Não levantámos cedo. Mas sabíamos que queríamos fazer alguma coisa diferente. E já se tinha falado em irmos ao Catembe. Então vamos ao Catembe!
Saímos de casa um pouco apressados para podermos aproveitar ao máximo o dia. No passeio, mesmo por baixo da nossa casa há algumas galinhas, das traseiras, que se aventuram e passam o dia a chafurdar na terra das árvores. Quando passámos uma delas assustou-se de tal forma que parecia um espanador do pó stressado! E eu assustei-me porque não a vi antes! Foram milésimos de segundos até eu gozar comigo própria daquela situação caricata. Mas também não havia muito tempo, temos de apanhar o chapa. A esta hora não vão muito cheios, há que aproveitar.
Na rua vê-se muita gente a vender flores por causa do dia de hoje. Além de flores, tudo o que tenha corações, o que seja vermelho ou rosa. É um dia mais vivido que o Natal! Dentro do chapa fiz adeus a uma menina que olhou para nós como se fossemos ETs! Como que "algo não está certo ali" mas, ainda assim, acenou de volta. Passado pouco tempo já sorria.
Já perto do porto, fomos a pé até chegarmos e apanharmos o Mapapai, o barco mais pequeno que faz lembrar os que fazem a travessia e vão para o Farol e restantes ilhas. Bem, este também nos levou ao Farol... mas é outro... Eu transpirava lá dentro como nunca antes visto. Parecia que estava dentro da sauna e ainda assim era pouco. Toda a minha pele brilha e se transforma em água.
Quando saímos, estava um pouco mais fresco, ainda assim, nada que refrescasse muito. Depois de atravessar o pontão o caminho passa a ser pela areia e, até chegar à beira-mar, temos de atravessar uns poucos metros em areia solta, como em qualquer praia. Mas esses "poucos metros" transformam-se em longas e distantes milhas quando um nadinha de areia nos queima os pés por estar tão quente. E não, não estamos descalços! Vamos de chinelos, até porque todo aqueles espaço está imundo! Cheio de lixo, de vidros partidos, sacos de plástico, embalagens cortadas... enfim, parece uma lixeira.
Só acalma quando metemos os pés dentro de água! Até parece que faz "fssssss"! É um alívio imediato. A verdade é que, por muito (que não é mesmo quase nada) que se sinta uma leve brisa, mal dá para nos sentirmos frescos! Sentimo-nos a derreter desta forma
Almoçámos no Farol e lá ficámos a derreter e a ver os barcos a passar. Pedi uma garrafa de 1,5l bem fresca mas... bem, havia tempo de a beber e, no final, já estava morna. Parecia eu que estava a beber uma cerveja!
A vista daqui é muito gira. Conseguimos ver os prédios e localizar algumas zonas. Apesar de haver muitos prédios altos, Maputo tem também muitas zonas verdes. Cá, de longe, a vantagem é que não vemos o lixo que a cidade tem! Ainda parece mais bonita.
A vista daqui é muito gira. Conseguimos ver os prédios e localizar algumas zonas. Apesar de haver muitos prédios altos, Maputo tem também muitas zonas verdes. Cá, de longe, a vantagem é que não vemos o lixo que a cidade tem! Ainda parece mais bonita.
A primeira página do menu. Ficámo-nos pelos camarões e as lulas fritas. Nem apeteceu mais nada. Ficámos saciados, só queríamos era mais líquidos!
Lá ao fundo, um cruzeiro que contrasta com a pobreza que aqui se vive e se respira...
A volta foi um pouco mais atribulada. Ainda na praia veio um rapaz de conversa connosco até à ponte. Ele até estava entretido a jogar à bola mas, quando nós dois passámos (dois molungos), ele deve ter-nos visto como dois cifrões ambulantes. Eu só estava à espera de quando ele iria pedir alguma coisa... Estava muito animado, de conversa sobre futebol... yada yada yada... mas quando chegámos à ponte:
- Boss, tou à pidir 10 meticais... vim até aqui, a fazer companhia...
Claro que nos rimos e dissemos que não tínhamos dinheiro. Mas a lata, a cara-de-pau deste pessoal... é impressionante! E, são estas pequenas situações, que me enervam. Fora da cidade tenho a ideia que não acontece tanto, mas aqui, é tão... nem sei bem como adjectivar estas situações porque são deprimentes, melgas, cara-de-pau... tem uma certa piada no início, mas depois tira-nos do sério. A mim tira!
Ficámos desorientados de tal forma que atravessámos a ponte sem comprar os bilhetes, mas a pensar que podiam ser comprados no próprio barco. Nada! Assim que chegámos tivemos de voltar para trás e comprar os bilhetes na bilheteira.
A fotografia abaixo foi tirada já perto de chegar ao final da ponte e podemos avistar o batelão (amarelo) e o mapapai (azul).
