Hoje levantámos cedo para ir à Casa do Gaiato!
Quando saímos de casa os meus sentidos multiplicam-se, especialmente estes olhos curiosos!
Fui tirando algumas fotografias a caminho já que não passo por aqui todos os dias.
Desta ponte vi pessoas a lavar a roupa lá no rio.
Quando estávamos a chegar, ainda lá longe, o JG disse que estávamos a chegar e eu olhei à volta... não havia absolutamente nada! Olhei melhor e havia algo lá bem ao fundo que parecia ser o tecto da igreja. Só pode ser aquilo! E era! Mas ainda demorámos uns bons 20 minutos a lá chegar.
O caminho depois da estrada é só em terra batida até uma barreira com segurança. O senhor veio cumprimentar-nos e perguntar quem éramos. Só depois de ligar para a Irmã e confirmar que nos esperavam é que nos deixou entrar. Acho muito bem.
Assim que passámos a barreira havia uma "piscininha"para lavar as rodas dos carros de forma a não levantar muito pó. Tipo aquelas nas piscinas para lavarmos os pés antes de entrarmos na piscina grande. Mas que grande ideia!
Até chegarmos lá acima passámos por campos de cultura, pela fazenda, pela criação de animais, pelas oficinas... eles aqui aprendem um pouco de tudo o que é óptimo. Acabam por sair daqui mais bem preparados que muito boa gente.
Quando chegámos estava já a decorrer o baptizado de 16 meninos, então fomos logo para a igreja. Nunca vi uma igreja tão linda! Tão simples, mas tão completa! Por ser assim tão ampla dá aquela sensação de que acolhe todas e quaisquer pessoas... que é precisamente o que defendem lá: todas as pessoas são muito bem vindas! Não houve momento em que não me sentisse lá bem. Mesmo na igreja, já que, embora seja baptizada, não sou praticante e defendo que a religião é algo sagrado sim, mas para cada um. É algo íntimo, pessoal e intransmissível! Não gosto de coisas impostas e a religião, a fé, a crença são sentimentos, opções de vida ou formas de estar que só cada um saberá orientar em si. É o meu ponto de vista. Claro que respeito todas as outras formas de ver e sentir as coisas.
A celebração foi fenomenal. Trouxe o livrinho com as músicas todas, algumas em changana que cantarolei com eles. Embora tenha a parte mais séria, com a transmissão de valores e a parte mentora do conceito de baptismo, também dançaram, cantaram, vibraram... aquilo sim, é uma celebração! Adorei cada momento!
Logo quando chegámos o F veio ter connosco. O F é um gaiato, um dos mais velhos, que já não vive lá, mas que continua a ir aos fins-de-semana por sentir-se em casa. Ali tem a família dele, os irmãos, e foi o primeiro amigo do JG quando chegou a Moçambique. O F tem a nossa idade, minha e do JG, e é um rapaz impecável. Faz tudo o que pode para ajudar nas actividades, está sempre atento e foi o nosso anfitrião durante a celebração e toda a tarde, bem como a Irmã Quitéria. Quando estavam já a sair da igreja a Irmã Quitéria veio cumprimentar-nos. Já conhecia o JG e conheceu-me a mim. Foi um amor de pessoa, nem eu esperava outra coisa.
Depois do baptismo fomos convidados a almoçar com eles, bem como todas as pessoas que ali estavam! Lá está: todos são bem-vindos! E sentaram-nos na mesa com o Padre José Maria, a Irmã Quitéria e alguns dos professores dos meninos, com as suas esposas.
Nesta altura já tínhamos perguntado várias vezes por onde andaria o afilhado que a sogrinha apoia, o MP. Ele tem 4 aninhos. Tinha saído a meio do baptizado por estar com soninho. Mas já viria almoçar. Estávamos já sentados quando ele entrou no refeitório. É um miúdo lindo, como todos eles, mas é um pouco mais calmo que a maioria. Tem uma carinha mimosa, é muito tímido no início. Veio cumprimentar-nos e foi almoçar.
No final do almoço começámos a ver alguns miúdos mais novos a virem à mesa e encostarem-se às pessoas que estavam sentadas. Depois percebi... vinham despedir-se porque iam dormir a sesta e, ao encostarem-se, estavam a pedir um beijo de despedida, de permissão, de bênção... Começavam na Irmã, encostavam-se e esperavam um beijinho. Depois passavam à pessoa da cadeira do lado e faziam o mesmo. Até que veio o MP e ficou connosco um pouco mais de tempo. Todos os miúdos adoram o JG e ele adora crianças! É lindo de os ver...
