Thursday, July 17, 2014

Dia 17: 10 Julho 2014 - A viagem a África do Sul

Ok, hoje é dia de levantar bem cedinho... temos de percorrer 200km até Nelspruit, na África do Sul, para que eu possa renovar o meu visto. Temos de passar a fronteira e chegar lá antes das 13h. À parte: Escrito não se nota, mas em conversa não podemos dizer "uma da tarde", levam mais tempo a assimilar e ficamos com a sensação que não entenderam mesmo. Por isso, para evitar desconforto é mais fácil dizer logo "treze horas".
Ora, 200km para lá estar às 13h, em autoestrada e tudo... uma pessoa faz as contas e fica numa de 2h30/3h chegam na boa para o caso de apanhar trânsito... certo?! ERRADO! Saímos de casa às 7h30 (já atrasados porque queriamos sair às 7h) e mesmo assim quando chegámos já passava das 14h30!!! Inacreditável?!... T.I.A. people...
Vou documentando isto com fotografias para terem uma noção das coisas.


Estas primeiras são da saída de Maputo, para verem as bermas, as casas ou cafés ao lado




Aqui estão mulheres que trabalham no campo



Viram a matrícula deste?! Também não...


A publicidade espalhada por todo o lado


A lixeira... E muitas das vezes, quando acumula muito lixo, mesmo na cidade, pegam fogo e pronto, assunto arrumado!



Vendedores à beira da estrada




Estou fascinada por estas árvores... Adoro-as a todas!





Estivemos muito perto de desistir por acharmos que não dava tempo de lá chegar a horas, mas eu sei que tenho um anjinho protector muito certinho! Vou explicar-vos um pouco o nosso problema... Tinhamos de chegar à fronteira com tempo mais que suficiente para chegar ao consulado porque depois de eu passar a fronteira já não poderia regressar sem ter o visto. Ou seja, depois de passar a fronteira eu já não poderia regressar. Depois tinhamos de ter tempo para chegar ao consulado, só que, havia obras e o trânsito pára mesmo! mas parado paradinho, daquele parado em que desligas o carro e o motor fica bué da frio devido ao tempo que o páras! E depois havia o problema de nos darem o visto para 6ª, caso contrário teria de cá ficar até a semana seguinte... E como o JG tinha de vir trabalhar... Estão a ver o nosso dilema?!

Foi tudo uma questão de passo-a-passo. Havia tanto trânsito na estrada, estivemos parados por obras, embora por pouco tempo. Mas chegámos finalmente à fronteira!
Aqui é que comecei a abrir os olhos... A fronteira parece... tão a ver a fronteira entre Portugal e Espanha, de Vila Real de Santo António para Ayamonte?! Tem nada a ver! Aquilo faz lembrar as fronteiras dos paises em guerra! Rodeado por redes com arame farpado, carros por todo o lado, muita desorganização por todo o lado... muito cinzento, com lombas para não andarem depressa, polícia, cancelas, controladores de quem entra e quem sai... sentes que te estão a testar o tempo todo! Lá, estacionas e, mal sais do carro, és logo rodeado de pessoas para nos venderem a moeda de áfrica do sul:
- Rans? Rans, sinhóra?
Escusado será dizer que me colei ao JG de forma a poder sentir-me minimamente segura. Connosco vieram as malas todas, não pode ficar nada à vista dentro do carro ou arriscamo-nos a ficar sem nada. Vira à direita, agora à esquerda, é ali... dirigimo-nos ao balcão para dar saída do veículo, um balcão de madeira, com rede até acima só com uma janelinha para passarem os documentos. O JG solicitou o papel para preencher os dados do carro e fomos preencher. Como não estava ninguém na fila, voltámos para devolver, tudo certinho. Depois fomos para a fila de "dar saída das pessoas", um a um tinhamos de mostrar os respectivos passaportes, para que fossem carimbados. Na fila aguardámos um pouco e eu fui a primeira a ser atendida, pouco depois vi passar o JG para o guichet atrás de mim. Mas ele despachou-se mais rápido e eu continuava ali... até que o homem abre a boca:
- Isto tá istranho... - que é uma expressão muito usada quando não sabem bem que palavras usar para descrever o que não consideram estar correcto.
- Estranho porquê?
Resumindo, implicou com a data do visto porque sim... Isto aqui não tem de fazer sentido e não vale a pena tentares arranjar uma explicação lógica para as coisas. O passaporte estava certinho, mas o senhor queria resolver a situação na hora. Enfim, valeu-nos alguns meticais. Mas o JG teve de intervir porque eu não estava a perceber nada, além disso, aqui as mulheres são ainda um pouco mal vistas, especialmente nestas situações. Senti-me muito mal com isto. Injustiça e corrupção são coisas que me deixam mesmo muito revoltada.

Ok, passámos a fronteira mas agora já não posso voltar atrás! E ainda tenho a fronteira de África do Sul já do outro lado. Estou, literalmente, em terra de ninguém, no fim do mundo ou num mundo perdido... Até à fronteira de África do Sul foi um saltinho, mesmo já ali.
A diferença já se nota, até parece que o sol brilha mais! Uma organização melhor, mais espaço de estacionamento e umas filas menos africanizadas. Entregam-nos um papel, ainda no carro, onde seguranças anotam a matrícula e quantas pessoas seguem no veículo para depois entregarmos lá dentro. Colocámo-nos na fila para mostrar os passaportes. Ah, aqui já só falas inglês e tudo está escrito em inglês, mas eles respondemte em português, inglês mal encarado ou em áfricans, uma espécie de holandês engripado, com um inglês entupido, um alemão arranhado e um zulu mal amanhado... ficaram confusos?! Imaginem a minha cara... Era mesmo caso para perguntar: KÉÉÉ?!?

