perto de casa vem um ter com o JG.
- Amigo! Lembras-te de mim? - com um sorriso do tamanho do mundo
- Então, tudo bem?
Não parámos, continuámos a andar e estranhei a indiferença do JG.
- Quem é?
- É o "Amigo do Aeroporto"!
Ele já me tinha falado deste. É um gajo que anda pela cidade a abordar brancos sempre com a mesma conversa.
- Amigo! Lembras-te de mim? Sou aquele amigo que conheceste no aeroporto! Como estás? Olha, tens aí uns trocos?... - e por aí adiante. "Ganda cromo"! Deve dar resultado senão já tinha desistido.

Ainda a pensar no "amigo do aeroporto" e vi um jipe peculiar... Estava estacionado e atrás tinha aquela bola que serve para rebocar outros carros, o que muitos "mascaram" de bola de ténis. Pendurado nessa bola estava uma espécie de saco sem alças, verde, com o que poderiam ser dois kiwis lá dentro. A imagem, e julgo que a mensagem da coisa, seria que tinha os "tomates pendurados". Ai como soa mal... Mas era mesmo!!! Andar a passear pela cidade dá nisto, só se vê coisas estranhas.


Esta fotografia foi tirada por um amigo, mas foi isto mesmo que vi, só que em verde! Significa que "eles andem aí"... Reparem que existe outra coisa estranha para nós, mas muito normal aqui... não tem matrícula... Já diz o grande mestre JJ: "isto são pinners!"

Mas não acaba aqui. Embora já estivéssemos perto de casa ainda passou um tipo de bicicleta por nós. Nesta altura já pingava pouquinho. O tempo está mesmo a puxar a chuva para arrefecer. Isto para explicar que o tipo da bicicleta ia de gorro. Já nem estranho... eu aqui estava já cheia de calor, sentia-me um autêntico autocolante! O gorro era como que a parte de cima de um preservativo! Tipo este mas sem a cara e o dói-dói.


Chegámos finalmente a casa e eu tinha receio de ver a ratazana colada no chouriço. Nada. Significa que continua na sala, porque as portas e janelas estão todas fechadas. YUK! Pouco faltou para se preparar o jantar mas enquanto se fazia isso foi-se arrumando a sala. Agora, depois de jantar, estamos todos na sala como se nada fosse, como se não houvesse uma ratazana no sofá... creepy! Quer dizer, eu tenho as minhas pernas esticadas com os pés apoiados nas cadeiras da frente... não vá dar a curiosidade à bichinha...

Thursday, October 23, 2014

Dias 62, 63, 64 - 7, 8, 9 Outubro - Marteladas que não acabam

Acordas com marteladas, passas a tarde a ouvi-las e não vês nada que o justifique! Isto dura desde... acho que não passa um dia que não as oiça. São espaçadas com uns 5 segundos, não são muito fortes porque chegas ao ponto em que deixas de as ouvir. Mas são cansativas porque as ouves o dia inteiro. Há, realmente, uma obra aqui ao lado mas... há marteladas para toda a duração da obra?! A pintar também martelam?!

Nestes dias temos ido sempre ao nosso local favorito, ou como dizem no anúncio do Pingo Doce, ao "sítio do costume". Desde tentativas de contactos, e a pasmaceira que o calor nos provoca, o dia passa a correr! Como andamos sempre a pé e as coisas ficam sempre longe, de manhã fazemos uma coisa, à tarde outra. E o "terminar a tarefa" não depende só de nós, por isso, vamos aprendendo a viver uma vida zen e a contar até ao infinito para manter a nossa sanidade mental.

