Wednesday, December 17, 2014

Dia 112 - 26 Novembro - Habemus Genii

Eram 11h quando a Nora chegou.
Ela tinha dito que não iria chegar a horas pois tinha exame na escola. Assim, já estava à espera que chegasse mais tarde que o habitual. Pouco depois comecei a fazer o almoço com ela. Daquelas refeições que aprendes a fazer quando te estás a emancipar, geralmente, a frequentar a universidade: atum com esparguete. A Nora não sabe como se faz então expliquei passo-a-passo. «Cortas picadinho», «deixas que a cebola fique amarela e macia, assim», «baixas o lume para não queimar», «agora juntas isto e aquilo...». Refogado é coisa que a maioria não sabe o que é. Nem falo do significado, é mesmo de como se faz.

Depois de almoço saí para ir pagar a MEO cá do sítio. Não é longe, até é "já ali". Na rua sigo o meu caminho, escolhendo o melhor piso para não me enterrar até ao pescoço num buraco qualquer. Escolho chão de cimento em vez de areia, opto por não pisar em tampas de esgoto, o meu corpo suplica por sombra sempre que pode, evito chocar ou roçar a mala em pessoas e/ou carros estacionados para não criar conflito... No meio destes cuidados todos mantenho o meu ritmo, nem muito lento, nem demasiado acelerado.
Na volta encontrei um dos trabalhadores do MT com quem gosto bastante de trabalhar, o Capri. Rapaz muito educado, já não demasiado novo, responsável, simpático e muito querido. Cumprimentámo-nos com dois beijinhos. Queria que eu fosse trabalhar no fim-de-semana com ele. Disse-lhe que não dependia de mim e que, eu estive a ajudar, mas agora já não devo lá estar com tanta frequência. Não que não goste, mas porque já não faço tanta falta e tenho de procurar algo que se adeque a mim. Desejei-lhe um bom dia de trabalho e despedimo-nos com sorrisos antes de continuarmos o nosso caminho. Bastou dois passos para ver outras caras - mais simpáticas, talvez surpresas até - nas pessoas que iam passando na rua, à volta...
Mais à frente, esse sentimento de comunidade mudou radicalmente, não comigo, com um homem caucasiano de uns 70s e tal anos que estava a atravessar a rua. Carregava consigo uma pá grande, devia ter um cabo de 1.5m. Vinha na minha direcção, ambos aguardávamos que os carros passassem para atravessarmos, bem como outras pessoas. Mas ele começou a andar para a estrada e a ameaçar os carros com a pá, aos gritos com os condutores. Sei que nem todos os dias podem ser "bons dias" para todos mas carregar este agoiro, esta raiva, este ódio... senti vergonha, tristeza... senti-me mal por estar ali, àquela hora, naquele momento, por ter assistido a tão triste atitude...

Pouco depois de chegar a casa saí de novo. Fui ao talho, aqui perto, comprar carapaus congelados para assar. Não é a mesma coisa, definitivamente. E os carapaus têm uns 35cm de comprimento, são "xixudos" e... ah, se aqui não há peixe pequeno, prefiro comer o grande mesmo, sempre é mais saboroso!
Antes do jantar recebi uma chamada do Prof. Pardal. Não estava à espera, mas é sempre bom. Combinámos um meeting para amanhã de manhã. Já estou ansiosa e ainda nem sei do que se trata!


Só ao jantar, com o carapau no prato e a tirar o pepino, é que a famosa frase do Einstein fez sentido! A sua dúvida sobre a dimensão do universo...
Eu tinha dito à Nora, quando chegou das compras de tomate e pepino, para:
- Só do tomate tiras as sementes. Depois cortas às fatias. O pepino também podes cortar às fatias - Estas foram as minhas exactas palavras. Mas quando abri a caixinha onde estava o pepino...


... ela tirou as sementes ao pepino também!!! Eu não queria acreditar... Faz-me tantas perguntas ao longo do dia, muitas delas absurdas, mas tomo-as a todas como válidas porque, ao menos, pergunta. E dou valor a isso. Mas tirar as sementes do pepino é só tirar quase tudo do dito! Para não falar na composição de nutrientes que se perdeu. Acompanhei carapau congelado (já assado, como é óbvio) com pepino esburacado... Parece que este pepino andou na guerra!

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