Wednesday, July 02, 2014

Dia 2: 25 Junho 2014 - Na machamba

Hoje foi feriado em Maputo, Dia de Portugal. Sinto-me cansadinha e com falta de dormir horas esquecidas no silêncio e escuro absolutos... Ao mesmo tempo, depois de acordar deixo de ter sono. A não ser depois de almoço... dá uma moleza...

Fomos passar o dia à Matola, à machamba (tradução: horta/ quinta) de um casal amigo. Passámos primeiro no café laranja. Estacionámos em frente ao café mas no separador das vias, pelo que, teríamos de atravessar a rua. Olhei para a direita e ia avançar, mas o JG pos o braço à frente e não me deixou:
- Tens de olhar para o outro lado! Na dúvida, olhas sempre para os dois!
Fui mesmo apanhada a fazer burrada... Mesmo sabendo a teoria é na prática que te mentalizas.
Na viagem para lá consegui ver lá ao fundo a catedral que visitarei mais para a frente. O resto da viagem... vejam por vocês...





Entrámos para a auto-estrada que, como podem ver, tem semáforos!


Depois temos as publicidades típicas e as barracas idênticas às que descrevi a caminho do aeroporto, embora tremida.





E virámos para a Matola. O caminho até lá não tem estrada, é feito de buracões com algumas estradas ou terras batidas... Não bati com a cabeça no teto do Júnior porque me segurei... havia com cada cratera... é que nem na lua! Da próxima vez levo um soutien mais potente...
Vê-se muita casa com construção a meio, outras parecem abandonadas... mas existe uma vida e uma agitação na rua nunca vista! Há uma energia contagiante que te chama a atenção desde os primeiros dias! Não há dias maus nem bons, há dias de sol e noites de lua!

Quando chegámos o dono da casa estava à nossa espera, foi sempre muito atencioso e de uma simpatia inesgotável a mostrar-nos tudo! Inclusive pedi-lhe para tirar uma fotografia para a minha mamã... com todo o amor e carinho...


Achei que era muito apropriado. Essas são as poedeiras. Tadinhas... Faz-me confusão mas quem sou eu para mudar estas coisas?!
Não vou falar da casa das pessoas, posso apenas dizer que aqui a terra é mesmo vermelha! E o cheiro, a paz, o sossego me conquistou! Mas viver ali é impensável pois para virem para a cidade têm de se levantar às 4h para que possam estar cá às 9h!!! Time is precious!
Falámos de muita coisa, foi animado. Além disso falou-se em dicas muito importantes:
- Uma das coisas que já sabia é que aqui qualquer tipo de palavrão é muito mal visto e sentido como uma ofensa gigante. Nem que seja “merda” ou “parvo”. Não convém dizer coisas destas nem a brincar porque levam mesmo muito a mal. Tenho de andar com fita-cola na boca e conduzir acho que nem pensar!
- Passear à noite nunca sozinha, só porque não convém por a jeito... De dia não faz mal mas à noite sozinha não.
- Deves ter sempre trocado. Porque se dás a mais eles dizem que não têm troco para se fazerem ao piso.
- Atenção aos muçulmanos, tratam toda a gente abaixo de rato! Muitas delas andam de burca e sim, já vi. E muitos deles (não todos) olham para as mulheres não muçulmanas como se não fosses digna de respirar o mesmo que eles.
- Tinha reparado que o nosso frigorífico em casa tem uma fechadura. É porque os muçulmanos que têm criados em casa não permitem que toquem na comida deles.




Foi um prazer conhecer estes dois casais. Foi um dia excelente! Muito bem passado, adorei!

Quando voltámos eu e o JG fomos dar uma voltinha a pé.
Percorremos novamente 4 das avenidas principais o que, assim descrito parece pouco... Amanhã já vão estar todos a trabalhar e eu vou estar sozinha. Vou ter de ir fazer as chaves e comprar um cartão de telemóvel, bem como fazer o carregamento. Por isso, o JG quer acompanhar-me para me mostrar os caminhos-chave. Já tenho o mapa, só tenho de visualizar.
Ao chegar a casa os sogrinhos estavam de saída para jantar fora. Foi o tempo de tomar um banho, jantar e cama.

Beijos e abraços: família, amigos, Mamã, Gyzmo, Simão e Tarik.

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