Como tivemos de voltar para trás fomos quase os primeiros a entrar. Estávamos a observar o cruzeiro que ali está estagnado a fazer inveja num país de pessoas pobres. É impossível ficar indiferente a tanto luxo!
Ainda o nosso barco não tinha atracado e estava a dar a volta ao batelão e eu comecei a observar como as pessoas viajam naquele barco tão grande. Leva carros e pessoas. As pessoas podem ir numa zona sem tecto ou lá dentro. Eu pensava que não era possível ir lá dentro. Aliás, nós já viajámos ali, mas fomos na zona dos carros como a maioria das pessoas, achávamos nós. Confesso que fiquei impressionada com a quantidade de gente que seguia naquele "Titanic". O espaço fechado tem poucas janelas e essas são redondas, pouco maiores que uma cabeça. Vê-se cabeças por todas as aberturas possíveis e imaginárias. Parecem sardinhas em lata! Estava tão cheio que nos fez lembrar, imediatamente, os comboios carregados de judeus, no tempo da Segunda Guerra Mundial, dos campos de concentração nazi... A diferença?! As pessoas aqui tinham sorrisos nos rostos.
Pouco depois, um senhor que seguia connosco no mapapai exclamou:
- Olha ali peixe tão grande!
- Peixe?! Ah, são golfinhos!
- É, um peixe grande... São dois!
- São golfinhos, men...
Vimos mesmo golfinhos! YUPIIIII
Para sair do porto parecia uma coisa do outro mundo. Havia gente que nunca mais acabava. Tinham fechado os portões de entrada dos carros e saída de multidões. Vimo-nos aflitos para sair. Tivemos mesmo de empurrar as pessoas, caso contrário ficávamos ali até amanhã!
Na volta para casa, entrámos no chapa de novo. Ia quase vazio... até começar a encher! Sentámos os dois lá atrás, no último banco, onde estava já uma rapariga. Numa das paragens entrou tanta gente que passámos a ser 4 atrás, 4 à nossa frente, mais outros tantos, uns sentados e outros em pé, dobrados, claro. À frente, seguiam mais dois e o condutor. Era mais ou menos isto...
Comecei a sentir algo idêntico a claustrofobia... Tirem-me deste filme... Mas fui, calminha, sugadita, sem entrar em pânico... Olhava pela janela e convencia-me que podia fugir dali se aquela coisa tivesse um acidente... Enfim, chegámos são e salvos!
Estamos completamente transpirados! Parece que entrámos no banho, vestidos e nos pusemos a assar! A roupa cola e custa a despir. Fui direitinha para o banho. Só liguei a torneira da água fria e, mesmo assim, saía quente! Parece estar a uns 21º. Só ao sair do banho é que refresca um pouco, em frente ao ar condicionado, mas nada que se pareça com isto...
Foi só, ao chegar a casa, que a minha mãe me diz "Feliz Carnaval". Ah é Carnaval?! Nem me dei conta disso... Então, se hoje me mascarasse, seria de maçaroca de milho...
Foi ao jantar que tivemos a impressão de ver um tímido relâmpago lá fora, mas logo a seguir tirámos a dúvida porque ouvimos um trovão, como se alguém andasse a arrastar móveis no piso de cima. Depois disso continuámos a ver alguns relâmpagos mas não mais trovões. Abrimos a janela e sente-se um bafo quente e húmido, acompanhado de ventania que deixa adivinhar uma breve tempestade daquelas... Não demorou a cair chuva. Começam umas pingas bebés e rapidamente crescem e se transformam em pingões, como que aqueles homens que gostam de ir ao ginásio toda a vida! Não, it's not "raining men"! São só pingas muito grossas, tá?!
Vimos o filme "Babadook". Meh... não tem grande assunto. Parece mais um filme de terror para crianças! Assim como o "Champomi" está para as bebidas alcoólicas de celebração.
Resumo do dia: Fomos almoçar à praia, com uma vista privilegiada sobre a cidade de Maputo, num local exótico com uma abundante e rica vida selvagem. Tivemos direito a passeio à beira-mar e de lancha com a companhia de golfinhos. E à noite ainda houve espectáculo audio-visual e cinema! Querem melhor programa para um Dia dos Namorados?!
Vimos o filme "Babadook". Meh... não tem grande assunto. Parece mais um filme de terror para crianças! Assim como o "Champomi" está para as bebidas alcoólicas de celebração.
Resumo do dia: Fomos almoçar à praia, com uma vista privilegiada sobre a cidade de Maputo, num local exótico com uma abundante e rica vida selvagem. Tivemos direito a passeio à beira-mar e de lancha com a companhia de golfinhos. E à noite ainda houve espectáculo audio-visual e cinema! Querem melhor programa para um Dia dos Namorados?!
Este post é mesmo daqueles que nos permitem apreciar o colorido local! Como se estivéssemos lá!
ReplyDeleteE é bonito!