Wednesday, November 19, 2014

Dia 92 - 6 Novembro - Walking around

Acordei a meio da manhã. Está nublado e bem mais fresco que os últimos dias. Mas não pensem que é coisa de usar blusões de penas ou assim! "Mais fresco" significa que se tolera vestir manga curta e calções sem se ligar o ar condicionado!

Tive companhia ao almoço e a seguir saí. Fui ao banco pagar a segurança social. Entrei no banco e estava só o rapaz do balcão. Mas tenho de explicar que este banco é um pouco diferente. Tem um balcão de atendimento geral, em frente à porta de entrada, onde está uma pessoa ou duas, do lado direito estão umas poltronas com uma mesa de apoio e uma TV em frente a dar notícias do mundo e, os balcões de atendimento são por trás do balcão principal, mas só se vê de lado. Então, eu entrei e perguntei se poderia fazer o pagamento ali.
- Sim, pódi. Peço para aguardar, por favor.
- Obrigada.
Sentei-me. Não estava cliente nenhum no banco. Nada. Ninguém, Zero. Esperei até me chamarem, 10 minutos depois, para um dos balcões de atendimento. O primeiro balcão é uma triagem.
- Bom dia.
- Bom dia. Venho pagar a segurança social, estão aqui os papéis.
- Quanto me vai entregar?
- A soma de todos os papéis... - comecei a fazer as contas de cabeça mas estou num banco...
- Mas quanto é? - respondi o valor e ela foi confirmar na calculadora. Só depois sorriu - É isso mesmo!
- E está a entregar-me...? - senti-me burra mas arrisquei...
- ... dinheiro?!
- Mas quanto? - A sério?! Ela trabalha num banco e não sabe contar?! Fiz-lhe a vontade e disse o valor. Depois de confirmar na calculadora, sorriu novamente porque estava certo!
Parece que é norma perguntarem sempre quanto queremos pagar e o valor que entregamos. Mas eu não estou habituada.
Depois de que entregar o dinheiro a senhora guardou, fechou a gaveta e continuou a transacção, mas não me deu o troco logo. Ia lançando os dados no computador, dava-me a cópia da factura, um recibo que imprimia na impressora depois de lançado e, no final, diz-me:
- Só um momento, vou buscar os comprovativos de pagamento - mas...?!?!?! Então estes recibos não são os comprovativos?! Mais papel?! Veio lá de dentro com folhas A4, cada uma com uns 2cm de coisas escritas, o resto em branco!


Mas é necessário, claro que vou guardar. Só que, a burocracia é tanta que são precisos comprovativos dos comprovativos e não há árvores suficientes no mundo!
- Ainda não lhe dei o troco - aqui sorri eu
- Pois não - Tenho o hábito de nunca guardar a carteira sem me darem o troco para não ser enganada. E a senhora olhou para a minha carteira... deve ter percebido que eu não me faria de esquecida.

Dali comecei a ir na direcção da migração. Ainda não tenho o DIRE, lembram-se?! Mas, para não variar, ainda... Continuei a minha caminhada sempre a procurar molhinhos de coentros. Não sei se já vos expliquei mas eu saio ao meu pai neste aspecto: tenho sérias dificuldades em distinguir salsa de coentros! Entre outras coisas, mas isso agora não interessa nada... Tenho até uma situação, há uns anos, no Algartalhos. Andava a comprar frutas e vegetais lá para casa e veio um senhor, muito delicadamente, pedir-me ajuda.
- Boa tarde, desculpe incomodá-la mas será que me pode ajudar?
- Boa tarde! Claro, que sim, diga.
- Eu não sei distinguir salsa de coentros e a minha mulher pediu-me para fazer as compras lá para casa. E preciso de levar salsa - ai ai ai ai ai... sorri, humildemente...
- Lamento mas eu tenho o mesmo problema!
Coitado, deve ter pensado que eu seria a pior dona de casa do mundo!
Aqui sentia-me um pouco na mesma situação. Até porque a sogrinha já me tinha avisado que poderiam tentar vender salsa por coentros (caso não tenham coentros... só não dizem que "não"). Juro que me tenho esforçado e, de facto, existe uma diferença no cheiro. O meu cérebro identifica logo a salsa e se tenho dúvidas é porque são coentros! É assim que distingo. Não é com o tamanho das folhas porque assim não me safo mesmo. O problema é que a rinite alérgica me faz perder uma grande percentagem do meu olfacto então confio muito no meu instinto! Às vezes falha, mas paciência!
Em todas as bancas de rua que passei não vi molhinhos nenhuns, nem salsa, nem coentros. Cheguei a casa aflita por não ter coentros e perguntei à Nora onde ela achava que eu podia encontrar coentros aqui perto ou, relativamente, perto.
- Só no mercado, senhora - Boa! O mercado! Estava longe de me lembrar do mercado!
- Obrigada, Nora!

Não me lembrava dessa hipótese porque não suporto a ida para lá. O problema não é lá dentro, é mesmo na rua antes de lá entrar. É um tormento... A rua é tão suja, tão porca, tão nojenta... que dá vómitos só pelo cheiro! Imaginem o Jardim Zoológico não ser limpo por um mês! E haver sempre lixo e líquido no chão. Atenção que eu disse "líquido"... não disse que era água... às vezes até pode ser água, mas também não é limpa! E, como passam carros por ali, ao passar a pé levas sempre com salpicos que saltam das rodas dos carros, depois de passarem nas poças! Nem com uma máscara e vestida à astronauta eu quero passar lá! Juro que tive de optar por correr o risco de sufocar para não vomitar! Cheguei a sentir aquelas primeiras contracções do corpo quando sentes que tens meros segundos para chegar a algum lado, se estiveres preocupado em não sujar o chão.

Enfim, lá dentro entra-se num mundo à parte. Chão limpo, de cimento, com bancas... um mercado normal. Pedi à senhora o que pretendia e cheirei. Como o meu cérebro se sentiu confuso não tive dúvidas de que seriam coentros.
Na volta, tenho de passar naquele tormento mal cheiroso. Existe, a meio, uma estrada secundária (ou terciária), onde passam carros. Só que a rua é... tem alguns bocados de alcatrão... só que nenhum está direito! Parece a lua de tanta cratera! Quando eu ia atravessar vinha um carro na minha direcção e devia estar a uns 5 metros de mim. Mas até ele chegar, com os buracos que tem pela frente, já eu podia ter atravessado umas 500 vezes! Então fiz-me à estrada e ele estava lá looonge!

A gelatina que fiz ontem está uma verdadeira porcaria! É difícil não acertar com uma simples gelatina, mas devo ter posto água a mais. Medi bem os 250ml mas, ainda assim... Não está "treme treme", parece um milkshake! Bebe-se bem com palhinha! Olha, mas serve para lanche.

No Facebook encontrei um artigo que mostra Maputo, infelizmente, como sendo uma das 10 cidades mais poluídas do mundo! Não me espanta pois estou a viver cá vejo-o com os meus próprios olhos. Mas esta informação entristece-me. Não porque vivo cá, mas porque ainda existem cidades tão poluídas!

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