Foram os gaiatos que fizeram o almoço, que serviram as mesas, que limparam e arrumaram tudo, deixando tudo pronto para o jantar. Ainda ficámos à conversa por bastante tempo até toda a gente se levantar. Quando saímos do refeitório já o MP tinha dormido a sesta e vinha ter connosco de novo. Um irmão dele, dos mais velhos, veio acompanhar-nos e mostrar o recinto, mas antes passámos pelo carro pois tínhamos trazido dois pares de sapatinhos para ele. Foi o irmão quem o sentou no carro e experimentou os sapatos. O MP estava radiante, embora fosse um sorriso contido, conseguia ler-se nos seus olhos que estava a adorar os sapatinhos novos!
Mostraram-nos todo o recinto, desde o refeitório onde almoçámos, a casa-mãe, onde vivem os mais novinhos, as casas 1, 2, 3, 4 e 5, consoante as idades, a escola, a igreja, a zona médica, onde têm consultas e ficam internados quando necessário. Têm tudo!
Os gaiatos são muito independentes, aprendem desde cedo a serem autónomos e a ajudarem-se mutuamente. Os mais velhos tratam dos mais novinhos, cuidam, protegem, amam... É mesmo muito bonito de se ver. Existe muito sentimento de entreajuda e protecção dos mais velhos pelos mais novos, um carinho entre todos. Sentem-se como irmãos e assim é pela vida fora já que, mesmo os mais velhos que já não vivem lá, voltam quase todos os fins-de-semana para ajudar no que podem e poder estar com os irmãos.
Fui tirando algumas fotografias a caminho já que não passo por aqui todos os dias.
Desta ponte vi pessoas a lavar a roupa lá no rio.
Quando estávamos a chegar, ainda lá longe, o JG disse que estávamos a chegar e eu olhei à volta... não havia absolutamente nada! Olhei melhor e havia algo lá bem ao fundo que parecia ser o tecto da igreja. Só pode ser aquilo! E era! Mas ainda demorámos uns bons 20 minutos a lá chegar.
O caminho depois da estrada é só em terra batida até uma barreira com segurança. O senhor veio cumprimentar-nos e perguntar quem éramos. Só depois de ligar para a Irmã e confirmar que nos esperavam é que nos deixou entrar. Acho muito bem.
Assim que passámos a barreira havia uma "piscininha"para lavar as rodas dos carros de forma a não levantar muito pó. Tipo aquelas nas piscinas para lavarmos os pés antes de entrarmos na piscina grande. Mas que grande ideia!
Quando chegámos estava já a decorrer o baptizado de 16 meninos, então fomos logo para a igreja. Nunca vi uma igreja tão linda! Tão simples, mas tão completa! Por ser assim tão ampla dá aquela sensação de que acolhe todas e quaisquer pessoas... que é precisamente o que defendem lá: todas as pessoas são muito bem vindas! Não houve momento em que não me sentisse lá bem. Mesmo na igreja, já que, embora seja baptizada, não sou praticante e defendo que a religião é algo sagrado sim, mas para cada um. É algo íntimo, pessoal e intransmissível! Não gosto de coisas impostas e a religião, a fé, a crença são sentimentos, opções de vida ou formas de estar que só cada um saberá orientar em si. É o meu ponto de vista. Claro que respeito todas as outras formas de ver e sentir as coisas.
(fotografia retiradada internet, não foi do dia que falo)
A celebração foi fenomenal. Trouxe o livrinho com as músicas todas, algumas em changana que cantarolei com eles. Embora tenha a parte mais séria, com a transmissão de valores e a parte mentora do conceito de baptismo, também dançaram, cantaram, vibraram... aquilo sim, é uma celebração! Adorei cada momento!
Logo quando chegámos o F veio ter connosco. O F é um gaiato, um dos mais velhos, que já não vive lá, mas que continua a ir aos fins-de-semana por sentir-se em casa. Ali tem a família dele, os irmãos, e foi o primeiro amigo do JG quando chegou a Moçambique. O F tem a nossa idade, minha e do JG, e é um rapaz impecável. Faz tudo o que pode para ajudar nas actividades, está sempre atento e foi o nosso anfitrião durante a celebração e toda a tarde, bem como a Irmã Quitéria. Quando estavam já a sair da igreja a Irmã Quitéria veio cumprimentar-nos. Já conhecia o JG e conheceu-me a mim. Foi um amor de pessoa, nem eu esperava outra coisa.
Depois do baptismo fomos convidados a almoçar com eles, bem como todas as pessoas que ali estavam! Lá está: todos são bem-vindos! E sentaram-nos na mesa com o Padre José Maria, a Irmã Quitéria e alguns dos professores dos meninos, com as suas esposas.
