Monday, June 15, 2015

Dia 213 - 7 Março - Manhã produtiva

Ainda me ia despachar quando vi a Gel. Tive de olhar duas e três vezes até perceber que era mesmo ela. Fez extensões no cabelo. Ela costumava vir sempre com um cabelo muito curtinho e agora tem umas tranças no cabelo que lhe chegam ao rabo. Cabelo não cresce assim dum dia para o outro!
- Uai?! Gel?!
- hehe... Fica ninita?
- Fica ninita, não estou é habituada a ver-te assim!
- Obrigada.

Levantámos cedo para ir ao Mercado do Peixe. Sabemos que há muita gente que é assaltada nesta zona. Sabemos de truques que fazem para entrarem nos carros das pessoas. E sabemos a confusão que é ir lá. Mas temos de comer peixe e é onde há o melhor peixe. Para quem não conhece e quer visitar, ficam algumas dicas.
Estacionar o carro: Não deixar mesmo pertinho do mercado, ou estacionam antes ou deixam depois, no estacionamento do Clube Náutico, por exemplo. Vai estar sempre alguém a querer tomar conta do carro, mas quando se deixa mais perto do mercado, acabam por ser mais pedinchões e não se contentam com uma moeda, querem sempre mais e insistem demais.
Muito cuidado ao sair do carro. É importante verificar sempre se todas as portas estão bem fechadas. Costumam fazer o seguinte: abrem uma porta do carro (seja a do pendura quando não vai mais ninguém, ou alguma das de trás, ou até o porta bagagens) e encostam imediatamente dando a impressão de estar fechada. A pessoa acha que tem o carro trancado mas aquela porta está aberta. A pessoa afasta-se e eles entram! Muito cuidado!

No Mercado: Não há outra forma de dizer as coisas... Se entra um branco é o alvo do peditório! Todos os vendedores começam a chamar: «Amigaaa! Tem tudo fresco», «Boss! Olha aqui o peixe Boss», «Mamã! Olha o camarão!», «Tenho a melhor lagosta!»... Depois há alguns que andam com cestinhos a vender salsa, coentros e outras verduras. Miúdos com saquinhos de amendoins e cajus que se colam da entrada à saída. E quando paramos numa banca vêm outros apontar para a banca deles «Mamã, depois passa ali na minha banca, tenho tudo fresco, faço bons preços». As primeiras vezes até pode ter a sua piada, é característico daqui, é diferente... mas depois cansa! E o que cansa mais é que, por sermos brancos, aumentam sempre os preços como se nós não tivéssemos noção dos valores praticados! Odeio que me tomem por parva!
Resumindo, convém ir com a lista na cabeça e dirigir apenas às bancas onde vamos comprar. Não vale a pena andar a comparar preços senão ainda começam a discutir umas bancas com as outras e ainda se matam. Pergunta-se o valor e negoceia-se logo antes de mandar cortar ou arranjar. Tens o que queres e vens logo embora. Não se pode andar a passear. É cansativo o barulho, a confusão e chateia que nos estejam, constantemente, a chamar a atenção e a colarem-se que nem lapas. Ah, e mala sempre debaixo do braço, colada ao corpo. Nada de carteiras de fora.
Há quem leve a sua própria balança porque as deles estão sempre descalibradas para os beneficiar. E depois há o furinho... Ameijoas, camarão, lulas... estão sempre em baldes com água. Em cima colocam os animais "Rainha" que são os com melhor aspecto. Se não tivermos atenção chegamos a casa com 3 ou 4 camarões tigre e os restantes são os netinhos, ou pedimos lulas e em casa vemos que afinal é pota. Depois de estar no saco há que fazer um furinho no fundo do saco e vão ver que vão sair uns 2kg de água... Só a seguir se pesa.
Ah, e, se por acaso, mandarem arranjar o peixe - o que também é pago - verifiquem se não o perdem de vista porque podem trocar o peixe comprado e já pago por outro mais pequeno...

É sempre uma aventura e não convém irmos sozinhos. A ida para o carro é sempre rápida porque queremos ir embora dali o quanto antes. Damos a moeda e já sabemos que não agradecem aqui nesta zona. Parece que temos obrigação de dar a moeda...
Desta vez ainda apareceu um "Chico-esperto" com uma moeda de 2€.
- Boss, troca a moeda de 2€.
- Troco por 30mt
- Ah, não Boss...
- Então não quero!

Claro que o almoço foi Peixe-Serra. Estávamos de volta dos computadores quando recebemos uma chamada de uma amiga que, em breve, vai voltar para Portugal. Desafiou-nos para sair e aproveitámos.
A entrar no carro passou um rapaz a vender chapéus... é desta! O JG comprou um chapéu! Fica-lhe bem! Faz lembrar o Jason Mraz no álbum "I'm Yours"... mas mais giro...


Claro que não o deixei conduzir de chapéu... já cá se sabe que "homens de chapéu não sabem conduzir"...
Fomos ter ao Jardim dos Professores e pedimos um gelado cada um. Pedimos em cone, foi já com o gelado na mão que me lembrei que deveria ter pedido em copo... o calor é tanto que, se não comer depressa, acabo toda lambuzada! Tem mesmo de ser devorado à Monstro das Bolachas!


A tarde foi de conversa animada. Sabemos que podemos nunca mais nos encontrar. Conhecemo-nos por cá e somos de terras bem distantes... ainda assim, fica a amizade e o contacto pelo facebook.

O tempo aqui passa mais depressa... ainda ontem foi Natal e hoje já estamos quase a meio de Março! Ainda mais estranho se torna quando não se passa pelo frio e todo o ano há calor. Aqui só há duas estações do ano: verão e primavera! Nunca pensei dizer isto mas... tenho saudades do frio!

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