Friday, October 24, 2014

Dia 65 - 10 Outubro - O Forte e o "Amigo do Aeroporto"

Quando acordámos abrimos a porta muito devagarinho... a sala estava como a deixámos, de "patas po ar"! Nada de ratazana colada no chouriço!
Isto de nos despacharmos com a ratazana em casa tem muito que se lhe diga... abre porta, fecha porta... e quando levas copos num prato ainda melhor: equilibrismo! Que cena marada pah! Pensar eu que ainda ia dividir o apartamento com uma ratazana... é ingrato digo-vos já! Por muito mais pequena que seja tem a atenção toda para ela, não me deixa sentir "em casa", não me sinto confortável em lado nenhum, sinto-me confinada a cadeiras, mais altas de preferência, e o ar condicionado tornou-se no nosso melhor amigo já que a tipa entrou pela janela...

Pela hora de almoço a Liss enviou mensagem: está com malária. Significa que não pode vir trabalhar até ficar melhor, como é óbvio. Por isso, as melhoras Liss!
Fomos tratar do almoço, até porque o tempo está muito chocho... nublado, cinzento, vento... não propriamente fresco, mas faz um friozinho. Resolvemos aproveitar que não estava tanto sol e calor para irmos até ao Forte. Passámos pelo nosso Pingo Doce (daqui para a frente passa a ser o PD), o nosso sítio do costume, para um cafezinho. E depois toca a andar que só faz é bem!

Ui, mas que grande passeio este...
Depois de andarmos buééééé e atravessarmos perigosas estradas atulhadas de chapas e tchopelas, os mais perigosos nesta "selva", conseguimos chegar ao Forte! É um espaço relativamente pequeno, mas está muito giro. Eu juro que tirei fotografias mas agora quando as ia passar descobri que as perdi todas! A máquina não gravou nada, perdi toda a informação que lá tinha... Optei, por isso, retirar imagens da net... embora não seja a mesma coisa pois tinha fotografias nossas... Estou triste!












Até tinha tirado uma fotografia de um jardim lindo e das suas flores cor-de-rosa lindas para "oferecer" à minha mamã...

FOTOS FLORES

Quando saímos fomos andando para casa mas às voltinhas de forma a aumentar o passeio. Passámos pelo 33, o prédio que, como o nome indica, tem 33 andares. Mais uma vez, tirei fotografias aqui e não há nada para ninguém.


Um pouco mais à frente passámos pelo "complexo chinês". É um edifício só de chineses. Tem lojas e habitações e raramente se vê eles saírem de lá. Não se misturam nem tentam adaptar-se à cultura de cá. Comem só a comida deles, vivem e trabalham no mesmo local sem precisarem de sair. Virado para a avenida principal está a entrada do supermercado e qualquer pessoa pode lá entrar. Tem uns quantos degraus e, nas extremidades estão dois leões como estes


... mas sem o bonequinho debaixo da pata, até porque estão deitados nas quatro patas.
Entrámos por curiosidade para saber o que se pode comprar por lá. Claro que nenhum dos chineses nos cumprimentou apesar de levar com os nossos sorrisos e bem-educados cumprimentos. Entrámos para "cuscar"... O que bate logo no olho são as descrições serem em chinês, eventualmente está em português uma descrição simplória. Nos chás, por exemplo, têm umas quinhentas qualidades mas em todos a descrição em português diz apenas "chá"! Não era tudo, mas havia carne nas arcas frigoríficas sem qualquer embalagem... era o naco de carne em contacto directo com o gelo acumulado. Tem mil e uma qualidades de massas em rolos que me pareceram, à primeira vista, as esteiras para enrolar os rolinhos de sushi. Um corredor só disto. Arroz de várias qualidades em sacas para se comprar a quilo. Em Moçambique o arroz pode ser comprado em quantidades exorbitantemente gigantes e embalagens que parecem rações de 10 ou 20 kg! Enfim, não é muito diferente das lojas de chineses em Portugal, só tem mais coisas estranhas.

No caminho de volta andámos que nos fartámos. Passamos por casas, empresas em vivendas (que é o que mais há aqui), lojas, cabeleireiros, edifícios destruídos, lixo no chão, buracos que chegam a ser de tamanho de carros em altura, comprimento e largura. Normalíssimo por cá. Evito ao máximo pisar as tampas no chão de acesso aos esgotos e afins. Sei lá se não estão soltas!

Já perto de casa vem um ter com o JG.
- Amigo! Lembras-te de mim? - com um sorriso do tamanho do mundo
- Então, tudo bem?
Não parámos, continuámos a andar e estranhei a indiferença do JG.
- Quem é?
- É o "Amigo do Aeroporto"!
Ele já me tinha falado deste. É um gajo que anda pela cidade a abordar brancos sempre com a mesma conversa.
- Amigo! Lembras-te de mim? Sou aquele amigo que conheceste no aeroporto! Como estás? Olha, tens aí uns trocos?... - e por aí adiante. "Ganda cromo"! Deve dar resultado senão já tinha desistido.

Ainda a pensar no "amigo do aeroporto" e vi um jipe peculiar... Estava estacionado e atrás tinha aquela bola que serve para rebocar outros carros, o que muitos "mascaram" de bola de ténis. Pendurado nessa bola estava uma espécie de saco sem alças, verde, com o que poderiam ser dois kiwis lá dentro. A imagem, e julgo que a mensagem da coisa, seria que tinha os "tomates pendurados". Ai como soa mal... Mas era mesmo!!! Andar a passear pela cidade dá nisto, só se vê coisas estranhas.


Esta fotografia foi tirada por um amigo, mas foi isto mesmo que vi, só que em verde! Significa que "eles andem aí"... Reparem que existe outra coisa estranha para nós, mas muito normal aqui... não tem matrícula... Já diz o grande mestre JJ: "isto são pinners!"

Mas não acaba aqui. Embora já estivéssemos perto de casa ainda passou um tipo de bicicleta por nós. Nesta altura já pingava pouquinho. O tempo está mesmo a puxar a chuva para arrefecer. Isto para explicar que o tipo da bicicleta ia de gorro. Já nem estranho... eu aqui estava já cheia de calor, sentia-me um autêntico autocolante! O gorro era como que a parte de cima de um preservativo! Tipo este mas sem a cara e o dói-dói.


Chegámos finalmente a casa e eu tinha receio de ver a ratazana colada no chouriço. Nada. Significa que continua na sala, porque as portas e janelas estão todas fechadas. YUK! Pouco faltou para se preparar o jantar mas enquanto se fazia isso foi-se arrumando a sala. Agora, depois de jantar, estamos todos na sala como se nada fosse, como se não houvesse uma ratazana no sofá... creepy! Quer dizer, eu tenho as minhas pernas esticadas com os pés apoiados nas cadeiras da frente... não vá dar a curiosidade à bichinha...

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