Na rua rapazes e mulheres andam a vender fruta com alguidares na cabeça. Dentro do alguidar levam uma faca para abrirem a fruta se o cliente pedir. Quando são maçãs até andam com uma garrafa de água só para as ir lavando de forma a apresentarem melhor aspecto.
Já por várias vezes que falei do trânsito, da confusão, da dupla atenção e precaução que é preciso ter, seja para atravessar a rua ou mesmo ao volante de um carro. Falar é fácil, descrever torna-se difícil porque não chega nem aos calcanhares da velocidade a que o nosso coração "pulula"! Encontrei esta fotografia que é capaz de vos deixar uma ideia de uma das ruas mais movimentadas em hora de ponta.


As próximas fotografias são do edifício de tratamento de água. Não resisti a tirar pela simplicidade (não que o trabalho seja fácil) e beleza com que se pode mudar o aspecto de algo tão fabril. Até os tubos na parede, que poderiam estragar aquele recanto, fazem parte do encanto de um toque especial que fez toda a diferença neste edifício.






Repararam no depósito da água lá em cima? Além da pintura, está rodeado pelo prédio, coisa que não é muito normal de se ver. Sabem como os desenhos são feitos? Com azulejos partidos.

No final do dia fomos ao sítio do costume conhecer mais uma pessoa de cá. Vou tratá-lo do Alguev. Diria que aqui vai crescer uma boa amizade. Demo-nos todos muito bem. O Alguev é pouco mais velho que nós, está cá há alguns anos e vai, de vez em quando, a nossa terra. Em breve vai estar fora por umas semanas, mas havemos de nos encontrar mais vezes.

Quando voltámos para casa a lua estava já bem alta e brilhante. Não tenho uma máquina fotográfica boa, e nenhuma destas fotografias faz jus à tranquilidade transmitida por uma lua cheia. Estava deliciada a tirar fotografias da janela, como se alguma delas estivesse em bom estado, quando o JG disse «vamos ao terraço!». Dali tirei estas que ficaram bem melhores... agora imaginem as outras...




Parece um sol!
Estava já muito pouca luz e ficámos até escurecer... bastou uns 30 minutos. Dá para apreciar um pouco a vista e até se vê os passarinhos a voarem por cima de nós. Aqui o JG começou a gozar comigo «passarinhos muito fofos!... hehehe» ... hum... que asas estranhas, realmente... !!!!!!! São morcegos! São grandes, uns parecem ser maiores que pombos! Ai que arrepios! A média é capaz de ter mais de um palmo de comprimento. E são imensos! Guincham que se fartam e as asas fazem mesmo «flap flap»! Não quero ter nenhum encontro imediato com uma coisa destas! Reconheci o guinchar de outros fins de tarde em que eu, na minha ingenuidade, achava serem passarinhos a lutar pelo melhor spot no ninho!

Depois do jantar ficámos pela sala, cada um no seu computador, a relaxar com o jogo de computador. Para não nos isolarmos um do outro nós jogamos o mesmo jogo e vamos competindo para ver quem chega mais longe. É uma forma de estarmos em sintonia nestas novas tecnologias. Os sogrinhos já se tinham ido deitar e a casa estava praticamente em silêncio... Pelo canto do olho dei por um movimento "estranhamente estranho"... eu nem queria acreditar no que os meus olhos tinham acabado de ver! O JG viu o mesmo que eu e virou a cara para mim, para confirmar que eu tinha visto, e começou a rir... Era um RATO!!!! Um rato a esconder-se atrás dos cortinados a passar para trás dos sofás! Socorro!!! Temos um rato dentro de casa!!! AAAARRRRGGGG

Claro que a minha reacção foi de qualquer "gaja que é gaja"! Pus-me em pé em cima da cadeira, escondida atrás da mesa! Como se isso resolvesse grande coisa... eu sei, mas na altura não sei de porra nenhuma! Só sinto arrepios e pavor que a "bxeza" me salte para cima com aqueles dentes arregalados, olhos endiabradamente vermelhos e uma fúria violenta!
O JG foi buscar uma vassoura e eu fiquei de olho para ver se o bicho saía para algum lado. Desviou sofás, cortinados... nada. Por muito que não se queira fazer barulho é inevitável. Claro que os sogrinhos foram ver o que se passava e, se alguém tirasse uma fotografia naquela altura, a imagem seria muito idêntica a esta

There was a rat in the office. Goose www.crackedsorcerer.com/post/1362/Goose. There was a rat in the office. Got an. i understand being afraid of the larger diseased ridden ones in sewers, but most of the time its just a little harmless mouse.

