Friday, June 27, 2014

A VIAGEM – parte I

Após um dia inteiro a fazer as malas e a embrulhá-las que nem chouriços, depois das mil e uma despedidas da pessoa que mais amo (mãe e João são dois amores diferentes, mas igualmente abundantes), bem como dos meus felpudinhos e do meu persigadorossaurozinho... aqui vou eu...

Sentada e aconchegada com dois lugares só para mim, fui-me entretendo a fazer daqueles porta-chaves entrelaçados.


Como ia lá ao fundo, não consegui ver o filme, porque as televisões são pequenas e não dá para ler as legendas. Além disso, estava uma tipa à minha frente cuja bateria do telemóvel tenho a dizer que é invejável... passou a viagem inteirinha no “teca-teca-teca-teca”! Mas é que não se calava um segundo! Ainda pior, para os restantes passageiros não ouvirem os namoros, anichava-se entre os dois bancos. Ora, aí era onde estava aquela pequena divisão dos bancos onde... EU OIÇO TUDO!!!

Finalmente chegámos e eu estava um pouco preocupada em como sacar os chourições... fui a correr buscar um carrinho de aeroporto e, quando cheguei, já não estava fila nenhuma e o motorista estava a tirar os chourições do autocarro, com um ar um pouco cansado... deve ter sido da viagem, coitado.
- São minhas! - gritei com um sorriso.
- Ena menina, tem aqui umas malas muito pesadas... Faz transporte de laranjas, é? - Afinal, o ar cansado era mesmo dos 40kg... fraquinho...
- He he... Antes fossem! Isto de imigrar não é fácil! Levamos a vida às costas. Vou para Moçambique e não posso vir todos os meses buscar roupa lavada – disse eu a sorrir. Tarik, como eu te compreendo... e ainda dizem que as tartarugas e os cágados são lentos...

Como cheguei antes da hora (ena ena), andei a vaguear um pouco. A forma mais fácil de vos explicar é mesmo esta: parecia um sem-abrigo podre de bêbado a empurrar um carrinho de tralha! Tal era o peso do bicho e a qualidade do carro...
A minha boleia não tardou e eu fui tentando chegar perto do carro. Consegui!
Já em casa, fui logo apresentada ao sofá que me iria receber durante a noite, hehe. Amigo muito confortável, deixem-me que vos diga!
Fui ajudar a Cris a preparar os comes, ainda vimos um pouco das notícias durante o jantar e, depois de estar tudo limpo e arrumado, ainda assistimos a umas séries de TV. Era ainda cedo quando a Cris me deixou sozinha na sala para que pudesse descansar. Ainda o jogo de Portugal não tinha começado. Então aqui deitei-me, acertei o despertador para as 6h20... (que dó), apaguei as luzes e deixei a televisão ligada para não pensar muito no futuro próximo e no que deixava cá... Tinha que me distrair um pouco e, embora cansada, estava ansiosa e isso é terrível para dormir.
Quando estava já quase a desligar tudo...
- GOOOOOLLLLLLOOOOOO! - eram os vizinhos do lado aos gritos pelo 1º golo do jogo marcado por Portugal. Tou feita ao bife...
Bem, fui dar uma espreitadela ao jogo, depois mudei para outro canal onde estava a iniciar um filme... oh damn! As televisões sabem que não resisto a um filme ou uma série a começar...
Lá fui vendo o filme e a espreitar o jogo de vez em quando. Já estávamos a perder e o tempo de jogo quase a terminar... quando empatam no último minuto!!! Muito gosta o português de sofrer...
Liguei à mamã e ainda ali estivemos um pouco de “teca-teca” até adormecer de vez.
Estava eu completamente ferrada, quando me entra no sonho uma musiquinha familiar e ali estava eu, no sonho, a curtir um som à maneira... É o despertador! Saltei do sofá com medo de me atrasar - afinal, um avião é muito grande para se perder e um pouco (só um pouco) inalcançável depois de levantar voo! - Acho que estava pronta em 5 minutos. Ouvi barulho na cozinha, abri a porta, era a Cris. Ao que eu, com o meu sorriso matinal, de orelha a orelha, exclamei:
- BOM DIA!
- Eh lá, já estás vestida e pronta... Bom dia!
Acho que impressionei pela rapidez estonteante com que me aprontei... mas há um truque e eu vou revelá-lo: Quando tens as malas “enchouriçadas” e peso de bagagem limitado, dormes com a mesma roupa com que te deitas e levantas! :D Muito espertinha das ideias! Está tudo controlado...
A curta viagem de casa para o aeroporto foi quase em silêncio, pois deu aquela pancada do “não sei quando volto a estar aqui” e a do “deixa-me olhar para tudo com atenção, pois pode ser a última vez que veja isto assim”... À porta do aeroporto fui buscar um carrinho, e este já andava muito bem e direitinho! Depois de ter as malas, foi o tempo das despedidas...
A Cris e o marido foram incansáveis e impecáveis comigo! Foram-me buscar aos autocarros, tinham um jantarinho à maneira e ainda se levantaram antes das galinhas para me levarem ao aeroporto! E o Diogo também foi muito simpático, até comentou futebol! ;) As melhoras, Diogo! Muito obrigada, de coração!

1 comment:

  1. Ah, minha filhita... Ri e chorei com este teu relato! E não é que até sabes escrever...??!! Escreves com humor e sentimento, o que provoca, de certeza, o interesse crescente do leitor! E não, não é só discurso de mãe babada, não!!! É verdade, mesmo! Estou desejando ver os próximos capítulos dessa aventura!
    Love you aos montes! <3

    Mum

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