Friday, March 13, 2015

Dia 185 - 7 Fevereiro - Novas Amizades

A nossa única varandinha proporciona-nos o direito de recebermos visitas de vez em quando. Hoje tivemos um pequeno encontro, durante a tarde. Fomos cuscados por um corpinho dócil mas receoso, observados por uns olhinhos meigos e brilhantes como berlindes, ouvidos por umas orelhinhas pontiagudas... Foi pouco tempo mas deve ter sido o pequeno encontro que faltava para o que aconteceu depois à noite...

Já tínhamos jantado e hoje até comemos umas costeletas, pelo que sobra sempre osso e gordura da carne. Era bem tenrinha. Já lavei a loiça e tudo, deixei a cozinha arrumada e limpa. Estava, por isso, já nos meus aposentos. Recostada, apoiada em almofadas e aconchegada com o portátil em cima de mim. Estava de conversa com a minha mãe por mensagem, mas a porta do quarto estava aberta, ainda estamos todos acordados. A sogrinha foi à varanda e viu a nossa visita debruçada sobre o grelhador ainda quentinho e cheiroso com restinhos de carne fumegante... Fugiu quando ouviu barulho. Teve medo. Mas a sogrinha chamou com jeitinho, ofereceu os ossos com bocados de carne que estavam ainda agarrados. Jogou pela grade e aquele pequeno ser aceitou. Foi quando eu cheguei... Estava a coisa mais doce a tentar roer os bocados mais molinhos! Aquele corpinho frágil estava do lá de fora, ainda com alguma receio, mas com uma vontade gigante de entrar... Eu chamava e a bichana roçava-se na grade, miava, espreitava pelo buraco da entrada (por onde ela entra e sai). Não demorou muito a render-se à vontade de ambas. Ganhou coragem e pulou a cerca!

Veio direitinha à minha mão pedir festinhas, veio roçar o pescoço nos meus dedos. Veio esfregar aquele corpinho frágil nos meus braços... Como é que posso resistir a tanto charme?! Enrolou-se nas pernas da sogrinha, rendeu-se a nós e nós a ela! Quando vinha cá dentro ela tentava entrar comigo. Miava a chamar por mim, fixava a porta e esperava, pacientemente. Uma das vezes que demorei um minuto, em vez de escassos segundos, ela miou, deitou-se de barriguinha rente ao chão, a fixar por baixo da porta - por onde consegue ver os nossos pés - com as orelhas muito atentas. Assim que me aproximei, vi as orelhinhas em riste! E quando espreitei a chamar por ela, olhou para cima e, assim que me viu, miou e afastou-se para que eu pudesse abrir a porta! Não há nada melhor que amor tão puro como este!

O JG diz, com uma certa razão, para não me afeiçoar... mas não resisto, é mais forte que eu! Se, por alguma qualquer infelicidade (esperemos que muito remota ou, preferencialmente, inexistente), eu tiver que sofrer por algo que lhe aconteça... sei que voltaria a fazer tudo igual porque, sempre que tive oportunidade, conheci e amei aquele ser, mesmo que por breves instantes! E não há nada que me faça arrepender disso!







Já escolhi o nome... Julie!

3 comments:

  1. Julie... Parece um tigre, grande! Ainda andará por aí?

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  2. Qualquer dias abres um gatil aí nesses lados!

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  3. AHA! Se eu abrisse um gatil havia de haver um "Xico-Esperto" que, ao lado, abria um talho ou um restaurante!

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