O que vale é que aqui toda a gente fala um pouco de tudo... ou um pouco de nada...!
Ainda eram algumas pessoas na fila e fazia lembrar as filas dos aeroportos, em lagarta dum lado para o outro. Muito sofistificado! (sim é propositado!) Cada balcão tinha um ou mais trabalhadores! UAU! É melhor que em Portugal! Mas é tão lento ou pior...
Fui atendida! Sem qualquer problema, carimbou e...
- Next! - parecia filme.
Falta dar entrada do carro. Perdemos um pouco de tempo precisamente porque deeeeeemoooooraaaaaaaaam... Quase que temos de suplicar para ser atendidos. Aqui eu já só posso ficar na África do Sul, mas se não chegar a tempo posso ter de passar dias seguidos sozinha... NÃO!!! Toca a despachar malta! Lá conseguimos mas o tempo urge...
Queria ter tirado mais fotografias, mas em movimento a coisa complica...








Assinalei aqui os macaquinhos para vocês os verem, são babuínos à solta. Afinal estamos mesmo ao lado do Kruger Park.







Esta fotografia faz-me tanto lembrar a Suiça...



Reparem nas rochas... de vez em quando rola uma até à estrada...












Venda na berma




Chegámos ao local mais receoso... as obras! Aqui as obras funcionam de uma forma um pouco diferente... Começo por vos explicar que existe apenas uma estrada opcional! Não existem acessos alternativos. E essa opção solitária ainda se torna mais risonha quando só tem uma faixa. O que causa algum transtorno porque por ali passam 5 camiões, bisarmas mesmo, para cada 5 carros... e eles andam na esgalha! Cheguei a assistir a uma ultrapassagem de terceira fila e outra ultrapassagem, em sentido contrário ao nosso, por um camião que nos fez ir para a berma porque o senhor estava na nossa faixa em contra-mão! Mas sim, é perfeitamente normal, já que ele é grande e nós não passamos de uma formiguinha ali... é assustador! Até as auto-estradas (não dou por elas a não ser quando é para pagar) têm acesso directo aos campos, têm semáforos, têm velocidades máximas, em alguns sítios, a 60km/h... T.I.A....
Bem, mas parámos nas obras... claro que todos os operários são cor-de-chocolate. Não quero que pensem que sou racista, não sou mesmo, mas eu sou branquela e aqui vê-se pessoas de todas as cores, de religiões, etnias, culturas diferentes. E, tal como a expressão e a fisionomia, a certa altura consegues distinguir um pouco as personalidades. E a personalidade da maioria dos africanos que trabalham no duro é mais afincada que a dos alentejanos... stress não existe aqui! Então quando há obras na estrada, preferem fazer tudo em grande e são kilómetros esquecidos em obras de uma só vez. Aqui eram 10 ou 15km. O que originou uma paragem de 90min... diziam eles! Aliás, antes até nos disseram que seria de 45min. Na verdade foram quase 2h30...
O consulado fechava às 13h... saímos dali já passava das 13h30... Lembram-se a que horas saimos de casa?
Estávamos desesperados! Não ia dar tempo... o JG tinha que ir trabalhar na 2ª e eu teria de ficar ali sozinha até 3ª ou 4ª, quando me entregassem o visto e ele me voltasse a ir buscar... Não é viável, nem pelos custos excedentes, nem pelo tempo... Ele tomou a decisão de ficar comigo e faltar o tempo que fosse preciso! Menos mal! Encarando a coisa com melhores olhos... umas férias forçadas... Que seja! 'Bora lá conhecer South Africa!

A parte castiça da coisa é haver tanta gente pela fila fora a vender amendoins, abacates, laranjas, água, refrigerantes, doces, couves, fritos em pacote... Mas é que nem dava para deixar de ver um único porque vinha logo outro a seguir! E depois há as obras... ao teu lado há terra em monte para fazerem a estrada, há tractores a fazer de batedeira da terra, ora passa num sentido e atira a terra para um lado, ora passa noutro sentido e atira a terra para o outro... e, à volta, os restantes passeiam, comem, conversam, deitam-se, descansam... Bem sei que parece piada mas os tractores só podem passar num sentido de cada vez, né? Não se podem cruzar. A verdade é que vimos vir um dum lado muito descansadinho e a seguir vimo-lo, muito apressado, a fazer marcha-atrás! WTF?! Vinha outro na boa, também apressadinho, na direcção do primeiro! É que não há nada que lhes tape a visibilidade... é impressionante como acontecem as mais absurdas anedotas!

O tempo foi passando até a fila começar a andar finalmente! Já não chegamos a horas, mas enfim... Lhega quando lhega...


O camião que aturámos horas sem fim...


A minha pontaria para apanhar os sinais...



















Um charquinho... há animais perto, com certeza.


Crocodile River





É já ali!!!

1 comment:

  1. Puxa vida! Fica-se com áhua na boca, como nas telenovelas, sem saber o q vem a seguir...!!! :D Claro que tudo isso é mesmo muito sofistificado! Ahah! Private joke!
    Love U
    Mum

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