Eventualmente tive que descer. Chegámos à conclusão que o rato, ou melhor, a ratazana estaria DENTRO de um dos sofás, já que ambos têm buracos na parte de baixo! Ai que comichão! Depois de, literalmente, virarmos a sala do avesso, tivemos de nos render às evidências: vamos ter de ir dormir e deixar a "bxeza" aqui... Nem acredito que vou dividir o mesmo tecto com uma ratazana!
Tínhamos uma cola que, supostamente, atrai estes bichos e aplicámos num bocado de cartão, no chão da sala. Em cima colocámos chouriço. Ver se amanhã está lá colada... Coitadinha! Dá-me arrepios, comichão, nervoso miudinho... mas também não a quero matar! Que sentimento tão díspar...

Tuesday, October 21, 2014

Dia 61 - 6 Outubro - Áinda...

- Bom dia Alex!
- Bom diiia!
O rastafari está quase todos os dias sentado à porta do prédio a trabalhar. É sapateiro. É das pessoas mais simpáticas que conhecemos. Sempre com um grande sorriso, esteja bem ou mal... para ele tudo se resolve com um sorriso!

Fomos ver se o meu DIRE já estava pronto. Entrei e dirigi-me ao balcão. Estava pouca gente, já passa da hora de almoço. A rapariga pegou no meu recibo, viu a data e respondeu:
- Áinda...
A seguir a mim estava um senhor com dois recibos. Eu nem tive tempo de perguntar nada porque ela estava a ver os desse senhor e deu a mesma resposta, ele perguntou quando estariam prontos e ela ignorou-o, passando à pessoa seguinte. Portanto... volto para a semana.

Aproveitámos a embalagem e fomos ver se tenho a papelada para as equivalências em ordem também. Sei que falta o DIRE, mas ao menos que não falte mais nada. Foi mais simples. Mostrei tudo o que tinha e o senhor disse que só faltava mesmo o DIRE. Olha que bom!
Fomos então beber qualquer coisa ao Piri-Piri antes de regressarmos. Só com isto o dia já foi muuuito produtivo! Está um calor que não se aguenta. Mas depois há sempre aquele vento, inimigo de qualquer mulher, que vem despentear até as sobrancelhas!

Andámos que nos fartámos para voltar já que demos umas voltas maiores para o passeio ser mais produtivo. E é nestes passeios que se vai descobrindo muitas coisas características.
Sabem aquelas cadeiras de plástico, de esplanada?! Muitas das vezes vemos duas ou três cadeiras dessas encaixadas umas nas outras e alguém lá sentado. Mas porque é que têm tantas em vez de só uma? Porque a de baixo não tem a perna da esquerda, a do meio não tem a perna da direita e a de cima não tem as de trás! Assim reforça a coisa e aproveita-se tudo! A isto chama-se reciclar em Moçambique!
Em alguns muros consegue ler-se "Não Mijar! Multa de 500 meticais". Numa das ruas menos destruídas existem alguns jardins, mais ou menos, em condições e até se vê o seguinte letreiro:


Na maioria das ruas temos de ter cuidado por onde andamos porque existem obstáculos por todo o lado e são como os gambuzinos: de várias formas, tamanhos e cores! Tirei as fotografias todas da internet.









Já em casa, ao jantar, ficámos a saber que num dos comícios, por causa das eleiçõns, levaram as pessoas para cima de uma ponte de madeira. Depois de lá estarem todos instalados foi tudo abaixo! Tudo "pó" charco! Isto contado é difícil de acreditar mas o que não nos passa pela cabeça, aqui é normal!

