Wednesday, February 25, 2015

Dia 169 - 22 Janeiro - Mangando

Que dia atribulado...
Fui, mais uma vez tratar daquele documento que ainda não tenho, ou melhor, fui saber se já o podia receber. No balcão disseram, mais uma vez, "ainda". Mas desta vez não me fiquei por aí e dirigi-me ao edifício em frente. É o edifício do mesmo serviço mas escritórios e com pessoas que "resolvem" os problemas. Assim como quem não quer a coisa, perguntei ao porteiro - que controla ali quem entra e para onde vai, supostamente - que me tinham dito para falar com alguém sobre o meu documento e seria no segundo andar. Gentil mas demorando o senhor respondeu-me e disse-me que poderia falar com o Sr. Peixe (vamos chamar assim). Subi pelas escadas até ao segundo andar e falei então com o Sr. Peixe. Expliquei a minha situação e o senhor pediu-me para lhe entregar uma cópia do meu recibo, com o meu contacto telefónico. Veio até explicar-me onde podia tirar cópias, desceu comigo e apontou para um pouco mais acima, atravessando a rua. Disse-me para voltar assim que tivesse as cópias e deixar com ele. Fui, rapidamente, às cópias. É assim uma roulotte, com uma máquina de fotocópias. Nem perguntou se era a cores ou p/b, nem se tirava na horizontal ou vertical. Também achei que não iria ser eu complicar a coisa... Algo há de servir!

Quando voltei a entrar no edifício estava um senhor e uma senhora a falar cá fora e ouvi um pouco da conversa...
- ... sim, é verdade que o documento está a aspirar, mas mesmo assim...
Bloqueei um pouco para ter a certeza, mas sim... eu ouvi isto...
Subi e o Sr. Peixe estava lá, na mesma sala, entreguei e vim-me embora. Ele ficou de me ligar ainda hoje ou até ao final da semana. Fiquei super contente. Parece que a coisa vai andar agora.

Estou a pé e por minha conta. Vou aproveitar que já estou cá por baixo e vou tratar de mais uns assuntos. Indo eu por onde fosse, o difícil é evitar o sol... ou a chuva. Começou a chover, primeiro a pingar suavemente, depois mais forte e eu obriguei-me a parar um pouco para me abrigar, debaixo de uma árvore. Foi quando parou um rapaz novo com uns panfletos. Muito simpático comigo, cheio de sorrisos e umas falinhas mansas... Eu vi logo que me ia tentar impingir coisas de uma religião qualquer. Disse-lhe que não estava interessada.
- Mas porquê?
- Porque a religião, para mim, é uma coisa muito pessoal, muito própria de cada um, muito íntima.
- Então acredita que há um Criador...?
- Tenho fé em algo, sim.
- Mas então acredita também que o Criador tem algo reservado para nós, que vamos caminhando num sentido... - Aqui tive de o interromper...
- Acredito em nós! - E fiz um gesto circular - Em nós, pessoas, humanos. Nós é que temos mãos para fazer as coisas, temos motivação no corpo e cabeça para pensar no que podemos fazer de bom neste mundo!
- Ok, obrigado!
Hum... É impressão minha ou dei-lhe baile?! Foi-se embora...

Estou toda transpirada. Joguei a mão ao pescoço pois senti algo incomodativo e estou, literalmente, a pingar! E não, não é da chuva! É da transpiração mesmo. Está tão abafado, tanto calor... nem com a chuva isto refresca. No final da rua estava a papelaria onde eu queria comprar um livro, mas não o tinham, só numa outra loja que fica no outro lado da cidade. Disse que não iria à outra loja, deixei o meu contacto e disseram que iam mandar dessa outra loja para esta e que eu poderia voltar amanhã. - - Ok, eu volto amanhã, não tem problema.

Agora só tenho mesmo de ir para casa. A caminho ainda encontrei um dos mil que vi hoje a vender crédito para o telemóvel. Mas, como sei que andam em todo o lado, andava a ver se via algum com um ar simpático. E encontrei um senhor mais velho, a varrer a rua. Parou de varrer quando passei, olhou para mim e cumprimentou-me. Achei que era agora...
- Bom dia! - sorri - Papá, tem Vodacom?
- Tenho sim, menina.
- Quero 100, por favor - entregou-me o código, eu dei-lhe o dinheiro - Kanimambo, papá! - Vi-o sorrir e a fechar os olhos de agradecimento. E sinto que não podia ter sido melhor pessoa para encontrar no meu caminho. Um pouco mais à frente passou por mim um rapaz a vender cajus. Automaticamente disse que não queria. Mas depois chamei-o, quero sim. Lá fiz negócio e trouxe 2 sacos grandes por menos do que ele pedia. Mais perto de casa acabei por comprar mangas e bananas. Devo ter andado uns 8km. Foi, por isso, um dia produtivo!

Agora estou mais fresquinha e estou mangando... Pedi à Gel para me arranjar uma das mangas que trouxe. Está cortadinha em cubos, com um garfo... não há melhor! E ainda só vamos e meio da manhã! Não tardou a chegar a hora de almoço e o tempo passar até ir para mais um dia de curso.

O final do dia é que não foi dos melhores pois fiquei a saber que a minha mamã está doentinha... vou ter de fazer alguma coisa...

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