Hoje faz um mês que cheguei... E ontem tinha a minha viagem de volta... já era!
Levantámos mais cedo que os sogrinhos e eu fui a primeira a despachar. Assim que saí do quarto fui buscar as chaves pois a Sal já podia ter chegado e eu não ter ouvido. As portas não têm aquele óculo para espreitar para fora. E, provavelmente, se tivessem seria um buraco... Abri a porta mas ela não estava. Fui tomar banho e vesti-me rapidamente e voltei à porta... nada de Sal... que raios?! Entretanto o JG também se levantou e já estávamos no pequeno-almoço (mata-bixo) quando ela encostou a mão na porta porque se aquilo foi bater, vou ali e já venho! Mas como eu já estava com a pulga atrás da orelha, à espera que ela chegasse, dei logo por isso.
- Bom dia Sal, já estava a ficar preocupada!
- Disculpa... Bom dia!
Ela sempre foi muito querida comigo e perguntou-me se eu estava melhor, tem perguntado sempre. Disse-lhe que sim embora ela me ouvisse a tossir bué. Mas sim, estou melhor. A tomar os medicamentos da alergia então... acho que o pó é pior. E temos ainda a cama antiga no quarto que a senhoria disse que vinha buscar hoje. Espero que venha...
Fomos trabalhar como é habitual, nada de novo. Viémos só os dois, eu e JG, almoçar a casa. Quando chegámos cheirava a almocinho feito: as boerewors e esparguete!
Não sou grande adepta de salsichas mas posso dizer que estas são boas! Acho que quem aprecia, como é o caso do JG, estas são muito boas. E olha que eu dizer que são boas é um grande elogio! Eu que, segundo o JG, não gosto de nada. Prefiro sempre outra coisa em vez dos enchidos, mas como tinha esparguete a acompanhar... eu perco-me... este esparguete que a Sal faz é delicioso. Não é nada de mais, mas fica muita bom! E como dizia o sábio do meu pai... "com a fome que tenho até merda comia!"
A mesa ainda não estava pronta quando chegámos mas a Sal começou logo a tratar disso e em cinco minutos estávamos a comer! A meio a Sal veio ter à sala e ficou a fitar-nos. Queria dizer-nos algo mas não dizia nada, simplesmente fica ali... Então temos de perguntar:
- Sim?!
- Á sinhóra num vêm? - refere-se à sogrinha.
- Não, hoje não vem almoçar a casa. Precisas de alguma coisa?
- É qui tênho á chávi pá intrégár á éla...
Resumindo, a Sal despediu-se enquanto estávamos a almoçar. Fiquei meia parva, não esperava. Só porque sim, não explica bem e quanto mais perguntas fazemos mais se cala. Parece que tem medo de falar ou vergonha, nem sei bem. O que é certo é que se foi embora. E agora ficamos sem empregada o que vai fazer muita diferença. Vamos ter de arranjar outra pessoa!
A maioria das pessoas são boa gente e, quando gostam de ti querem ensinar-te a falar changana. Não me importo nada mas é maningue complicado! O próprio português é interpretado de maneira diferente. Aqui perguntas, por exemplo, “já fizeste isto?” e eles respondem “ainda patrão, ainda”. Ou seja, ainda não fizeram ou já fizeram... Pois! Acho que, na maioria das vezes significa que não, mas não é de fiar... Uma das palavras mais importantes é mesmo kanimambo, que significa "obrigado".
Vou dar uma espreitadela ao dicionário...
PS: Sim, a senhoria mandou o marido vir buscar a cama que estava encostada a fazer ninho de pó! Acho que vou dormir melhor...
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