Fomos mais cedo para a cama porque temos um filme no computador para ver: o LEGO! O filme é muito giro. E no final, para variar, tem uma lição muito importante para os pais "muito ocupados"!
A meio do filme chegámos... ou cheguei eu... a dar saltos de sustos! Não pelo filme mas pelo estrondo que as mangas fazem ao cair das árvores! Parecem tiros ali ao lado! Pensar que esta árvore está por cima de um infantário... Chovem mangas a toda a hora! E, ao caírem em cima das chapas de zinco fazem um barulhão tremendo.
Vai uma manga?



É difícil não lembrar logo disto...

Monday, October 20, 2014

Dia 60 - 5 Outubro - Shopping Day

Como ontem não deu hoje fomos às compras. Temos de ir logo de manhã para apanhar alguma coisa senão é só prateleiras vazias e só até às 15h, depois encerra. Eu e o JG fomos ter ao Júnior que estava estacionado nas traseiras. Antes de entrar estava um dos gatinhos que costuma estar aqui, um amarelinho. Mas dá-me uma pena... está todo sujo, cheio de ramelas, todo ranhoso... sinto o meu coração tão apertado! Sei que aproximar-me dele é um grande risco aqui. E mesmo que o ajude, ele vai continuar a beber água do esgoto, a rebolar no lixo... Hoje vou por uns lenços e uma garrafa de água na mala para a próxima vez que o vir. Posso sempre limpar os olhinhos... é o mínimo! Se conseguir...

A seguir entrei no carro sempre a olhar para o gatinho. Como está calor trouxe uns calções. Assim que me sentei fechei a porta. Foi só uma questão de segundos até dar um grito e saltar do lugar! O banco escalda! Estou de calções e senti a minha pele como as batatas a entrar no óleo! De repente estava com as ancas quase coladas ao vidro da frente, a barriga no tecto e os ombros a apoiar o corpo na cabeceira do banco! HOT HOT HOT! Só depois de abrir a janela e andar um bocado é que consegui sentar-me... meia de lado.

Bem, fomos às compras. No MICA compramos a maior parte das coisas mas há certos artigos, como bebidas alcoólicas, que não vende porque é de muçulmanos. E, por isso, vamos ao Shoprite. E aqui foi a minha estreia. O espaço cá fora faz lembrar os de África do Sul.


Lá dentro... bem, lá dentro sabemos que estamos em Moçambique...


Depois das compras temos de ir por as coisas em casa. Mesmo que se queira fazer só um simples passeio, nunca estamos descansados com coisas dentro do carro. Digamos que aumenta em 99% a probabilidade de nos assaltarem o carro! Quando parámos num semáforo olhei para o lado e não resisti... não estou a gozar quando digo que são autênticas crateras!


Depois de almoço fomos os quatro dar uma voltinha. Fomos tomar uma café ao Centenário que fica mesmo pertinho do mar. Não tirei fotografias a todo o menu mas não resisti a uma. Reparem no "Ucal" com a tradução "MilkChocolate". No "bootle" em vez de "bottle". Reparem nos preços. E no que mais encontrarem porque são tantas...


A seguir, a voltinha do costume, pela Costa do Sol. Aqui vê-se sempre muita animação! Se bem que, nestas fotografias já tínhamos passado o maior movimento. Não quero que impliquem com o facto de estar a tirar fotografias. Todo esse "passeio" amarelo, até às dunas, é o lado da estrada que ainda estão a fazer. Ou seja, por onde vão andar as pessoas? Onde vão estacionar os carros? Onde ficam as bancas de venda?










A seguir os sogrinhos deixaram-nos no Meia Tigela. Tínhamos combinado ir lá ter com o Epsil para ele e o JG se conhecerem. Deram-se muito bem e não faltou conversa!
Queremos muito começar novas etapas mas estamos em tempos difíceis e há que ter paciência... Amanhã é sempre um novo dia! Porque não um novo começo?!