Nesta altura já tínhamos perguntado várias vezes por onde andaria o afilhado que a sogrinha apoia, o MP. Ele tem 4 aninhos. Tinha saído a meio do baptizado por estar com soninho. Mas já viria almoçar. Estávamos já sentados quando ele entrou no refeitório. É um miúdo lindo, como todos eles, mas é um pouco mais calmo que a maioria. Tem uma carinha mimosa, é muito tímido no início. Veio cumprimentar-nos e foi almoçar.
No final do almoço começámos a ver alguns miúdos mais novos a virem à mesa e encostarem-se às pessoas que estavam sentadas. Depois percebi... vinham despedir-se porque iam dormir a sesta e, ao encostarem-se, estavam a pedir um beijo de despedida, de permissão, de bênção... Começavam na Irmã, encostavam-se e esperavam um beijinho. Depois passavam à pessoa da cadeira do lado e faziam o mesmo. Até que veio o MP e ficou connosco um pouco mais de tempo. Todos os miúdos adoram o JG e ele adora crianças! É lindo de os ver...
Foram os gaiatos que fizeram o almoço, que serviram as mesas, que limparam e arrumaram tudo, deixando tudo pronto para o jantar. Ainda ficámos à conversa por bastante tempo até toda a gente se levantar. Quando saímos do refeitório já o MP tinha dormido a sesta e vinha ter connosco de novo. Um irmão dele, dos mais velhos, veio acompanhar-nos e mostrar o recinto, mas antes passámos pelo carro pois tínhamos trazido dois pares de sapatinhos para ele. Foi o irmão quem o sentou no carro e experimentou os sapatos. O MP estava radiante, embora fosse um sorriso contido, conseguia ler-se nos seus olhos que estava a adorar os sapatinhos novos!
Mostraram-nos todo o recinto, desde o refeitório onde almoçámos, a casa-mãe, onde vivem os mais novinhos, as casas 1, 2, 3, 4 e 5, consoante as idades, a escola, a igreja, a zona médica, onde têm consultas e ficam internados quando necessário. Têm tudo!
Os gaiatos são muito independentes, aprendem desde cedo a serem autónomos e a ajudarem-se mutuamente. Os mais velhos tratam dos mais novinhos, cuidam, protegem, amam... É mesmo muito bonito de se ver. Existe muito sentimento de entreajuda e protecção dos mais velhos pelos mais novos, um carinho entre todos. Sentem-se como irmãos e assim é pela vida fora já que, mesmo os mais velhos que já não vivem lá, voltam quase todos os fins-de-semana para ajudar no que podem e poder estar com os irmãos.
Adorei ter ido, adorei ter conhecido aqueles meninos e rapazes, a Irmã, o Sr. Padre, Adorei o recinto, adorei a igreja, adorei todo o conceito! Vou voltar! É uma promessa que faço!
Na volta demos boleia a três gaiatos que iam para Maputo, pois são mais velhos e não vivem já com os irmãos. Viemos o tempo todo de conversa. Já era de noite quando chegámos e vínhamos cansados, mas preenchidos por dentro.
Na volta demos boleia a três gaiatos que iam para Maputo, pois são mais velhos e não vivem já com os irmãos. Viemos o tempo todo de conversa. Já era de noite quando chegámos e vínhamos cansados, mas preenchidos por dentro.
À noite deu um concerto do Michael Jackson... que saudades! It makes me feel good! Adoro todas as suas músicas e mal consigo acreditar que já faz 5 anos que morreu... É dos poucos que admiro por ser tão profissional. Sabia dançar, sabia cantar, sabia compor... e juntava isso tudo na perfeição! Se havia coisas menos boas que fazia... não sei e tenho sérias dúvidas até que ponto o que se dizia e se acusava era verdade... Acho que a realidade nunca se saberá mas acredito que ele tinha realmente bom coração. Demonstrava-o nas letras, nas melodias, no entusiasmo, no parque de diversões que criou... acredito que ele quisesse dar a outras crianças o que ele nunca teve... e sim, acredito que há pessoas com bom coração!
Acredito também que nada acontece por acaso. Acredito que ter ido hoje à Casa do Gaiato e ver o concerto do Michael Jackson ao final do dia seja precisamente para compreender melhor o sentimento de "quero que tenhas o que eu não pude ter"! Porque é que o ser humano tem tendência para desconfiar das boas intenções e ter dificuldade em aceitar que existem boas pessoas?! Eu acredito! Chamem-me ingénua... nasci para aprender e melhorar a minha forma de estar a cada dia que passa. Se não acreditar nas coisas boas que a vida nos proporciona, como posso evoluir?!
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